Esposa de homem suspeito de envenenar família com arroz no Piauí confessa que matou vizinha para livrá-lo da cadeia

Maria dos Aflitos Silva, matriarca da família envenenada com arroz de baião de dois com pesticida no Piauí, confessou ter matado a vizinha Maria Jocilene da Silva com café envenenado, para tentar livrar seu marido, Francisco de Assis Pereira da Costa, da cadeia. Ele está preso desde 8 de janeiro, acusado de envenenar dois filhos e cinco netos de Maria.

O depoimento de Maria dos Aflitos foi exibido na noite deste domingo (2) pelo Fantástico. “Achava que ele ia ser solto. Então, eu fiz isso. Mas eu me arrependo. Me arrependo amargamente”, diz Maria dos Aflitos em um trecho.

Ao ser perguntada se foi ela que entregou o café envenenado à vizinha, Maria dos Aflitos respondeu: “Foi. Ela mesmo bebeu sem ver”.

Maria dos Aflitos também é suspeita de ser cúmplice do marido nas mortes da família. Com Francisco já preso, a intenção de Maria era que a morte de Jocilene, por envenenamento, fosse simulada como um suicídio, para que ela adquirisse a culpa de todos os outros crimes e Francisco fosse liberado, explica o delegado Abimal Silva.

Em outro trecho, admitindo que os filhos e netos atrapalhavam, ela diz: “Se fosse só nós dois tava bom. Eu tava cega de amor por ele que nem via o que ele fazia pros meus meninos”.

A polícia diz que ela e Maria Jocilene tiveram um envolvimento amoroso antigo, e que a vizinha serviu de acompanhante dos filhos e netos de Maria dos Aflitos no hospital.

No dia em que foi comprovada a morte da vizinha, Maria dos Aflitos fazia questão de dizer que não era envenenamento, era problema do coração, mesmo sem perguntada, disse o delegado do caso ao Fantástico.

O caso

Cinco pessoas da mesma família morreram após comer arroz com veneno no dia 1º de janeiro. As vítimas fatais são Manoel Leandro da Silva, 18, sua irmã Francisca Maria da Silva, 32, e os filhos dela Maria Gabriela da Silva, 4, Davi Pereira Silva, 1, e Maria Lauane Fontenele, 3.

Outras quatro pessoas foram internadas, mas receberam alta. São elas uma criança de 11 anos (filha de Francisco), uma adolescente de 17 anos (irmã de Manoel e Francisca), além de Maria Jocilene e Francisco.

Francisco de Assis Pereira da Costa foi preso como suspeito. Ele foi acusado de envenenar a família com arroz contaminado por terbufós, um inseticida de alta toxicidade.

A casa onde o crime ocorreu abrigava 11 pessoas. Francisco vivia com sua esposa, Maria dos Aflitos, os seis filhos dela e três netos.

Desprezo e ódio pelos enteados são apontados como a principal motivação. Durante os depoimentos, Francisco teria descrito Francisca com termos depreciativos como “boba”, “matuta” e “inútil”. Ele também chamou os filhos de sua esposa de “primatas” e demonstrou incômodo constante com a presença deles.

Ele teria manifestado a raiva pela enteada no leito de morte. Segundo o delegado, Francisco não escondia o desprezo por Francisca, mesmo quando ela já estava gravemente debilitada no hospital. Esse comportamento reforça a hipótese de um crime premeditado e motivado por sentimentos de raiva.

Uma análise pericial cinco meses após o crime apontou que os meninos da mesma família mortos em agosto passado foram envenenados com a mesma substância utilizada no arroz. O laudo colocam uma nova suspeita sob Francisco de Assis da Costa, padrasto da mãe das crianças.

O laudo divulgado mostra que Lucélia Gonçalves, vizinha da família presa desde o ano passado acusada de envenenar e matar os dois meninos de 7 e 8 anos pode ter sido detida injustamente. Inicialmente, a investigação apontava que as mortes das crianças teriam ocorrido por conta do envenenamento de cajus em um pé no quintal da mulher. A hipótese da presença de veneno nos cajus que as crianças comeram foi descartada.

Lucélia deixou a Penitenciária Feminina de Teresina no dia 13 de janeiro. Apesar da liberdade, ela não poderá voltar para a sua casa porque o local foi incendiado por vizinhos na época da repercussão do crime. Em entrevista coletiva na saída da prisão, o advogado da mulher, Sammai Cavalcante, frisou que ela sempre se declarou inocente e que agora será acolhida na casa de familiares.

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