R$ 200 mi investidos e a nova era do luxo: por que um hotel 5 estrelas no Inhotim?

O Instituto Inhotim, maior museu a céu aberto da América Latina, vem passando uma mudança de gestão, que visa, entre outros pontos, a sustentabilidade a longo prazo (tanto financeira quanto no que diz respeito à arte e natureza).

E é nesse cenário que nasce uma nova parceria entre o museu e o Clara Resorts, um grupo de hotéis independente, liderado por Taiza Krueder, que além de empresária é chef de cozinha. A presença de um hotel tão perto do museu tende a atrair mais turistas, que também podem ter interesse em se hospedar no Clara Arte, a terceira unidade do grupo. Dessa maneira, a parceria é vista como um “ganha-ganha” pelo instituto.

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Em 2024, o Instituto Inhotim alcançou recorde de visitação dos últimos sete anos, com mais de 335 mil pessoas visitantes no ano. De olho nisso, a executiva comprou terrenos ao lado do museu e construiu o hotel 5 estrelas com entrada exclusiva para o museu e que promete uma experiência luxuosa aos turistas.

Com um investimento de R$ 200 milhões, a obra foi finalizada em 2024 e o hotel foi inaugurado para convidados em dezembro. Agora, já está aberto ao público, que pode fazer as reservas diretamente no site oficial.

Por que Brumadinho?

Há uma relação simbiótica entre Brumadinho, em Minas Gerais, e o Instituto. A cidade é sede do museu e é marcada pela tragédia de 2019, quando houve o rompimento da barragem da Vale: o maior acidente de trabalho no Brasil.

O museu vem reforçando cada vez mais que a visão de longo prazo que está instituindo se estenderá também à cidade, seja na geração de empregos, na atração de turistas ou mesmo na reestruturação da região – que ainda sofre com resquícios da tragédia.

Em reflexo disso, Krueder também ressalta que a localização do hotel é estratégica: é a terceira unidade do grupo, que até então só estava em São Paulo (Clara Ibiúna e Clara Dourado), e espera hospedar os visitantes da cidade e de Inhotim com uma experiência diferenciada.

“Temos conversado também com o prefeito Gabriel Parreiras (PRD) sobre incentivos e ações que podemos desenvolver em conjunto. A conversa tem sido produtiva. Ele tem boas ideia e bastante vontade. A intenção é que cada vez mais Inhotim vai estar mais presente na cidade, seja com obras, paisagismo, entre outras características”, afirma a executiva.

Do ponto de vista de negócio, o hotel tem uma cláusula no contrato de parceria em que tem exclusividade em toda a área de Inhotim pelo menos até 2031, sendo a única opção disponível para turistas perto do museu. “Fizemos um investimento alto e perante isso garantimos que não teremos concorrentes nessa área do museu”, afirma Krueder.

(Divulgação/Clara Resorts)

Nova era do luxo?

O hotel Clara Arte oferece pensão completa com bebidas não alcoólicas inclusas, 46 bangalôs, como são chamados os quartos, duas piscinas climatizadas, sauna, spa, dois restaurantes, brinquedoteca, academia e espaço para eventos. Todas as acomodações têm cama de casal, sofá e a “copa baby”, que inclui máquinas de café, micro-ondas, filtro de água, frigobar, banheira e lareira.

O hóspede paga apenas pelas bebidas alcoólicas consumidas em seu tempo de estadia. Os preços variam, mas uma cerveja pode custar cerca de R$ 18 e o Aperol Spritz, por exemplo, pode custar R$ 99.

Para se hospedar no Clara Resort é preciso desembolsar entre R$ 2.300 e R$ 6.400 na baixa temporada. Os preços podem ficar mais salgados a depender do dia da semana e período do ano.

(Divulgação/Clara Resorts)

O conceito do hotel busca integrar arte e natureza, e exemplo disso são os quadros de Inhotim pelo hotel, além da piscina coberta que é assinada por José Patrício, artista visual de Pernambuco.

Diante do que já oferece, o hotel pode alcançar o status de um resort 6 estrelas em breve. “Ainda faltam algumas estruturas como quadras de vôlei, futebol, tênis que já oferecemos nos outros hotéis, por exemplo”, afirma Krueder em entrevista ao InfoMoney. Segundo ela, a expansão do hotel começa já nos próximos meses, com a construção de mais 31 quartos, incluindo as quadras.

Apesar disso, ela afasta a ideia das 6 estrelas e conta que a expectativa do que é luxo e o que o cliente espera vem mudando ao longo dos últimos anos. “Antigamente luxo era ter talher de prata. Hoje luxo é, de repente, ter um museu na sua porta ou alguém que cuide dos seus filhos para você e seu marido aproveitarem o lugar também. O conceito do luxo vem mudando com as novas gerações buscando muito mais experiências do que itens de luxo propriamente dito”, afirma.

Além disso, ela reforça que o luxo hoje também está relacionado com o compromisso de transparência e sustentabilidade com o ambiente. “Os valores que o hotel tem também precisa contribuir para adquirir esse status: não dá para ser seis estrelas roubando no jogo [da indústria], jogando lixo e plástico por todos os lados sem preocupação”, ressalta.

(Divulgação/Clara Resorts)

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