Caso Vitória: suspeito confessou que matou garota a facadas e disse que ela não gritou: “Golpes rápidos”

Maicol Antonio Sales dos Santos, de 27 anos, que confessou ter matado sozinho a adolescente Vitória Regina de Sousa, de 17 anos, em Cajamar, na Grande São Paulo, deu detalhes à polícia sobre o assassinato. O homem disse que esfaqueou a vítima dentro do seu carro, mas que tudo foi muito rápido e ela nem chegou a gritar por socorro.

“Vitória não chegou a gritar, porque os dois golpes foram muito rápidos chegando a desfalecer logo após o segundo golpe. Tudo foi muito rápido, [o suspeito] entrou em desespero e seguiu sentido à sua casa”, diz um trecho do depoimento de Maicol.

O homem alegou que teve um relacionamento com Vitória há cerca de um ano e meio e ela teria ameaçado que revelaria o caso para a esposa dele. Assim, na data do crime, ele a chamou para conversar e ela entrou no carro espontaneamente.

Em um determinado momento da conversa, segundo Maicol, Vitória teria tentado agredi-lo, quando ele perdeu a cabeça, pegou a faca e a atacou. Depois disso, desesperado, ele foi para casa e colocou o corpo da vítima no porta-malas do carro. Na sequência, pegou uma enxada e seguiu até uma estrada de terra, onde abriu uma cova e enterrou o corpo.

Apesar das alegações de Maicol, a polícia diz que não há indícios de que Vitória manteve um relacionamento com ele. A investigação descobriu que ele era obcecado por ela, sendo que a perseguia desde 2024. Várias fotos da garota foram encontradas no celular do homem.

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A polícia chegou a apontar outros suspeitos de envolvimento na morte de Vitória, mas, com a confissão de Maicol, os investigadores acreditam que ele agiu sozinho.

“Fica claro que somente ele participou desse crime. Primeiro porque ele já vinha perseguindo. Isso é o que já há muito tempo ele vinha perseguido a vítima, mas a prova cabal ontem à noite ele quis confessar o crime. E fica muito claro que ele era obcecado pela vítima”, disse o delegado Luiz Carlos do Carmo, diretor da Polícia Civil da Grande São Paulo.

“Ele [Maicol] comentou que era apaixonado por ela”, disse o delegado, explicando que o rapaz alegou que cometeu o crime por vingança após ser rejeitado por Vitória.

A defesa de Maicol não foi encontrada para comentar o assunto até a publicação desta reportagem.

Morta com três facadas

O laudo pericial do Instituto Médico-Legal (IML) revelou que Vitória faleceu em decorrência de uma hemorragia após levar três facadas, sendo uma no tórax, uma no pescoço e outra no rosto. A análise descartou a possibilidade de que a garota tenha sido estuprada, como chegou a ser cogitado.

O documento, que foi entregue nesta terça-feira (18) pela Superintendência da Polícia Técnico-Científica (SPTC) à Polícia Civil, mostra que exames feitos na região genital da vítima constataram que não houve “lesões traumáticas de interesse médico-legal”. Também foi feita uma pesquisa por espermatozoides, que deu resultado negativo.

O laudo revelou, ainda, que Vitória apresentava álcool no sangue. Porém, isso não prova que ela tenha consumido bebidas alcoólicas antes de morrer, pois pode caracterizar “um processo de fermentação característico da putrefação”, já que o corpo dela já tinha iniciado a decomposição.

Por fim, o documento, que foi entregue na Delegacia de Cajamar, indicou que Vitória estava sem cabelos.

Entenda o caso

Vitória foi vista pela última vez no dia 26 de fevereiro, em Cajamar. O pai da jovem sempre a buscava de carro no trabalho, mas naquela data o veículo estava em uma oficina e ela teve que voltar de ônibus. Logo que saiu do serviço, Vitória mandou uma mensagem por WhatsApp para uma amiga, quando disse que estava sendo perseguida por dois homens e que estava com medo.

A garota contou que, ao chegar no ponto de ônibus, um dos suspeitos entrou no mesmo coletivo que ela. Foi quando a amiga disse que poderia ser que ele também estivesse indo para casa ou, quem sabe, estivesse mesmo a perseguindo: “Espero que não”, respondeu a adolescente, que sumiu após embarcar no coletivo.

O corpo dela foi achado após uma semana do desaparecimento, com várias marcas de violência. O corpo da adolescente estava completamente sem roupas e com os cabelos raspados. As condições do corpo da jovem fizeram com que as autoridades trabalhassem com a hipótese de que o crime tenha motivação por ciúmes ou vingança.

No último dia 10, a polícia informou que uma perícia realizada em um Toyota Corolla identificou a presença de manchas de sangue e o material passa por análises. O veículo pertence a Maicol.

O homem teve a prisão temporária decretada no dia 8 de março e, no dia 9, passou por audiência de custódia, quando permaneceu na cadeia. A Justiça também destacou que as divergências entre e depoimento dele e da esposa motivaram a prisão.

“Não há um único caminho investigativo que não aponte o envolvimento de Maicol com os fatos investigados”, escreveu juíza Juliana Junqueira ao decretar a prisão temporária do suspeito.

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