Desinformação, um risco maior do que conflitos armados, aponta Fórum Econômico Mundial

Por Luciana Gurgel

Luciana Gurgel

A desinformação deixou definitivamente de de ser uma preocupação de jornalistas e comunicadores e agora faz parte da agenda de todos os setores da sociedade, incluindo o mundo do dinheiro.

Mais uma evidência disso é o Relatório de Riscos Globais do Fórum Econômico Mundial, divulgado na semana passada em Davos.

O documento descreve um cenário mundial cada vez mais fragmentado, com desafios geopolíticos, ambientais, sociais e tecnológicos que ameaçam a estabilidade e o progresso.

Notícias falsas e desinformação se destacam em primeiro lugar entre mais de 30 ameaças de curto prazo (dois anos), superando questões dramáticas como a crise climática e os conflitos armados.

Em quarto lugar aparece a polarização da sociedade, um problema relacionado à desinformação e às fake news, muitas vezes disseminadas propositalmente com o intuito de angariar apoio político ou mobilizar para crimes e terrorismo.

O relatório divulgado em Davos é resultado da Pesquisa de Percepção de Riscos Globais, que captura insights de mais de 900 especialistas em todo o mundo.

A inteligência artificial faz parte das preocupações. Os resultados adversos das tecnologias de IA são um dos itens que mais subiram no ranking de risco de dez anos em comparação com o ranking de risco de dois anos.

O documento do Fórum Econômico Mundial refere-se ao papel da IA generativa na produção de conteúdo falso ou enganoso em larga escala e como isso se relaciona com a polarização social.

RSF quer que anunciantes “assumam suas responsabilidades”

Aproveitando o relatório, a Repórteres Sem Fronteiras (RSF) divulgou um comunicado convocando os anunciantes a assumirem a responsabilidade pelas ameaças que as principais plataformas online “− especialmente aquelas que incorporam os valores de Elon Musk e Mark Zuckerberg −“ representam para o acesso a informações confiáveis e jornalismo de qualidade.

A organização afirma que “as plataformas online não são nada sem os orçamentos dos anunciantes − foi o dinheiro deles que permitiu que se tornassem tão poderosas”.

Para a RSF,  os riscos tanto para o direito à informação quanto para a reputação das empresas estão crescendo. Daí o apelo aos anunciantes para que “assumam a responsabilidade e pressionem essas plataformas para proteger o acesso do público à informação e a conteúdo jornalístico”.

Outro ponto abordado é o dos influenciadores que não produzem informações confiáveis de interesse público, que na visão da entidade de liberdade de imprensa devem ser diferenciados dos jornalistas − uma tarefa cada vez mais difícil.

A fim de combater a desinformação, a RSF sugere que o conteúdo deve ser claramente categorizado de acordo com a origem e os influenciadores devem aderir a um código de conduta, garantindo transparência e responsabilização pelo que veiculam.

Não é impossível, se as plataformas quiserem. Mas, pela direção dos ventos na nova era Trump, não parece nada provável.


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