Hipertensão: apenas 30% dos pacientes seguem o tratamento corretamente, aponta estudo

A hipertensão arterial, mais conhecida como “pressão alta”, afeta cerca de 28% da população adulta, segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), mas apenas 30% dos pacientes seguem corretamente o tratamento. O Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão, que ocorre neste sábado (26), reforça o alerta sobre uma das doenças crônicas mais prevalentes no país.

De acordo com o Ministério da Saúde, 388 pessoas morrem por dia no Brasil devido a complicações relacionadas à pressão alta. Além disso, estima-se que 10 milhões de brasileiros convivam com a doença sem diagnóstico ou acompanhamento médico adequado.

Leia mais: Substituir manteiga por óleo vegetal pode reduzir o risco de morte em até 17%

Um dos principais problemas em relação à hipertensão é que ela é frequentemente assintomática, o que contribui para seu diagnóstico tardio.

Segundo o cardiologista Thiago Scudeler, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, essa falta de controle pode ter consequências graves. “A hipertensão é silenciosa, ou seja, não costuma causar sintomas, mas está fortemente associada a acidente vascular cerebral (AVC), infarto, insuficiência renal e morte súbita”, afirmou.

Adesão ao tratamento

Um estudo da Funcional Health Tech, que desenvolve tecnologias para programas de suporte a pacientes no Brasil, revelou exclusivamente ao InfoMoney que a adesão ao tratamento da hipertensão é 73% maior entre aqueles que utilizam soluções como Benefício Farmácia (BF), Programas de Benefício em Medicamentos (PBM) e Programas de Suporte ao Paciente (PSP).

Entre os beneficiários do BF, 52% das pessoas diagnosticadas com hipertensão utilizaram medicamentos em 2024, bem acima da média nacional de 30%. O levantamento também apontou que o valor médio dos remédios contínuos foi de R$ 72,24, mas os usuários do BF pagaram cerca de R$ 29,76, resultando em uma economia de 58,8%.

Leia mais: Tomar café no escritório pode aumentar o colesterol, diz estudo

Segundo Scudeler, ter acesso facilitado é fundamental para superar os principais obstáculos do tratamento, especialmente o custo dos medicamentos, que impacta principalmente os pacientes de menor renda.

Além da questão financeira, ele destaca que o sentimento de acolhimento também faz diferença. “O simples fato de o paciente se sentir amparado por um programa que oferece suporte já cria um vínculo de confiança com o tratamento, o que também ajuda a manter a regularidade no uso”, disse.

Dados

A edição de 2023 do Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco ou Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), pesquisa nacional realizada anualmente pelo Ministério da Saúde, mostrou que a prevalência da hipertensão é ligeiramente maior entre as mulheres, especialmente nas faixas etárias mais avançadas.

De acordo com Scudeler, há razões clínicas e comportamentais para isso. “Mudanças hormonais após a menopausa contribuem para o aumento da pressão arterial nas mulheres. Além disso, as mulheres tendem a viver mais do que os homens, o que aumenta a chance de desenvolver doenças crônicas, como a hipertensão”, explicou.

O especialista também destaca que o público feminino busca mais serviços de saúde, o que pode ser uma das causas para o maior número de diagnósticos.

Sintomas e causas

O cardiologista aponta que a alimentação é um fator importante na hipertensão, como é bem conhecido pelo público.

“O consumo elevado de sal, alimentos ultraprocessados e embutidos, mais comum em algumas áreas urbanas, está diretamente relacionado ao aumento da pressão arterial”, explica Scudeler.

Apesar da hipertensão muitas vezes ser assintomática (daí o apelido de “assassina silenciosa”), quando os sintomas aparecem, eles podem incluir:

  • Dor de cabeça (especialmente na nuca)
  • Tontura
  • Falta de ar
  • Visão embaçada ou turva
  • Zumbido no ouvido
  • Dor no peito
  • Palpitações
  • Sangramento nasal
  • Fadiga ou confusão mental

Prevenção

O especialista enfatiza que o mais importante no enfrentamento da hipertensão começa pelo diagnóstico precoce, seguido de educação em saúde e suporte contínuo. Na visão dele, campanhas regulares de aferição de pressão em locais públicos, empresas, escolas e unidades de saúde são indispensáveis.

“Além disso, orientar a população sobre os riscos da hipertensão e a importância de medir a pressão regularmente, mesmo quando não há sintomas, é um passo fundamental”, afirma o cardiologista.

Scudeler também defende o uso de tecnologias e equipes multidisciplinares, como o acompanhamento remoto dos pacientes (por meio de aplicativos ou telefonemas), enfermeiros e farmacêuticos clínicos monitorando a adesão ao tratamento, além de mensagens de texto ou notificações para lembrar os pacientes de tomar o remédio ou medir a pressão.

Essas iniciativas aumentariam a conscientização dos pacientes sobre a própria doença e, consequentemente, promoveriam um maior engajamento no autocuidado, refletindo diretamente na qualidade de vida e na redução de complicações futuras.

The post Hipertensão: apenas 30% dos pacientes seguem o tratamento corretamente, aponta estudo appeared first on InfoMoney.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.