Caso Vitória: laudo aponta que garota levou três facadas e descarta que ela tenha sido estuprada

O laudo pericial do Instituto Médico-Legal (IML) revelou que a adolescente Vitória Regina de Sousa, de 17 anos, que desapareceu e foi achada morta com marcas de violência, em Cajamar, na Grande São Paulo, faleceu em decorrência de três facadas, sendo uma no tórax, uma no pescoço e outra no rosto. A análise descartou a possibilidade de que a garota tenha sido estuprada, como chegou a ser cogitado.

O documento, que foi entregue nesta terça-feira (18) pela Superintendência da Polícia Técnico-Científica (SPTC) à Polícia Civil, mostra que exames feitos na região genital da vítima constataram que não houve “lesões traumáticas de interesse médico-legal”. Também foi feita uma pesquisa por espermatozoides, que deu resultado negativo.

O laudo revelou, ainda, que Vitória apresentava álcool no sangue. Porém, isso não prova que ela tenha consumido bebidas alcoólicas antes de morrer, pois pode caracterizar “um processo de fermentação característico da putrefação”, já que o corpo dela já tinha iniciado a decomposição.

Por fim, o documento, que foi entregue na Delegacia de Cajamar, indicou que Vitória estava sem cabelos.

O caso segue em investigação, sendo que até o momento segue preso Maicol Antonio Sales dos Santos, de 27 anos, suspeito pelo assassinato. Chegou a ser informado que ele teria confessado o crime, mas a defesa negou essa versão e reafirma que ele é inocente.

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Stalker

Conforme revelado pelo “Fantástico”, da TV Globo, dados encontrados no celular de Maicol indicam que ele perseguia a vítima desde 2024. Uma coleção de fotos da garota foi encontrada no aparelho, fazendo com que a polícia agora apure a possibilidade dele ser um “stalker” que agiu sozinho no assassinato.

A extração dos dados revelou que no dia 27 de fevereiro, data em que Vitória desapareceu, Maicol viu uma postagem que ela fez no ponto de ônibus às 0h06, cerca de 20 minutos antes de a jovem descer do ônibus no bairro em que morava. Para a polícia, ele teve tempo de seguir até o local e interceptá-la antes que chegasse em casa.

Além disso, os indícios apontam que Maicol tinha uma obsessão por Vitória, pois acumulava várias fotos dela em seu celular, e que teria planejado o sequestro. Ele passou meses acompanhando a rotina da vítima, o que indica que ele seria um stalker, que é uma pessoa que fica perseguindo outra.

Os investigadores também encontraram no celular do suspeito fotos de outras garotas com características físicas semelhantes a Vitória, além de imagens dele portando facas e uma arma.

Entenda o caso

Vitória foi vista pela última vez no dia 26 de fevereiro. O pai da jovem sempre a buscava de carro no trabalho, mas naquela data o veículo estava em uma oficina e ela teve que voltar de ônibus. Logo que saiu do serviço, Vitória mandou uma mensagem por WhatsApp para uma amiga, quando disse que estava sendo perseguida por dois homens e que estava com medo.

A garota contou que, ao chegar no ponto de ônibus, um dos suspeitos entrou no mesmo coletivo que ela. Foi quando a amiga disse que poderia ser que ele também estivesse indo para casa ou, quem sabe, estivesse mesmo a perseguindo: “Espero que não”, respondeu a adolescente, que sumiu após embarcar no coletivo.

O corpo dela foi achado após uma semana do desaparecimento, com várias marcas de violência. O corpo da adolescente estava completamente sem roupas e com os cabelos raspados. As condições do corpo da jovem fazem com que as autoridades trabalhem com a hipótese de que o crime tenha motivação por ciúmes ou vingança.

No último dia 10, a polícia informou que uma perícia realizada em um Toyota Corolla identificou a presença de manchas de sangue e o material passa por análises. O veículo pertence a Maicol.

“O Corolla de Maicol tinha sangue no porta-malas. Tudo leva a crer que possa ser da vítima [Vitória]. Foi encaminhado para um laboratório de DNA. É um processo demorado. É necessário fazer um refinamento. O sangue acaba se misturando com algumas propriedades que estão no local. Entre 30 e 40 dias o laudo estará pronto”, explicou o delegado Luiz Carlos do Carmo.

O investigador ressaltou que todos os indícios apontam para o fato de que Maicol estava no local onde Vitória desapareceu. “Além disso, ficou comprovada a mentira dele. Ele disse que havia dormido com a esposa. A mulher fala que dormiu na casa da mãe no dia. Vizinhos à residência dele também comentaram que houve uma movimentação anormal naquela noite, com gritos. Vários vizinhos deram esse depoimento”, ressaltou.

Maicol teve a prisão temporária decretada no dia 8 de março e, no dia 9, passou por audiência de custódia, quando permaneceu na cadeia. A Justiça também destacou que as divergências entre e depoimento dele e da esposa motivaram a prisão.

“Não há um único caminho investigativo que não aponte o envolvimento de Maicol com os fatos investigados”, escreveu juíza Juliana Junqueira ao decretar a prisão temporária do suspeito.

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