
Os analistas financeiros avaliam que o desempenho da Usiminas (USIM5) no primeiro trimestre deste ano (1T25) surpreendeu positivamente o mercado, após a empresa divulgar, na abertura dos mercados desta quinta-feira (24), um lucro líquido de R$ 337 milhões, número 845% superior ao registrado no mesmo período do ano passado. De qualquer forma, as ações têm um dia volátil: USIM5 abriu em queda, chegou a ter perdas de 6,59% (R$ 5,67), mas se recuperou e operou perto da estabilidade durante a tarde.
A cifra superou as estimativas da pesquisa da London Stock Exchange Group (LSEG), que apontavam para um lucro de R$ 225 milhões, graças a uma combinação de melhora operacional, ganhos financeiros líquidos e aumento das vendas, especialmente no mercado doméstico.
O Morgan Stanley classificou a ação como overweight (desempenho superior ao do seu índice de referência), com preço-alvo de R$ 8,20, apontando que o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado de R$ 733 milhões veio 7% acima do consenso da Visible Alpha e bem acima da própria projeção do banco, de R$ 590 milhões.
Ao olharem ponto a ponto do resultado, os analistas chegaram à conclusão de que o desempenho acima do esperado da companhia foi consequência direta de receitas maiores e menores despesas com vendas, administrativas e gerais. O lucro por ação de R$ 0,24 também superou previsões, auxiliado por ganhos financeiros inesperados, além de uma alíquota de imposto mais baixa que a estimada.
Para o Bradesco BBI, que mantém recomendação neutra com preço-alvo de R$ 6, o Ebitda foi 9% acima do projetado pela casa e representou o melhor resultado dos últimos dois anos. O banco observou que a performance da unidade de aço foi favorecida por um aumento de 4% nas vendas domésticas e pela queda de 2% no custo por tonelada. A unidade de mineração também apresentou recuperação, com alta nos preços realizados.
Apesar disso, o BBI anotou que o fluxo de caixa foi negativo em R$ 560 milhões, influenciado por maior necessidade de capital de giro, e a dívida líquida subiu para R$ 1,371 bilhão — o que elevou a alavancagem para 0,71 vez, ante 0,58 vez no quarto trimestre de 2024.
A receita líquida totalizou R$ 6,858 bilhões, 10% acima do apurado no primeiro trimestre do ano anterior. No campo operacional, o volume de vendas de aço alcançou 1,093 milhão de toneladas, 5% acima do mesmo período de 2024 e 3% superior ao trimestre imediatamente anterior. O destaque ficou para o mercado interno, que respondeu por mais de 1 milhão de toneladas comercializadas.
Na mineração, a produção de minério de ferro atingiu 2,1 milhões de toneladas, avanço de 12% em base anual, enquanto as vendas chegaram a 2,2 milhões de toneladas, com 75% destinadas à exportação.
Segundo o Morgan Stanley, os preços realizados do aço ficaram dentro do esperado (R$ 5.594 por tonelada), enquanto os preços do minério de ferro (R$ 413/t) superaram suas estimativas.
O custo por tonelada na divisão de mineração ficou acima do previsto, mas abaixo do esperado no segmento de aço, o que contribuiu para a expansão da margem Ebitda ajustada para 11%, ante 7% no mesmo trimestre do ano anterior.
Apesar do avanço, o caixa das operações registrou saldo negativo de R$ 431 milhões, resultado inferior ao consenso da Visible Alpha, de R$ 251 milhões. O Morgan Stanley apontou que a maior necessidade de capital de giro, mesmo com o Ebitda mais elevado, foi o principal fator por trás da discrepância.
O JPMorgan, por sua vez, mantém recomendação underweight (desempenho abaixo da expectativa do mercado) para USIM5, com preço de R$ 6,07. O banco reconhece que o trimestre foi forte, com Ebitda de R$ 733 milhões, superando suas estimativas em 13,8% e o consenso em 5,4%.
Destaca como principais vetores positivos o desempenho da divisão de aço — com volumes maiores, menor participação das exportações e melhores preços — e um Ebitda de R$ 528 milhões na unidade, alta de 44,3% ante o trimestre anterior. Entretanto, os estrategistas afirmam que a divisão de mineração ficou aquém das expectativas, com custos 33,4% acima do projetado.
Eles apontam, ainda, que o fluxo de caixa livre foi negativo em R$ 646 milhões, afetado pelo consumo de capital de giro.
O que esperar da Usiminas no 2T25
Em relação ao segundo trimestre deste ano (2T25), a companhia disse que espera manter volumes de venda e receita líquida por tonelada próximos aos do primeiro trimestre, com possibilidade de preços mais altos no fornecimento às montadoras. O Morgan Stanley vê esse guidance como um indicativo de estabilidade no Ebitda, com viés de alta frente às projeções internas, enquanto o Bradesco BBI avalia que o tom da empresa para o segundo semestre é mais conservador, diante de pressões oriundas de importações persistentes e possível enfraquecimento da demanda.
A XP Investimentos avalia que, para o 2T25, a Usiminas espera resultados estáveis para o setor de Aço, refletindo volumes estáveis trimestre a trimestre, com receita por tonelada estável — preços mais altos para o setor automotivo e estáveis para o segmento de Indústria, compensados por preços spot mais fracos, refletindo a redução dos preços brasileiros de bobina a quente (BQ). Além disso, espera-se CPV (custo dos produtos vendidos) por tonelada sequencialmente mais baixos, após iniciativas de ganhos de eficiência.
A unidade de mineração também deve apresentar volumes estáveis, mas com preços mais fracos após os ajustes no mercado internacional. Na visão da XP, a melhora nos resultados e as implicações positivas de custo ajudam a mitigar os riscos de desaceleração macroeconômica no segundo semestre, embora a crescente penetração de importações de aços planos siga como um risco negativo para preços domésticos.
Já o JPMorgan espera, para o segundo semestre, um cenário mais complicado para a Usiminas, com impacto de importações, juros altos e incertezas globais.
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