Como o STF reagiu aos ataques de bolsonaristas a Moraes na Avenida Paulista

O ministro Alexandre de Moraes foi o maior alvo dos ataques bolsonaristas na Avenida Paulista. Foto: reprodução

O Supremo Tribunal Federal (STF) demonstrou resistência às críticas feitas durante o ato bolsonarista na Avenida Paulista, mantendo sua coesão interna mesmo diante dos ataques diretos ao ministro Alexandre de Moraes. O pastor Silas Malafaia, em discurso inflamado, tentou isolar Moraes dos demais ministros ao afirmar que ele está transformando o STF no “Supremo Tribunal da Injustiça”, mas a estratégia não obteve o efeito desejado.

Segundo Lauro Jardim, do Globo, fontes próximas à Corte revelam que, após o evento, os ministros reforçaram em conversas reservadas a união do colegiado. Essa postura unificada já havia sido demonstrada na recente decisão unânime da Primeira Turma que tornou réus o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e sete aliados por tentativa de golpe de Estado em 2022.

O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) foi um dos mais agressivos em seus ataques ao STF, chamando Moraes de “ditador de toga” e “covarde”. Em tom desafiador, Ferreira convocou a plateia a gritar pelo afastamento do ministro: “Quem deseja o Xandão fora dê um grito”.

O parlamentar também direcionou críticas ao presidente do Supremo , Luis Roberto Barroso, por ter usado a expressão “perdeu, mané” em 2022.

Os discursos na Paulista revelaram uma estratégia dupla da extrema-direita: pressionar pela anistia dos envolvidos no 8 de janeiro enquanto intensificam os ataques ao Judiciário. Ferreira afirmou com convicção que o projeto de anistia já teria votos suficientes para ser aprovado na Câmara: “Se botar a proposta hoje na Câmara, passa com toda certeza”.

No entanto, as argumentações apresentadas durante o ato continham distorções sobre os processos judiciais. Os organizadores insistiram na narrativa de que Débora Rodrigues foi condenada apenas por pichar uma estátua, omitindo que a pena de 14 anos se refere a cinco crimes graves: abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, dano qualificado com violência, associação criminosa armada e deterioração de patrimônio tombado.

O foco dos bolsonaristas agora se volta para o ministro Luiz Fux, que já demonstrou posicionamentos distintos de Moraes em alguns casos. Bolsonaro expressou esperança de que Fux vote favoravelmente à anistia: “Há boa sinalização por parte do ministro Fux… Espero que ele apresente voto semelhante aos do Kassio Nunes e André Mendonça, pela absolvição”.

Fux já havia suspendido o julgamento da cabeleireira Débora Rodrigues ao pedir vista do processo, sinalizando discordância da pena de 14 anos proposta por Moraes.

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