Varejos e indústria nos EUA, discursos de Lula e Galípolo e mais destaques desta 6ª

Consumidora em loja de Nova York 10/12/2023 REUTERS/Eduardo Munoz

Os investidores brasileiros ainda repercutem nesta sexta-feira (14) os planos do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, divulgados na véspera, de implementar novas tarifas recíprocas contra países que aplicam impostos sobre as importações dos Estados Unidos. A medida, que visa equilibrar a balança comercial, permitirá que os EUA cobrem tarifas similares àquelas impostas por outros países sobre seus produtos, com o objetivo de combater práticas comerciais desleais.

Embora as tarifas ainda não estejam em vigor, o governo norte-americano informou que começará a aplicar as novas taxas nas próximas semanas, dando tempo para negociações. A possível elevação de custos e a instabilidade no comércio internacional geram preocupações sobre seus efeitos econômicos a curto prazo, especialmente para indústrias que dependem de importações.

Enquanto isso, no Brasil, a agenda econômica segue mais tranquila, sem eventos de destaque no calendário de indicadores. Hoje, nos Estados Unidos, o mercado estará atento às vendas no varejo de janeiro, programadas para as 10h30, e à produção industrial de janeiro, que será divulgada às 11h15. Esses dados podem oferecer mais informações sobre a saúde da economia americana, influenciando as expectativas dos investidores para os próximos meses.

O que vai mexer com o mercado nesta sexta

Agenda

O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, inicia a sexta-feira com uma palestra na Reunião com Empresários da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e do Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), a partir 10h. O evento será aberto à imprensa, tanto presencialmente quanto por transmissão. À tarde, às 13h30, ele participa de uma audiência com representantes do Banco Pine. Em seguida, às 15h, se reúne com Marcelo de Araujo Noronha, Diretor Presidente do Banco Bradesco, Fernando Honorato Barbosa, Diretor Departamental de Pesquisa Econômica e Economista-Chefe, e Roberto de Jesus Paris, Diretor Executivo da Tesouraria e Departamento de Pesquisa Econômica. Às 16h, Galípolo tem uma nova audiência sobre conjuntura econômica com representantes do Banco J. Safra S/A. Encerrando a agenda do dia, às 17h, ele recebe João Carlos Camargo, Fundador e Presidente do Conselho da Esfera Brasil. Todas as reuniões da tarde serão fechadas à imprensa.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva inicia a sexta-feira com uma entrevista para a Rádio Clube do Pará, às 8h, em Belém. Às 9h30, ele visita as obras do Parque da Cidade, local que sediará a programação da COP30. Em seguida, às 11h, participa da cerimônia de divulgação dos investimentos do Governo Federal para a COP30. Às 13h10, Lula parte para Parauapebas, com chegada prevista ao Aeroporto de Carajás às 14h. Às 15h10, participa do ato de anúncio de investimentos da Vale, na Oficina N5, localizada no Complexo Minerador da Vale de Carajás.

EUA

10h30 – Preços de importados (janeiro)

10h30 – Vendas no varejo (janeiro)

11h15 – Produção industrial (janeiro)

12h – Estoques empresariais (dezembro)

Zona do Euro

7h – PIB do quarto trimestre

Internacional

Decreto

Donald Trump anunciou uma tarifa recíproca para países com imposto sobre valor agregado. Ao assinar o decreto, ele afirmou que evitar tarifas por meio de terceiros não será aceito. O presidente mencionou medidas para tarifas não monetárias, como testes em carros e restrições comerciais. Também destacou que países podem reduzir ou eliminar tarifas. Trump enfatizou que a política trará justiça ao comércio global e confirmou tarifas sobre carros e produtos farmacêuticos. Ele espera mais empregos, apesar da alta temporária nos preços.

Brics

Trump também disse, na quinta-feira (13), que os países do Brics podem enfrentar tarifas de 100% dos Estados Unidos “se quiserem brincar com o dólar”.

“Se alguma negociação for aprovada, a tarifa será de 100%, no mínimo”, disse ele em resposta a uma pergunta sobre os países do Brics criarem sua própria moeda.

Qual é o plano?

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, pediu que Trump apresente um plano para encerrar a guerra antes de incluir Putin. Líderes europeus exigem participação, alertando que um acordo sem a União Europeia fracassará. O Kremlin quer um encontro rápido entre Trump e Putin, enquanto a Otan defende a presença da Ucrânia nas negociações. O secretário de Defesa dos EUA minimizou o contato de Trump com Putin, mas aliados reagiram com preocupação. A China aprovou o diálogo entre EUA e Rússia. No campo de batalha, a Ucrânia perdeu território na região de Kursk. Trump sugeriu um encontro com Putin na Arábia Saudita, sem data definida.

O antivacina

Robert F. Kennedy Jr. assumiu o comando do Departamento de Saúde dos EUA (HHS), após uma votação apertada no Senado. Conhecido por questionar vacinas e defender a retirada de corantes artificiais, ele terá influência sobre FDA e CDC. Durante as audiências, prometeu não alterar diretrizes de vacinação sem aviso ao Congresso. Seu apoio vem de céticos de vacinas e críticos de aditivos alimentares. Kennedy rebatizou seu site para Make America Healthy Again, que em português significa Tornar a América Saudável Novamente, alinhando-se a Trump. Manifestantes interromperam suas audiências, mas ele garantiu compromisso com a saúde pública.

Economia

Pé-de-Meia

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, informou nesta quinta que o governo federal irá enviar proposta ao Congresso Nacional para regularização do programa Pé-de-Meia e a inclusão no Orçamento de 2025. A proposta será enviada no prazo de 120 dias, definido pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Na quarta-feira (12), o plenário do Tribunal de Contas da União (TCU) decidiu liberar os pagamentos do programa Pé-de-Meia que estavam bloqueados.

Sem data

O governo ainda não definiu uma data para enviar ao Congresso o projeto de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais, segundo o ministro Alexandre Padilha. A proposta faz parte da reforma da tributação sobre a renda, mas a compensação fiscal para a perda de receita ainda não foi detalhada. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já afirmou que a estratégia inclui aumentar a taxação sobre rendas acima de R$ 50 mil mensais. No entanto, a medida pode enfrentar resistência no Congresso, onde há pressão para reduzir gastos públicos em vez de elevar impostos.

Redução do PIB

A Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda reduziu a projeção do Produto Interno Bruto (PIB) de 2025 de 2,5% para 2,3%, devido ao impacto das políticas monetária e fiscal contracionistas. A desaceleração afetará a indústria e os serviços, enquanto a agropecuária deve manter forte crescimento, impulsionada por uma colheita recorde de soja no primeiro trimestre. A inflação de 2025 deve ficar em 4,8%, com alta em bens industriais e preços monitorados, mas queda nos alimentos. A SPE também avalia impacto limitado das tarifas de importação dos EUA sobre ferro, aço e alumínio nas exportações brasileiras.

Alívio na dívida pública

A SPE, por sinal, avalia que avanços na consolidação fiscal criam um cenário favorável para a gestão da Dívida Pública Federal (DPF) em 2025. O Tesouro Nacional poderá alongar prazos e melhorar a composição da dívida, reduzindo a exposição a juros flutuantes e aumentando a participação de taxas prefixadas. A expectativa é que a nota de crédito do Brasil melhore com reformas voltadas ao crescimento econômico. A convergência da estrutura da dívida a padrões desejados dependerá de condições macroeconômicas favoráveis.

Política

Novos programas

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou que o governo lançará três novos programas voltados para a população mais pobre em breve. O primeiro programa é de crédito consignado para trabalhadores da iniciativa privada. O segundo envolve a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil. O terceiro programa é voltado à distribuição de gás gratuito para 22 milhões de famílias, com o objetivo de tornar o gás parte da cesta básica, considerando o alto custo que chega a até R$ 150 por botijão, apesar de o gás sair da Petrobras por R$ 36.

Estratégia de comunicação

Durante a inauguração de um conjunto residencial em Macapá, Lula criticou o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores, desafiando-os a apontarem obras feitas pelo governo anterior no estado. Lula questionou o legado de Bolsonaro, dizendo que ele não construiu hospitais ou escolas no Amapá. A declaração faz parte de uma nova estratégia de comunicação do governo, buscando reverter a queda na popularidade do presidente, que, segundo pesquisa, mostra um nível de desaprovação de 51,4%. O governo intensifica ações para se diferenciar de Bolsonaro e recuperar apoio popular.

Críticas

Ainda durante o evento no Amapá, Lula criticou empresários e os privilégios de algumas carreiras do serviço público. Lula desafiou a afirmação de empresários que culpam o Bolsa Família pela falta de interesse em empregos, argumentando que, na realidade, os salários baixos são o motivo da recusa ao trabalho. Ele também criticou os privilégios no setor público, como aposentadorias integrais para juízes, mencionando que o castigo para um “juiz ladrão” seria a aposentadoria com salário integral. Lula ressaltou que as fraudes em benefícios sociais não são praticadas pelos pobres, mas sim por políticos e servidores públicos. Ele também afirmou que o crescimento do PIB é resultado do trabalho dos cidadãos, e não dos patrões.

Emendas

Foi agendada para 27 de fevereiro, na sede do Supremo Tribunal Federal (STF), uma nova reunião entre representantes dos Três Poderes [além do Judiciário, Legislativo e Executivo], para se chegar a um acordo sobre transparência e rastreabilidade na execução das emendas parlamentares. O ministro Flávio Dino, que determinou medidas para garantir transparência e rastreio desses recursos orçamentários definidos no Congresso, quer discutir e acompanhar as providências tomadas.

Sem câmeras

O governo de Tarcísio de Freitas, de São Paulo, pediu ao STF a revisão da decisão que obriga a gravação ininterrupta das câmeras corporais utilizadas pela Polícia Militar. O governo argumenta que isso elevaria os custos do programa de R$ 766 milhões para R$ 1,9 bilhão em cinco anos, tornando inviável a expansão das câmeras de 12 mil para 30 mil. A gestão estadual defende o acionamento remoto das câmeras, que garante transparência sem comprometer a viabilidade financeira. A decisão, que foi tomada após casos de violência policial, será analisada pelo STF, que decidirá se mantém ou revisa a obrigatoriedade.

Corporativo

Vale (VALE3)

A Vale vai anunciar um investimento de R$ 70 bilhões em Parauapebas (PA), nesta sexta-feira (14), ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O Projeto Novo Carajás quer otimizar a produção de minério de ferro e expandir a extração de cobre na região de Carajás, especificamente na Oficina N5 do Complexo Serra Norte.

Embora o valor não tenha sido oficialmente confirmado pela Vale, a Presidência da República revelou a cifra de R$ 70 bilhões. O projeto também inclui investimentos em tecnologia, saúde, segurança, sustentabilidade e manutenção de operações e equipamentos.

(Com Reuters, Bloomberg e Estadão Conteúdo)

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