Movida sobe 13%, dona do BK desaba 13% e mais: as reações “extremas” de ações após 4T

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As ações das empresas que divulgaram resultados do quarto trimestre de 2024 (4T24) repercutiram em sua maioria com fortes ganhos ou baixas na sessão seguinte após balanço.

Nesta sexta-feira (21), além de Bemobi (BMOB3, R$ 16,41, +9,40%), as ações da Brava Energia (BRAV3, R$ 19,33, +5,57%), da Hypera (HYPE3, R$ 20,38, +3,93%) e da Movida (MOVI3, R$ 5,01, +13,61%) subiram forte, enquanto Automob (AMOB3, R$ 0,27, -10,00%) caiu forte, assim como a Zamp (ZAMP3, R$ 2,45, -13,73%), dona do BK Brasil. Os papéis de Cemig (CMIG4, R$ 10,80, -4,85%), Eneva (ENEV3, R$ 12,22, -3,63%), Petz (PETZ3, R$ 4,23, -4,30%), Ânima (ANIM3, R$ 2,20, -1,79%), Wiz (WIZC3, R$ 6,06, -6,48%) também registraram baixas.

Confira as visões sobre balanços do 4T24:

Brava Energia (BRAV3)

A Brava anunciou seus resultados do quarto trimestre, com um Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado de R$ 505 milhões, levemente abaixo da estimativa do banco, mas essencialmente em linha com o consenso da Bloomberg. Em uma base comparável (pro-forma), o Ebitda ajustado recuou 31% trimestre contra trimestre, reflexo das paradas de produção nos campos de Atlanta e Papa Terra, conforme já era de conhecimento do mercado.

Em relatório, a XP ressalta que a petroleira enfrentou um 4T24 muito difícil. Entre os muitos desafios que enfrentou, as paradas de produção em seus dois principais campos offshore, Papa-Terra e Atlanta, foram as mais significativas. A produção substancialmente menor (-23,9% em relação ao trimestre anterior) e os preços sequencialmente mais baixos (-8,4% em relação ao trimestre anterior) levaram a uma queda significativa no Ebitda (-31% em relação ao trimestre anterior) e a um eventual prejuízo líquido (-R$1 bilhão).

Apesar da acentuada queda, o Ebitda ficou aproximadamente em linha com nossas estimativas (+4% versus a estimativa da XP). A forte desvalorização do real no trimestre aumentou ainda mais as preocupações sobre a relação de alavancagem da empresa.

Essas preocupações foram eventualmente mitigadas por uma dispensa dos credores. A alavancagem ficou em 2,8x Dívida Líquida/Ebitda (abaixo do covenant de 3,5 vezes). No final de dezembro, a produção em ambos os campos havia sido retomada, e a Brava agora navega em direção a águas muito mais calmas.

O Goldman Sachs acredita que os resultados fracos já eram esperados pelo mercado, devido ao desempenho operacional fraco dos ativos offshore da Brava no 4T24. Olhando para frente, o banco espera que o foco dos investidores continuará voltado para alocação de capital, principalmente no que diz respeito ao programa de desinvestimentos da Brava e suas implicações para a remuneração aos acionistas.

Segundo o banco, os investidores também devem ficar de olho nas perspectivas de produção, especialmente nos campos de Atlanta e Papa Terra, bem como as perspectivas de capex (investimentos em capital), considerando o cenário de riscos de queda nos preços do petróleo.

O Goldman reiterou recomendação neutra e preço-alvo de R$ 23,30.

Para JPMorgan, o Ebitda abaixo da estimativa foi afetado por custos operacionais mais altos.

Segundo cálculos do JPMorgan, o fluxo de caixa livre (FCF) foi negativo em R$ 885,4 milhões, decorrente de um resultado operacional de R$ 922,4 milhões, mais do que compensado por investimentos de R$ 1,4 bilhão e despesas com juros de US$ 365,6 milhões.

Como consequência, após impacto cambial, a dívida líquida aumentou de R$ 7,3 bilhões para R$ 9,6 bilhões. Em dólares, a dívida líquida subiu para US$ 1,6 bilhão, enquanto a alavancagem permaneceu relativamente estável em 2,8 vezes, abaixo do limite de 3,5 vezes.

O JPMorgan manteve recomendação de compra e preço-alvo de R$ 29.

Hypera (HYPE3)

Os resultados do 4T24 da Hypera (HYPE3) foram fracos, em linha com as estimativas do BBI (-3% no Ebitda). Contudo, o principal destaque foi a melhora significativa no prazo de recebimento de vendas, que caiu para 70 dias no final do 1T25, próximo da meta de 60 dias e bem abaixo dos 116 dias no 2T24. Além disso, a otimização contínua do capital de giro não afetou o sell-out nem o fornecimento de produtos às farmácias.

As vendas recuaram 18% na base anual, conforme esperado, devido à redução do capital de giro, o que levou a margem Ebitda a cair 22 pp na base anual, para 9%. O sell-out cresceu 9,2% ano a ano, abaixo dos 13,8% do mercado, impulsionado pelo forte desempenho de medicamentos patenteados (+25%).

O capital de giro representou 53% da receita anualizada, queda de 1pp em relação ao trimestre anterior, mas ainda acima da meta de 30% e do nível de 40% registrado no 4T22.

O BBI manteve recomendação neutra, considerando o potencial de alta de 17%, o fraco momento dos lucros e o risco de tributação do benefício fiscal do ICMS.

O Morgan Stanley comenta que o resultado do 4T24 marca o segundo trimestre de ajustes no capital de giro anunciado em outubro. Com isso, o banco manteve o foco nas mudanças operacionais em vez dos números financeiros. As receitas líquidas superaram as estimativas em 4%, enquanto o Ebitda ficou em linha, com despesas gerais e administrativas mais altas compensadas por uma margem bruta mais forte. O lucro líquido de R$ 80 milhões surpreendeu positivamente devido a um benefício fiscal maior.

Além disso, segundo o Morgan, a geração de caixa seguiu robusta, com a empresa reduzindo recebíveis e ampliando pagamentos, o que ajudou a manter a alavancagem sob controle, mesmo com o pagamento contínuo de dividendos.

O Morgan manteve recomendação de compra e preço-alvo de R$ 24,50.

Movida (MOVI3)

Os resultados da Movida no 4T24 ficaram próximos das expectativas do JPMorgan, com um EBITDA de R$ 1,244 bilhão e um lucro líquido de R$ 73 milhões, ligeiramente acima do estimado dos R$ 61 milhões estimados pelo banco.

O JPMorgan manteve a recomendação Neutra para a Movida (MOVI), que negocia a 12,9 vezes Preço/Lucro para 2025, acima da Localiza (RENT3), que está em 10,5 vezes.

Já na visão da XP, a Movida apresentou resultados positivos com um lucro líquido de R$ 62 milhões (versus projeção da XP de R$ 51 milhões).

A companhia também divulgou uma prévia operacional com os resultados dos dois primeiros meses do ano, que foram positivos. Os destaques foram: (i) receitas líquidas +20% na base anual; (ii) Ebitda +27%; (iii) cenário de depreciação mais pressionado, com depreciação total +29% e, por carro/ano, +20%; e (iv) lucro Líquido +100% ano a ano. “Consideramos esses números positivos e indicativos de um possível aumento em nossa projeção de lucro líquido de R$ 21 milhões para o 1T25”, avalia a XP.

Maiores quedas

Zamp (ZAMP3)

A operadora brasileira de redes internacionais de fast food como Popeye’s e Burger King, reportoy na véspera queda de 20,4% no resultado operacional medido pelo Ebitda ajustado no quarto trimestre do ano passado, para R$180,8 milhões.

Nos últimos três meses do ano, a receita operacional líquida da companhia cresceu 20,7% na comparação com o mesmo período de 2023, mas com aumento no custo de mercadoria vendida (+42,1%) e piora em margens. O trimestre foi marcado pela aquisição do direito pela companhia de operar as redes Starbucks® e Subway® no Brasil.

No material de divulgação do balanço, a companhia afirmou esperar que, a partir deste ano, será capaz de alavancar a produtividade das novas marcas, “o que contribuirá gradativamente para um cenário de maior conversão em resultado operacional”.

A Zamp encerrou o ano de 2024 com 2.708 restaurantes em seu ecossistema, entre franquias e próprios.

“A Zamp relatou o que consideramos um trimestre fraco, com um Ebitda 7% menor em relação às nossas previsões, moderando o crescimento do SSS e aumentando as pressões de custo. Acreditamos que as preocupações do mercado em relação ao macro, à resiliência do modelo de negócios, à integração de fusões e aquisições e à alocação de capital podem persistir”, apontou o Goldman Sachs.

Automob (AMOB3)

O BBI avalia que a Automob relatou resultados sólidos em carros de passeio, mostrando que a integração de M&A está avançando e há mais vantagens a serem capturadas nos próximos trimestres.

Por outro lado, segundo BBI, o negócio de veículos pesados ​​ainda está com mais dificuldades, pois o negócio foi fechado em dezembro de 2024.

Com base nas demonstrações financeiras, o estoque de veículos estava em R$ 3 bilhões, o que inclui o maquinário agrícola adquirido com a VAMOS Concessionárias. Na opinião do BBI, a redução do estoque é uma importante fonte de financiamento para reduzir a alavancagem financeira em 2025 e, consequentemente, as despesas financeiras.

Petz (PETZ3)

Na avaliação do JPMorgan, a Petz apresentou resultados operacionais acima do esperado no 4T24, impulsionados principalmente por uma maior lucratividade. O lucro líquido ajustado foi de aproximadamente R$ 10 milhões, acima dos R$ 3 milhões do 4T23, e em linha com os R$ 12 milhões projetados pelo banco.

As vendas líquidas cresceram 7% na base anual, enquanto o EBITDA ajustado avançou 24% na comparação ano a ano, impulsionado principalmente por uma melhor margem bruta, ficando 18% acima do JPMorgan e 14% acima do consenso.

Com a empresa negociando a 25 vezes P/L para 2025, o JPMorgan manteve recomendação neutra e preço-alvo de R$ 5,25.

A XP ressalta os resultados do 4T melhores, com um crescimento da receita ainda moderado, mas tendências de rentabilidade melhorando.

As vendas brutas consolidadas aumentaram 7% ano a ano, impulsionadas pelas vendas mesmas lojas (SSS) (+5%) e pela abertura de lojas (+16% nos últimos 12 meses). No canal, o varejo físico foi o destaque, com vendas acelerando (+11%) após três trimestres de queda, enquanto o digital permaneceu sólido (+6%).

Eneva (ENEV3)

A Eneva reportou resultados abaixo das expectativas do JPMorgan, com Ebitda ajustado de R$ 1,2 bilhão, cerca de 19% abaixo em relação à estimativa do JPMorgan de R$ 1,4 bilhão.

Segundo o JPMorgan, o desempenho abaixo das expectativas foi impulsionado principalmente por impactos não recorrentes, como: “1) Focus (geração solar) e comercialização de energia, com um Ebitda negativo de R$ 118 milhões (excluindo a marcação a mercado dos contratos, devido a problemas técnicos que impediram a geração por dois meses), e 2) Ebitda nulo no negócio de GNL(gás natural liquefeito) off-grid devido à compra de gás provocada por atrasos nas operações”.

Embora veja os resultados da eneva como negativos, JPMorgan manteve recomendação de compra sobre a empresa e preço-alvo de R$ 16, porque: “1) acreditamos que a ENEV seja a principal beneficiária do esperado aumento de preços nos próximos anos (com riscos positivos para lucros e crescimento); 2) estimamos uma avaliação descontada, apesar das oportunidades de crescimento no curto prazo”.

O Itaú BBA, por sua vez, avalia que a Eneva reportou resultados fracos e poluídos. O Ebitda ajustado não atingiu as estimativas de consenso devido aos resultados fracos no negócio de trading e nos ativos renováveis.

O BBA manteve recomendação de compra e preço-alvo de R$ 16,54 para Eneva.

Cemig (CMIG4)

A Cemig (CMIG4) reportou lucro líquido de R$ 998 milhões no quarto trimestre de 2024 (4T24), montante 47,1% inferior ao reportado no mesmo intervalo de 2023.

O lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) totalizou R$ 1,914 bilhão no 4T24, um recuo de 21,9% em relação ao 4T23.

A Genial Investimentos comenta que a companhia tem apresentado avanços em seu negócio principal: distribuição. Apesar do Ebitda mais fraco na comparação anual, a corretora ressalta que há impactos de uma base mais forte no 4T23, sobretudo no segmento de comercialização. Esse impacto mais negativo ficou com a Cemig Geração, que foi impacta pela maior exposição ao mercado de curto prazo.

A Genial manteve recomendação neutra e preço-alvo de R$ 12,50.

Os resultados operacionais da Cemig no 4T24 ficaram ligeiramente abaixo das estimativas da XP. Após excluir os efeitos não recorrentes, o EBITDA ajustado da Cemig de R$ 1,870 bilhão, ficando 5% abaixo das expectativas, principalmente explicado por despesas operacionais acima do esperado devido ao aumento de terceiros.

No entanto, a XP observa que a Cemig continua sua tendência operacional positiva no segmento de distribuição, demonstrando melhorias sequenciais e um aumento significativo no capex no período. A XP manteve recomendação neutra, com um preço-alvo de R$ 12,8.

Ânima (ANIM3)

A Ânima, por sua vez, reportou um bom resultado no 4T24, com Ebitda ajustado 9% acima das expectativas do JPMorgan, além de melhorar sequencialmente sua geração de fluxo de caixa, passando de R$ 224 milhões no 3T para R$ 255 milhões (incluindo a participação das minorias da Inspirali). “A análise por segmento é difícil devido à alocação entre Core e Inspirali no 4T23, mas nossa conclusão é que a Inspirali apresentou desempenho sólido de rentabilidade”, comenta o banco americano.

O JPMorgan reiterou recomendação neutra para Ânima.

Já o Bradesco BBI comenta que os resultados da Ânima foram em grande parte fracos, em linha com as expectativas do BBI, com uma queda de 1% no Ebitda. A receita registrou uma queda de 1% na base anual, sendo impactada por uma redução de 6% na graduação principal.

A dívida líquida aumentou R$ 107 milhões no trimestre, excluindo a aquisição da Eu Médico Residente (EMR), que teve impacto de R$ 52 milhões (abaixo da estimativa do BBI de R$ 136 milhões), atingindo R$ 2,9 bilhões ou 2,8 vezes o Ebitda, excluindo o impacto do IFRS 16 (contra 3,25 vezes no 4T23).

O BBI manteve recomendação de compra e preço-alvo de R$ 3,40.

Wiz (WIZC3)

A Wiz Co registrou uma queda de 15,6% no lucro consolidado no quarto trimestre, para R$ 71,6 milhões. O lucro líquido da controladora caiu 33,7%, para R$ 38,6 milhões.

O Itaú BBA aponta que a Wiz relatou uma receita líquida que atendeu às expectativas, mas o lucro líquido atribuível aos acionistas ficou aquém da sua estimativa de R$ 53 milhões. A perda veio principalmente de um evento pontual em impairment e resultados financeiros.

O prêmio emitido permaneceu em um forte R$ 930 milhões, um crescimento de 16% na base anual. A receita líquida do segmento de seguros, excluindo comissões, foi de R$ 146 milhões, em níveis semelhantes ao ano passado e ao último trimestre, enquanto o crédito e o consórcio cresceram 18% anualmente e permaneceram estáveis ​​trimestre a trimestre em R$ 41 milhões.

Quase todas as unidades de negócios melhoraram a receita na base trimestral, exceto a BRB, que teve receitas menores anual e trimestralmente. Em termos consolidados, a receita bruta e a receita líquida, excluindo comissões, vieram conforme o esperado em R$ 511 milhões e R$ 259 milhões, respectivamente.

O Ebitda ficou um pouco aquém (7% abaixo das expectativas e do último trimestre) devido a custos ligeiramente maiores e G&A. Os resultados financeiros impulsionaram a maior parte do erro em um impacto pontual e de variação cambial.

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