Israel adia libertação de prisioneiros palestinos, citando violações

(Bloomberg) — Israel adiou a libertação planejada de centenas de prisioneiros palestinos, citando o que chamou de múltiplas violações do Hamas ao cessar-fogo e ao acordo de libertação de reféns — um movimento que coloca em questionamento se a trégua será mantida.

“À luz das repetidas violações do Hamas, incluindo as cerimônias que humilham nossos reféns e a exploração cínica de nossos reféns para fins de propaganda, foi decidido adiar a libertação de terroristas, que estava planejada para ontem, até que a libertação dos próximos reféns seja assegurada, e sem as cerimônias humilhantes”, disse o gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu no domingo.

Izzat Al Reshq, membro do Birô Político do Hamas, condenou o atraso, dizendo que isso mostrou o “caráter evasivo de Israel e o não cumprimento de seus compromissos”.

O Hamas organizou cerimônias elaboradas em torno da maioria das libertações de reféns em Gaza, com formações de homens armados uniformizados e mascarados dispostos diante de multidões festivas de civis, alguns acompanhados por seus filhos.

Os reféns tiveram de desfilar no palco e alguns foram obrigados a fazer discursos agradecendo a seus sequestradores. Um refém, no sábado, foi instruído a beijar na cabeça os homens armados que estavam ao seu lado. Em alguns momentos, faixas zombando de Netanyahu foram exibidas.

O Hamas também divulgou um vídeo de dois reféns, que não estavam programados para serem libertados na fase atual, levados para assistir à cerimônia de sábado. Eles foram filmados implorando a Netanyahu para continuar as negociações e libertá-los. Al Reshq disse que as cerimônias “refletem um tratamento humano e honroso” dos reféns.

Hamas exibe reféns israelenses libertados, em Deir Al-Balah, na Faixa de Gaza08/02/2025REUTERS/Hatem Khaled

A decisão de Netanyahu de adiar a libertação de prisioneiros ocorre em um momento crítico, com a primeira fase da trégua mediada pelo Catar e pelo Egito programada para terminar em 2 de março. Se ela pode chegar a um fim em uma jornada de 16 meses de combates é uma questão em aberto, já que o Hamas rejeita exigências israelenses — apoiadas pelos EUA — de que seja esvaziado seu poder político e das armas.

Durante a troca de sábado, o grupo apoiado pelo Irã libertou seis homens israelenses, incluindo dois que estavam detidos há uma década, na troca final de reféns vivos programada sob um acordo de cessar-fogo que os mediadores estão tentando estender. Em troca, Israel deveria libertar da prisão cerca de 600 palestinos, disse o Hamas.

Entre esses prisioneiros, 50 estão cumprindo sentenças de prisão perpétua por orquestrar atentados suicidas e outros ataques, e 47 foram libertados em um acordo de troca de reféns de 2011 e presos novamente após violarem os termos de sua libertação, informou o Canal 12 de Israel. Um, por exemplo, é responsável pelo assassinato de 27 israelenses – e está cumprindo 27 sentenças de prisão perpétua – e outro é considerado responsável por ataques que mataram 16 israelenses, disse o relatório. Membros de alto escalão do Hamas estão entre os prisioneiros, disse o Canal 12.

O acordo foi abalado antes, quando o Hamas, classificado como um grupo terrorista em grande parte do Ocidente, entregou a Israel um corpo que não seria o da refém Shiri Bibas,. Dois outros pequenos corpos recebidos foram determinados como sendo os de seus jovens filhos, Kfir e Ariel, que foram sequestrados junto com ela e, de acordo com médicos legistas israelenses, assassinados por seus captores.

O Hamas disse que as mortes dos Bibas foram resultado de bombardeios israelenses e, posteriormente, transferiu outro corpo para Israel. Esses restos mortais foram considerados no sábado como sendo os de Shiri, disse sua família. Peritos forenses israelenses disseram que não encontraram evidências de que sua morte foi resultado de um ataque aéreo.

Sessenta e três reféns do ataque de 2023 permanecem em Gaza — entre eles, 36 que foram declarados mortos à revelia por Israel com base em inteligência e descobertas forenses.

O presidente dos EUA, Donald Trump, assumiu o crédito por ter implementado o cessar-fogo e disse que apoiaria a retomada da ofensiva de Israel contra o Hamas caso o acordo fosse rompido.

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