Deputado bolsonarista contratou piloto investigado por tráfico de drogas

O deputado federal Euclydes Pettersen (Republicanos-MG) em discurso na Câmara. Foto: Divulgação

O deputado federal Euclydes Pettersen (Republicanos-MG) contratou, para seu gabinete na Câmara dos Deputados, um piloto investigado por tráfico internacional de drogas e suspeito de ligação com o Primeiro Comando da Capital (PCC). Carlos Bertozzo, de 33 anos, foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) por atuar no transporte de cocaína da Bolívia para o Brasil a serviço de uma organização criminosa. Com informações do The Intercept Brasil.

Apesar de já ter sido preso preventivamente em 2020, Bertozzo foi nomeado em maio de 2023 como secretário parlamentar, cargo que exige 40 horas semanais de serviço no Congresso e oferece salário bruto de R$ 18,7 mil. No ano seguinte, foi promovido a uma das funções mais altas da estrutura comissionada da Câmara (SP25).

De acordo com a Polícia Federal, Bertozzo pilotava para traficantes investigados nas operações Voo Baixo e Narcos. Ele teria transportado mais de uma tonelada de cocaína para cidades como Biritiba Mirim e Campinas (SP), além de recolher drogas em pistas clandestinas na Amazônia Legal.

Relatórios apontam que o piloto também foi flagrado em 2019 com 300 litros de gasolina em um avião bimotor após pouso clandestino no interior do Amazonas, o que levantou suspeitas de envolvimento com o garimpo ilegal e o narcotráfico na região.

Mesmo com o histórico criminal, o deputado Pettersen – aliado de Jair Bolsonaro e defensor da mineração em terras indígenas – contratou Bertozzo para seu gabinete. Ambos são de Governador Valadares (MG) e mantêm contato próximo nas redes sociais. Em uma foto publicada por Bertozzo, Pettersen comentou: “Eh trem que voa”.

Na prática, Bertozzo atua como piloto particular do deputado, apesar de estar registrado como servidor da Câmara. A aeronave usada pertence à empresa Magohany Imobiliária, sediada em Manaus e de propriedade do parlamentar. A justificativa é que voos privados gerariam economia, mas dados públicos revelam o contrário.

Carlos Bertozzo, piloto de avião suspeito de envolvimento com o PCC. Foto: Divulgação

Entre junho de 2023 e fevereiro de 2024, o gabinete de Pettersen gastou R$ 154,3 mil com passagens aéreas comerciais, R$ 258,3 mil em salários pagos a Carlos Bertozzo e outros R$ 102,6 mil com combustível para as aeronaves particulares utilizadas pelo deputado.

Procurado, Pettersen defendeu a contratação do piloto com base em sua “experiência e competência”. Alegou que Bertozzo tem o direito de exercer sua profissão até que o processo judicial tenha desfecho final. A defesa do piloto informou que houve um “reconhecimento parcial de absolvição em primeira instância”, mas o processo segue em sigilo.

Apesar de tirar licença não remunerada da Câmara no final de fevereiro de 2025 para se dedicar à pré-candidatura ao Senado, Pettersen manteve Bertozzo no gabinete, agora sob comando da suplente Kátia Dias (Republicanos).

Pettersen é apontado como integrante da “bancada do garimpo” no Congresso. Em 2019, se reuniu com José Altino Machado, conhecido como o “rei do garimpo”, ao lado de Hamilton Mourão. Ele também defende o Marco Temporal e a flexibilização do uso de agrotóxicos.

Estudos mostram que o narcotráfico tem ligação direta com o garimpo ilegal na Amazônia, fenômeno conhecido como “narcogarimpo”. O uso de aviões para transporte de drogas e combustíveis em pistas clandestinas é uma prática recorrente entre facções criminosas.

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