Aliança entre progressistas impede que aliado de Trump e Milei comande a OEA

Lula e o presidente recém-empossado do Uruguai, Yamandu Orsi (esq), os presidentes da Colômbia, Gustavo Petro, e do Chile, Gabriel Boric. Imagem: Alex Ibanez

O Brasil, em parceria com governos progressistas da América Latina, conseguiu evitar que a OEA (Organização dos Estados Americanos) fosse liderada por alguém alinhado com os governos de Javier Milei e Donald Trump. Com informação de Jamil Chade, do Uol.

A diplomacia brasileira formou uma aliança com Chile, Colômbia, Uruguai e Bolívia e, no fim de semana, anunciou seu apoio ao chanceler Albert Ramdin, do Suriname, para a posição de secretário-geral da OEA. A eleição ocorrerá em 10 de março.

A movimentação brasileira abriu espaço para que Ramdin também recebesse apoio do México, Canadá, Equador e outros países. Com os votos do Caribe, que ele já havia conquistado, sua candidatura se tornou praticamente imbatível. Seus assessores acreditam que ele já conta com 28 apoios.

Na noite desta quarta-feira, o chanceler do Paraguai, Rubén Ramírez Lezcano, que havia buscado o apoio da Casa Branca, retirou-se da disputa. Ele também contava com o apoio da Argentina e El Salvador. Mesmo com o possível apoio de Washington e do governo de Javier Milei, ele não teria votos suficientes para vencer.

A OEA é vista com importância estratégica para as ambições de Trump. Em 2024, Trump recebeu Ramírez Lezcano em sua residência em Mar-a-Lago, na Flórida. Oficialmente, o encontro foi para discutir questões políticas da América Latina, como Cuba, Nicarágua e Venezuela. Contudo, o objetivo principal era fortalecer a candidatura do paraguaio à liderança da OEA.

Embora Trump ainda não tenha declarado seu apoio, Ramírez Lezcano também se reuniu com o bilionário Elon Musk, figura de destaque na política externa de Trump. Para garantir o apoio dos EUA, o Paraguai alinhou sua postura com a Casa Branca em temas como a crítica à atuação da China na região, a defesa de Taiwan, alertas sobre o Irã e até questões de imigração irregular.

Esse posicionamento agradou a Marco Rubio, chefe da diplomacia de Trump, que tem um histórico de postura firme contra ditaduras latino-americanas.

Ao anunciar o fim da candidatura de seu chanceler, o presidente do Paraguai, Santiago Peña, fez uma crítica indireta ao Brasil, afirmando que o país foi informado por nações amigas da região de que mudaram seu compromisso e decidiram não apoiar a proposta paraguaia. Peña destacou que o Paraguai, ao longo de sua história, sempre defendeu princípios elevados e não os abandonaria por causa de uma eleição.

Embora a OEA seja vista com ceticismo por parte significativa da América Latina e não seja uma prioridade para a estratégia brasileira de integração regional, a Casa Branca enxerga a organização como uma ferramenta para atender seus interesses no Hemisfério. Cerca de 60% do orçamento da OEA provém dos EUA, e assessores de Trump explicaram que querem garantir que esses recursos fortaleçam a posição americana na região.

Em 2024, deputados republicanos enviaram uma carta à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, ligada à OEA, ameaçando cortar recursos dos EUA caso a Comissão não tomasse ações contra o Brasil e as decisões do STF relacionadas a Elon Musk.

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