Caso Gritzbach: Justiça acata denúncia e torna réus três PMs e três membros do PCC por assassinato

A Justiça acatou a denúncia do Ministério Público de São Paulo (MP-SP) e tornou rés seis pessoas pelo assassinato do empresário Vinicius Gritzbach, o delator do Primeiro Comando da Capital (PCC), ocorrida no Aeroporto Internacional de São Paulo, em novembro do ano passado. Se tratam de três membros da facção criminosa e três policiais militares.

Os réus são os PMs Denis Martins e Ruan Rodrigues, acusados de executarem Gritzbach a tiros, além do tenente Fernando Genauro, que teria ajudado a dupla a chegar ao local do crime e depois na fuga. O trio, que já estava detido, teve a prisão convertida em preventiva, ou seja, sem prazo definido.

Já os outros são os membros do PCC Kauê do Amaral Coelho, apontado como olheiro do crime; Emílio Gangorra Neto, o “Cigarreira”, e Diego Santos Amaral, o “Didi”, que são apontados como os mandantes do assassinato. Esses três seguem foragidos.

Além da morte de Gritzbach, eles também vão responder pelo assassinato de um motorista de aplicativo, que foi baleado na ocasião da execução do empresário, e por tentativa de homicídio contra duas pessoas feridas por estilhaços dos disparos.

Na decisão, o juiz Rodrigo Tellini de Aguirre Camargo disse que acatou a denúncia, tornando-os réus por homicídio qualificado, por conta da “gravidade do delito” e da “necessidade de resguardar a ordem pública”.

As defesas dos réus não foram encontrados para comentar o assunto até a publicação desta reportagem.

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Vingança

A Polícia Civil concluiu na investigação de Gritzbach foi morto por vingança. Ele, que atuava no ramo imobiliário e lavava dinheiro para a facção criminosa, teria mandado matar Anselmo Santa Fausta, o “Cara Preta”, traficante assassinado em 2021 junto com seu motorista, Antonio Corona Neto, o “Sem Sangue”.

Conforme as investigações, “Cigarreira” e “Didi” armaram um plano para se vingar após as mortes dos colegas de facção, sendo que ele saiu do papel depois que Gritzbach delatou à polícia como era o esquema para lavar dinheiro para o grupo criminoso. Um desfalque financeiro também teria entrado na conta do homicídio.

Sendo assim, na denúncia, os promotores Vania Caceres Stefanoni e Rodrigo Merli Antunes destacam que os três PMs e os três membros do PCC cometeram homicídios e tentativa de homicídio contra quatro pessoas, com agravante de motivo torpe, meio cruel, emboscada e uso de arma de fogo de uso restrito.

O MP-SP ressaltou que não há dúvidas de que denunciados agiram com intenção de matar Gritzbach e assumiram o risco de matar e ferir outras pessoas ao atirarem no aeroporto.

Morte de Gritzbach

Delator do PCC e da polícia, Vinicius Gritzbach foi morto a tiros em novembro de 2024 quando saía do Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, com 10 tiros de fuzil e de metralhadora.

O laudo da polícia aponta que parte das balas usada em sua morte era da Polícia Militar de São Paulo, evidenciando a participação de policiais na execução.

Ao todo, 14 agentes da Polícia Militar suspeitos de trabalhar como seguranças para o delator estão presos a pedido da Corregedoria. O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) ainda apura se eles tiveram alguma ligação com a morte do empresário.

Além disso, em fevereiro passado, 12 pessoas se tornaram rés por conta das delações feitas por Gritbach. Ele indicou os nomes dos envolvidos, entre eles oito policiais civis, que teriam ligação com o PCC, além de cometer crimes como lavagem de dinheiro, tráfico de drogas e corrupção.

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