O plano do PT para evitar que bolsonaristas travem votações

Bolsonaro e Alexandre Ramagem foram denunciados por tentativa de golpe de Estado. Foto: reprodução

O Partido dos Trabalhadores (PT) iniciou uma mobilização para impedir que a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara aprove um pedido do PL para suspender o processo penal contra o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ) no Supremo Tribunal Federal (STF). A medida, se aprovada, pode travar pautas do governo Lula, assim como ocorreu com a discussão sobre anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro.

O ministro Cristiano Zanin, do STF, enviou um ofício à Câmara nesta quinta-feira (24) esclarecendo que a ação penal contra Ramagem não pode ser totalmente suspensa. O relator do caso, deputado Alfredo Gaspar (União Brasil-AL), no entanto, pretende colocar o tema em votação na próxima semana.

Governistas temem que a proposta seja aprovada, beneficiando não apenas deputado de extrema-direita, mas também o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), também investigado por tentativa de golpe de Estado.

Ramagem foi denunciado pelo STF por integrar o núcleo central de uma organização criminosa acusada de tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. A Constituição permite que a Câmara suspenda processos por crimes cometidos após a diplomação, mas não anule toda a ação penal.

Zanin destacou que apenas duas acusações, dano qualificado com violência e deterioração de patrimônio tombado, ocorridos em 8 de janeiro de 2023, poderiam ser sustadas.

O líder do PT, Lindbergh Farias (RJ), acionou o STF para esclarecer quais crimes de Ramagem ocorreram antes e depois da diplomação. “Querem tumultuar o julgamento de Bolsonaro e dos principais denunciados pela tentativa de golpe de Estado”, criticou.

O parlamentar usou as redes sociais para explicar que “a atuação da Primeira Turma do STF, instada no exercício de dever de fiscalização parlamentar, está cingida aos seus deveres constitucionais, com o objetivo de que a análise do recurso do PL se dê nos estreitos limites da legalidade constitucional”.

Ele também compartilhou o despacho, recebido de Zanin na última quarta-feira, com a decisão.

Já o líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ), defendeu a suspensão do processo. “Se a Constituição no Brasil vale, e o devido processo legal tem valor, todo o processo será paralisado”, afirmou.

A escolha de Gaspar como relator gerou desconforto entre petistas, que o consideram alinhado ao bolsonarismo. O deputado foi um dos signatários do requerimento de urgência para o projeto de anistia aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro.

O presidente da CCJ, Paulo Azi (União Brasil-BA), defendeu a nomeação, afirmando que Gaspar atuará com isenção. “Ele vai fazer uma avaliação isenta do caso. Perguntei se ele estava disposto a assumir a responsabilidade com equilíbrio e isenção”, disse Azi.

Segundo o Estadão, o PT avalia que a proposta pode dividir a Câmara e servir como termômetro para uma possível anistia a Bolsonaro. Lideranças petistas buscam convencer o Centrão a não apoiar a medida, mas reconhecem que a irritação de deputados com operações judiciais, como a Overclean, que atingiu o União Brasil, pode fortalecer a oposição.

A matéria deve ser votada na CCJ até o fim do mês e, se aprovada, seguir para o plenário. A Câmara tem 45 dias para decidir.

Conheça as redes sociais do DCM:
⚪Facebook: https://www.facebook.com/diariodocentrodomundo
🟣Threads: https://www.threads.net/@dcm_on_line

Adicionar aos favoritos o Link permanente.