MetaApply adquire IE Intercâmbio de olho em alta taxa de aprovação de vistos latinos

A aquisição da brasileira IE Intercâmbio pela árabe MetaApply deve render um investimento de no mínimo R$ 20 milhões nos próximos três anos. Mesmo diante de um cenário geopolítico desafiador para a imigração, a aposta é na resiliência da demanda brasileira por destinos falantes de língua inglesa e a facilidade para conseguir vistos na região.

Com a aquisição, a MetaApply passa a ser controladora da IE Intercâmbio, com 53% de participação. A empresa brasileira, no entanto, segue usando a mesma marca no País. Ambas passaram a usar, desde a última terça-feira (11), os dois logos em suas páginas oficiais.

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Por trás da negociação está a intenção da MetaApply em expandir sua atuação no mercado latino. Hoje, a companhia com sede em Dubai é forte especialmente na Ásia, em países como China e Índia.

“É um mercado que, se comparado a países da Ásia, cresce com uma velocidade muito grande. Especificamente na América Latina, o interesse deles, além do crescimento, é que a taxa de aprovação de visto para os estudantes é muito alta”, conta o CFO e responsável por conduzir o processo de M&A pela IE Intercâmbio, Cesar Vieira.

Foram R$ 3,7 bilhões movimentados apenas por programas de intercâmbio educacionais em 2023, de acordo com a associação de empresas do setor Brazilian Educational & Language Travel Association (BELTA). Segundo Vieira, a taxa de aprovação de vistos no País é de cerca de 80%, número elevado na comparação global.

Com a chegada da MetaApply, a IE Intercâmbio expande já em 2025 suas operações para México e Colômbia. A intenção é saltar das atuais 48 lojas para 100 representações comerciais ainda neste ano, marcada pela inauguração de um centro de experiência em São Paulo — espaço para palestras, atendimento e produção de conteúdo — a exemplo do modelo da Meta Apply.

Por enquanto, os únicos investimentos confirmados são de R$ 20 milhões para tecnologia e experiência do aluno no ciclo dos próximos 3 anos.

Especializada em intercâmbios para cursos de idioma e higher education (pós-graduação e MBA), a IE Intercâmbio fechou 2024 com um faturamento de R$ 120 milhões. A empresa não espera que a a nova política imigratória dos Estados Unidos possa impactar os negócios, em um primeiro momento.

“O vimos até agora é que as mudanças por vir no governo americano estão mais ligadas a vistos imigratórios. Os vistos de estudantes: estudo de idioma, estudo e trabalho de estudante ou universitário, mantiveram a mesma taxa de aprovação”, diz Vieira. “Não sentimos diferença e acreditamos que não haverá.”

Países como Canadá e Austrália, dois dos principais destinos de intercambistas brasileiros, também tem discutido alterações nas políticas de trabalho para estudantes. Mas Vieira vê o comportamento do mercado brasileiro como um “camaleão”. Quando algum destino aumenta as restrições, rapidamente são encontradas alternativas em outros mercados.

Os países falantes de inglês são os principais destinos, com Canadá e Estados Unidos na liderança, seguidos por Reino Unido, Irlanda e Austrália. “Se o Canadá começa de alguma forma a restringir alguns tipos de visto, nós acabamos aumentando o volume para a Austrália ou para a Irlanda”, exemplifica Vieira.

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