Grupo de Busca e Salvamento de Balneário Camboriú reforça ações de prevenção na temporada

Recentemente, duas tragédias reforçaram a necessidade de atenção ao entrar no mar: um menino de 13 anos morreu afogado na Praia Central de Balneário Camboriú e um adolescente de 16 anos perdeu a vida na Praia Brava, em Itajaí.

Em ambas as situações, os guarda-vidas atuaram rapidamente, mas nem sempre é possível evitar o pior.

A sede do Pelotão (Foto Renata Rutes)

Balneário Camboriú, conhecida por sua estrutura turística e segurança, conta com um Grupo de Busca e Salvamento bastante equipado, que trabalha 24 horas por dia para reduzir os riscos e atuar em resgates emergenciais. 

O pelotão tem base no Pontal Norte e desempenha diversas funções além da vigilância das praias.

Estrutura e Equipamentos

Equipamentos do grupo (Foto: renata Rutes)

Atualmente, a cidade possui uma rede extensa de postos de guarda-vidas: na Praia Central há cinco postos, dois postos simples e sete cadeirões; Praia do Buraco: um posto; Praia do Estaleiro: dois postos; Praia do Estaleirinho: dois postos; Praia de Taquaras: um posto e um cadeirão; Praia de Laranjeiras: um posto; e Praia do Pinho: um posto. A única praia sem posto é Taquarinhas.

Além da equipe fixa, o grupo conta com três motos aquáticas (uma ativa por dia), seis quadriciclos que operam no Estaleiro, Estaleirinho, Taquaras e Praia Central (três na Central) e um bote de águas rápidas para enchentes. 

O batalhão também auxilia em incêndios e atendimentos pré-hospitalares de situações que acontecem na região, atuando em quedas na Estrada da Rainha, acidentes de trânsito e até resgates no Rio Camboriú.

“Nosso trabalho não se resume apenas ao mar. Somos acionados para diversos tipos de ocorrências, desde denúncias de som alto até primeiros socorros em acidentes”, explica o Subtenente Jorge Luiz de Souza Batista, responsável pelo Grupo de Busca e Salvamento.

Prevenção e resgates

Batista: ‘Objetivo principal é a prevenção’ (Foto: Renata Rutes)

O trabalho dos guarda-vidas começa às 7h30, com a identificação de locais de risco e a sinalização das áreas com bandeiras vermelhas. 

“Há pontos na Praia Central que sempre exigem atenção, como os canais na altura da rua 1400, rua 2000, rua 2300, perto do Molhe do Pontal Norte e em frente ao Hotel Marambaia”, destaca Batista.

No caso do garoto de 13 anos que morreu afogado recentemente, não havia canal no local do acidente. Já na Praia Brava, onde o adolescente de 16 anos morreu, havia bandeiras de alerta e os guarda-vidas tinham orientado os banhistas momentos antes.

Em situações de desaparecimento no mar, é utilizada a técnica de linha de mergulho, que permite localizar vítimas rapidamente. 

“Infelizmente, no caso do menino de 13 anos, o encontramos já sem vida. Fizemos todos os procedimentos de reanimação, mas a confirmação do óbito sempre cabe ao médico do SAMU. A nossa equipe de mergulhadores fica aqui, já atendemos várias situações emblemáticas como de corpos encontrados no Rio Camboriú, o do idoso que entrou com o carro no rio em 2024, dentre outras ocorrências”, explica Batista.

Os principais desafios: bebida e excesso de confiança

(Divulgação/13BBM)

Entre os fatores que mais preocupam os guarda-vidas estão o consumo de bebidas alcoólicas e o excesso de confiança dos banhistas. 

“Muita gente entra no mar achando que está tranquilo, mas há correntes de retorno. Mesmo com a sinalização, algumas pessoas ignoram os avisos e ainda ficam bravas quando pedimos para sair da água”, lamenta o Subtenente.

O ideal, segundo ele, é que quem for surpreendido por uma corrente de retorno tente nadar paralelo à praia até alcançar uma bancada de areia e sair da situação de perigo. 

“Sempre deve-se respeitar as bandeiras e as ordens dos guarda-vidas. Muitas ocorrências chegam para nós como assédio, som alto, brigas, porque por estarmos sempre na praia, acabamos auxiliando e sendo a ponta do serviço público. O efetivo de verão é de aproximadamente 130 pessoas, sendo 121 guarda-vidas civis e nove militares”, acrescenta.  

Outro problema comum é o grande número de crianças perdidas. Durante o verão, há uma média de pelo menos quatro casos por dia, sendo que em alguns dias esse número chega a 20. Para evitar sustos, os postos de guarda-vidas distribuem pulseiras de identificação, facilitando a localização dos responsáveis.

Projetos educacionais

(Divulgação/13BBM)

Com foco na prevenção, o Grupamento de Busca e Salvamento promove programas como o Jovem Guarda-Vidas, voltado para adolescentes de 14 a 17 anos, que acontece duas vezes por ano e tem duração de três meses.

“Já formamos inclusive jovens que posteriormente se tornaram guarda-vidas. A ideia é ensinar hoje para salvar amanhã. Vamos ter turma que começa em abril e as inscrições devem começar na segunda quinzena de março. Sempre abrimos duas turmas por ano, uma a cada semestre”, diz Batista.

Outro projeto importante é o Golfinho, que ensina crianças sobre os riscos do mar e a importância da sinalização. Acontece durante o verão, sempre aos finais de semana. 

“O aprendizado das crianças faz diferença. Elas levam a informação para casa e ajudam a conscientizar os pais”, ressalta.

O Grupo também está tentando implantar aulas sobre prevenção de afogamentos na rede municipal de ensino, com bombeiros capacitando professores ou ministrando as aulas diretamente nas escolas.

Tecnologia e monitoramento

A sala de videomonitoramento (Foto: Renata Rutes)

O Grupo conta com videomonitoramento em tempo real de todas as praias, exceto a Praia do Pinho, com câmeras speed dome com zoom e imagem em alta resolução, que permite que os guarda-vidas consigam atuar no local exato de possíveis afogamentos ou situações que exigem resgate, como possíveis incêndios de embarcação (inclusive o Grupo possui equipamentos para conter incêndios de barcos e motos aquáticas).

O Grupo também realiza a coleta de água do mar para o Instituto do Meio Ambiente (IMA) três vezes por semana, que serve para verificar a balneabilidade das praias.

Além disso, os guarda-vidas utilizam drones equipados com boias, que permitem alertar banhistas sobre áreas perigosas e, em casos emergenciais, oferecer um ponto de apoio para quem estiver se afogando. 

“Nosso serviço se encerra ao anoitecer, por volta das 19h, e utilizamos megafones para avisar os banhistas a saírem da água. Felizmente, 90% das pessoas respeitam essa orientação”, explica Batista.

Para quem quer se informar em tempo real sobre as condições do mar e ocorrências nas praias, existe o aplicativo CBMSC Cidadão, que exibe a situação de todas as praias do estado.

O que fazer em caso de afogamento?

(Divulgação/13BBM)

A primeira atitude ao presenciar um afogamento é acionar os guarda-vidas ou ligar para o 193. Se possível, a recomendação é lançar um objeto flutuante para a vítima, como uma boia, tampa de cooler ou até uma garrafa pet.

O trabalho dos guarda-vidas é intenso, mas a colaboração dos banhistas é essencial para evitar tragédias. 

“Nosso objetivo principal é a prevenção. Mas para que o nosso trabalho funcione, as pessoas precisam respeitar os avisos e tomar cuidado”, finaliza Batista.

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