Livro discute direito à morte digna a partir da história de uma brasileira que fez eutanásia

Um livro a ser lançado em março no Brasil traz o relato de uma brasileira que viajou à Suíça para exercer o direito de morrer com dignidade. “O dia em que Eva decidiu morrer”, do jornalista e escritor Adriano Silva, revela detalhes dessa trajetória e amplia o debate sobre a morte voluntária assistida (MVA), um tema ainda incipiente no país.

Adriano Silva conduz a narrativa com sensibilidade e profundidade, trazendo à tona uma questão essencial: se uma pessoa tem o direito de tomar todas as decisões sobre sua vida, por que não poderia decidir sobre sua própria morte?

A obra narra a história de Eva, uma filósofa brasileira que, após um AVC devastador, viu sua qualidade de vida se deteriorar drasticamente. Em busca de dignidade e alívio para seu sofrimento, ela optou pela morte voluntária assistida, enfrentando desafios burocráticos, médicos e emocionais até a realização do procedimento.

Além do relato de Eva, o livro traz histórias de outras pessoas ao redor do mundo que, por diferentes razões, decidiram interromper suas vidas quando sua existência se tornou insuportável. Em diversos países, essas experiências contribuíram para mudanças legislativas e impulsionaram discussões sobre autodeterminação e direitos de fim de vida.

O autor também explora critérios médicos, limites legais e dilemas éticos relacionados à MVA, contextualizando o tema no cenário brasileiro e internacional. Atualmente, catorze países reconhecem a prática, incluindo Espanha, Holanda, Bélgica, Luxemburgo, Canadá, Nova Zelândia e onze estados dos EUA. No Brasil, o debate ainda engatinha, e grande parte da população desconhece os conceitos envolvidos.

A temática ganhou destaque recentemente também no universo das artes. No filme “O quarto ao lado”, de Pedro Almodóvar, a personagem de Tilda Swinton decide interromper um tratamento ineficaz contra um câncer avançado e, de forma autônoma, recorre a medicamentos para dar fim à sua vida. Sua trajetória se assemelha à de Ida, uma das personagens reais abordadas na obra de Adriano Silva.

O autor criou a plataforma digital boamorte.org, com o objetivo de ampliar e aprofundar o debate sobre autodeterminação e direitos de fim de vida no Brasil. Com essa iniciativa e seu livro, ele convida o leitor a refletir sobre a morte sem dor e sofrimento como um direito humano – ou, talvez, como o último direito civil a ser conquistado.

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