Avião recém-comprado e perda de contato: o que se sabe sobre o acidente aéreo em SP

Avião de pequeno porte cai e atinge ônibus na Zona Oeste de SP. Foto: Reprodução

Um avião de pequeno porte caiu na manhã da última sexta-feira (7) na Avenida Marquês de São Vicente, na Zona Oeste de São Paulo, matando os dois ocupantes e ferindo quatro passageiros de um ônibus atingido pela aeronave.

O acidente aconteceu por volta das 7h20, poucos minutos após a decolagem no Aeroporto Campo de Marte. O impacto foi seguido por uma explosão, deixando o motorista do ônibus em estado de choque. Outras três pessoas em solo foram socorridas, mas nenhuma com ferimentos graves.

Os mortos foram identificados como Márcio Louzada Carpena, advogado e proprietário do avião, e o piloto Gustavo Medeiros, ambos do Rio Grande do Sul.

De acordo com o capitão Ronaldo de Melo, do Corpo de Bombeiros, os corpos de Carpena e Medeiros foram encontrados carbonizados dentro da aeronave. O oficial descreveu o incêndio causado pelo impacto como “muito agressivo”.

O avião atingiu uma árvore e um poste de sinalização antes de tocar o solo, causando um princípio de incêndio na fiação elétrica. A tragédia poderia ter sido ainda maior caso o semáforo não estivesse fechado no cruzamento com a Avenida Nicolas Boer, onde vários veículos aguardavam.

Causa do acidente

As causas do acidente estão sendo investigadas pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) da Força Aérea Brasileira.

Na sexta-feira, agentes do 4º Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa IV) estiveram no local para acompanhar a remoção dos destroços pela prefeitura. A Polícia Civil também abriu um inquérito para apurar eventuais responsabilidades.

O Aeroporto Campo de Marte informou que o piloto perdeu contato com a torre de controle às 7h16, dois minutos antes do impacto. O aeroporto não confirmou se Medeiros relatou problemas mecânicos.

O dono do avião

Márcio Carpena, de 49 anos, havia comprado o Beechcraft King Air F90, um bimotor fabricado em 1981, há menos de dois meses. O modelo é considerado seguro e fácil de operar.

Residente de Porto Alegre, Carpena era advogado especializado em recuperação judicial, professor da PUC-RS desde 2002 e da Escola Superior da Magistratura (Ajuris). Ele deixa a esposa, Francieli Pedrotti Rozales, e três filhos.

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Márcio Louzada Carpena, advogado, empresário e proprietário da aeronave King Air F90 que caiu na manhã desta sexta-feira (7) na Barra Funda, SP. Foto: Reprodução

O especialista em aviação Fábio Borille, amigo do advogado, revelou que Carpena adquiriu o King Air depois de perder outro avião no Aeroporto Salgado Filho, que ficou alagado por semanas devido às chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul em março de 2024.

“Cheguei a sugerir que ele optasse por uma aeronave maior, mas ele comentou que esse avião seria ideal, pois poderia trafegar em pistas não pavimentadas”, relatou Borille. Ele também conhecia o piloto Medeiros e o encontrou em uma oficina mecânica no dia 18 de janeiro, quando fazia reparos na aeronave.

No dia 9 de janeiro, Carpena publicou imagens dentro do avião, e na manhã da queda, registrou um vídeo do momento da decolagem com destino a Porto Alegre.

Dono de avião que caiu em SP postou vídeo antes de decolagem

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— Diário do Centro do Mundo (@dcmonline.bsky.social) February 7, 2025 at 9:32 AM

O piloto

Gustavo Medeiros era um piloto experiente, com mais de 5.700 horas de voo, segundo seu perfil no LinkedIn. Ele já havia atuado como copiloto de aeronaves Embraer 190 e comandante de aviões ATR, modelos utilizados em voos comerciais e regionais.

Formado em Administração e Ciências Aeronáuticas pela PUC-RS, Medeiros possuía certificações para operar diferentes modelos de turboélices executivos.

Marcio Carpena (à esquerda) e o piloto Gustavo Medeiros, que comandava o avião que caiu na Barra Funda nesta sexta-feira (7). Foto: Reprodução

Um áudio gravado por um piloto que aguardava para decolar no Campo de Marte sugere que a aeronave solicitou permissão para retornar ao aeroporto logo após a decolagem. Um minuto depois, às 7h18, o avião caiu.

“O cara decolou na minha frente. Estou aguardando aqui uns 15 ou 20 minutos. A torre mandou aguardar. Ele não declarou emergência, apenas disse: ‘torre, solicito retorno imediato [prefixo do avião]’. Depois disso, não falou mais nada. A torre tentou chamá-lo, mas sem resposta. Eu estava no ponto de espera e logo vi a fumaça. Complicado, triste”, relatou o piloto.

Passageiros do ônibus

A Avenida Marquês de São Vicente ficou interditada por cerca de oito horas para a remoção dos destroços, sendo liberada por volta das 15h. Pelo menos dez linhas de ônibus tiveram seus trajetos alterados.

Rafael Mendes da Silva, passageiro do ônibus atingido, relatou que os ocupantes do veículo precisaram escapar pelas janelas.

“Estávamos no ônibus normalmente, e de repente ouvimos um baque. O motorista tentou frear e nada. Começou a pegar fogo. Olhamos para trás e vimos o avião batendo nos vidros e estourando tudo”, contou Rafael em um vídeo gravado por uma testemunha.

Ele afirmou que o motorista entrou em desespero e que os passageiros quebraram os vidros para sair. “Uma mulher desmaiou lá dentro. Tivemos que arrancar a porta do ônibus para ajudá-la. Pulamos, deitamos no chão e o ônibus começou a explodir do nada”, acrescentou.

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