JBS dá grande passo para listagem nos EUA e ação dispara: no que ficar de olho agora?

A holding controladora do frigorífico JBS (JBSS3), a J&F, firmou um acordo com o BNDES que permite à companhia superar o principal obstáculo para uma aguardada listagem nos Estados Unidos. Com isso, às 10h28 (horário de Brasília), a ação da companhia subia 13,07%, a R$ 37,03.

O acordo com a BNDESPar, maior acionista minoritário da JBS, com 20,8% de participação, garante que o banco se absterá de votar contra a operação de dupla listagem. Em troca, o BNDESPar terá direito a uma remuneração futura, que deverá protegê-lo parcialmente caso as ações não se valorizem até um determinado patamar — ainda não divulgado — após a dupla listagem, prevista até 31 de dezembro de 2026.

Na avaliação do JPMorgan, a incerteza sobre o posicionamento do BNDES era o principal fator que atrasava a listagem, formalmente anunciada há um ano e meio.

Com o banco fora da votação, o JPMorgan acredita que a JBS não deverá enfrentar grandes dificuldades para aprovar a operação.

Em termos de valuation, a JBS negocia com um desconto de 46% no múltiplo de Preço/Lucro em relação à sua principal concorrente nos EUA, a Tyson Foods. Com isso, o JPMorgan reiterou recomendação de compra para JBS, com preço-alvo de R$ 46.

O Bradesco BBI classificou o anúncio como muito positivo para a JBS, pois elimina risco de que o BNDES tente bloquear esse evento, além o risco de overhang (excesso de ativos, pressionando o papel para baixo) nas ações se o BNDES decidir se desfazer da empresa antes da listagem. Com esse acordo, o BNDES deve manter sua participação na empresa pelo menos até que as ações sejam reavaliadas.

Além disso, o BBI vê a notícia como um sinal de que a listagem nos EUA (ainda pendente de aprovação da SEC, a CVM americana) pode acontecer mais cedo do que esperado. Esta é a principal opcionalidade para a ação, que é fundamental para reduzir a lacuna de avaliação para seus pares nos EUA.

Por exemplo, o BBI vê a JBS sendo negociada atualmente a 4,9 vezes Valor da Firma (EV)/EBITDA 2025 (US GAAP), mas se fosse negociada em linha com sua subsidiária PPC (6,1 vezes) ou Tyson Foods (8,4 vezes), o potencial de alta para a ação seria de 50% e 149%, respectivamente. O banco manteve classificação de compra e preço-alvo de R$ 48.

A XP Investimentos também destacou em relatório ver o anúncio como positivo, pois remove um possível obstáculo para a aprovação da dupla listagem da JBS, especialmente considerando a especulação do mercado de que a governança da BNDESPar poderia restringi-la de manter grandes participações em empresas com sede fora do Brasil.

Além disso, segundo a XP, o anúncio reforça o otimismo do acionista controlador da empresa em relação à potencial listagem dual. No entanto, a corretora observa que a duração do acordo parece longa, o que poderia levantar preocupações de que a JBS não está otimista sobre a execução da dupla listagem em um futuro próximo.

Por outro lado, como as ações da JBS atualmente não precificam a potencial listagem dual, a XP não espera que a especulação sobre um cronograma atrasado seja um catalisador negativo para as ações da empresa e vê uma assimetria positiva para as ações.

Analistas da XP ainda comentam que esse acordo não deve eliminar a pressão de uma possível venda de participação da BNDESPar. Na visão deles, o processo de dupla listagem dual e qualquer potencial desinvestimento da BNDESPar provavelmente ocorrerão de forma independente. No entanto, eles não esperam uma venda de participação a preços atuais, uma vez que as ações estão sendo negociadas quase 15% abaixo do nível em que a BNDESPar executou sua última venda.

A Genial Investimentos, por sua vez, acredita que uma das hipóteses que pode estar por detrás da confecção deste acordo celebrado entre a J&F e o BNDES seria a possibilidade da SEC dificultar a dupla listagem em virtude da alta concentração dos acionistas de referência, que remonta a distorção da percepção de governança corporativa que a JBS possa ter criado junto aos investidores e órgão reguladores.

“Portanto, poderíamos assumir, neste caso, que uma das fortes motivações do acordo seria a vinculação de um compromisso posterior do BNDESpar desfazer-se de parte de sua posição, mediante autorização da SEC para liberar a dupla listagem”, avalia a Genial.

A Genial lembra que caso as ações não subam com o primary listing na NYSE até um determinando nível – via reaproximação de múltiplos relativa aos pares – o BNDES receberia um aporte de até R$ 500 milhões da J&F Investimentos como (i) um prêmio pela eventual diluição – que seria uma possível condicionante da SEC para aprovação da dupla listagem – ou (ii) uma espécie de apólice de seguro, que compensaria a possível não valorização das ações na NYSE mesmo já tendo se desfeito de parte de sua posição.

A corretora reiterou recomendação de compra e preço-alvo de R$ 42,50.

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