
O vencedor do Prêmio Nobel de Economia Paul Krugman voltou a criticar duramente a política econômica do presidente Donald Trump. Em entrevista ao jornalista Mehdi Hasan, transmitida pela plataforma Substack, Krugman afirmou que os EUA vivem um momento inédito em sua história econômica:
“Essa é a primeira vez em que um presidente causa uma economia terrível”, disse. “Tivemos presidentes que falharam em responder [a uma crise], e Herbert Hoover errou ou foi infeliz em resposta à Grande Depressão, mas ele não a causou”, falou Krugman.
O principal alvo de suas críticas são as tarifas de importação implementadas e ampliadas por Trump. Para Krugman, mais do que os efeitos imediatos, o grande impacto está no clima de incerteza que essas medidas criam.
“É isso, mais até do que as tarifas em si, que está matando a economia. Os negócios estão paralisados. Ninguém sabe se deve investir em uma fábrica no México ou construir capacidade nos EUA. Todo mundo apenas cruza os braços”, afirmou.
“Seria melhor se Trump decidisse definitivamente por tarifas desastrosas, porque tarifas desastrosas que podem ou não acontecer são ainda piores”, atestou. “É insano.”

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Com sua retórica incisiva, Krugman comparou os EUA a regimes isolacionistas: “Estamos nos sancionando como se fôssemos a Coreia do Norte. É como se estivéssemos minando nossos próprios portos e bloqueando pistas de pouso. Estamos nos isolando do comércio internacional”, disse.
Segundo o economista, os EUA são altamente dependentes de cadeias globais de suprimento, especialmente nos setores de semicondutores e minerais estratégicos como terras raras. Para Krugman, reestruturar a economia interna para substituir essas importações levaria mais de uma década — e mesmo assim, com perdas. “Dizer que vamos aplicar tarifas massivas agora é um golpe devastador.”
Isolamento internacional e impacto nos mais pobres
Krugman alertou ainda para o impacto geopolítico da postura de Trump, que estaria afastando os Estados Unidos de aliados históricos. “Temos dificuldade de enxergar que outros países são reais, com orgulho e patriotismo próprios. Mas agora estamos vendo líderes do Reino Unido e Canadá dizerem que talvez precisem pensar sem os EUA.”
O economista também rebateu o argumento central do trumpismo de que tarifas protegeriam os trabalhadores americanos. “As tarifas atingem desproporcionalmente os mais pobres, que gastam mais com bens importados. É um imposto altamente regressivo”, explicou.
Ele criticou ainda o discurso nostálgico de reindustrialização: “Mesmo se eliminássemos todo o déficit comercial, o emprego no setor manufatureiro só subiria de 10% para 12,5%. É uma nostalgia tóxica. Querem voltar para 1955 — e isso não faz sentido nem seria bom.”
Trump, ideologia e lealdade cega
Na visão de Krugman, o protecionismo de Trump não é técnico, mas pessoal. “Há 40 anos ele achou que era mais esperto que todo mundo e que tarifas eram a solução. Nunca admitiu que estava errado. Agora quer provar que tinha razão, não importa o custo.”
Ele também criticou o ambiente de lealdade cega que, segundo ele, marca a relação de Trump com sua equipe econômica e aliados em Wall Street. “Eles seguem a lógica de ‘honrar os ensinamentos do presidente’, mesmo que isso signifique defender absurdos. Inteligência e reputação são venenos nesse ambiente”, afirmou.
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