
A Eletrobras (ELET3; ELET6) comunicou ao mercado que seu Conselho de Administração decidiu, por unanimidade, pela aplicação de advertência ao conselheiro Marcelo Gasparino da Silva. A penalização foi a terceira em menos de um mês para o conselheiro, por “cometimento de falta grave” e por reincidência de condutas que violam a Lei das S.A. (Lei nº 6.404/76) e normas da companhia. A advertência vem em meio à acirrada disputa por vagas no conselho de administração da companhia que será eleito em assembleia na terça-feira (29).
Gasparino não foi indicado pela administração da Eletrobras para recondução ao colegiado, que passará pela primeira grande reformulação desde a privatização da companhia, em 2022. Apesar disso, ele concorre na disputa como indicado pelos acionistas Geração L. Par, Tempo Capital Principal, RPS e Clave.
Gasparino, que já participou de conselhos de várias grandes companhias e hoje é também conselheiro da Vale e do Banco do Brasil, tem criticado abertamente outros conselheiros da Eletrobras em sua conta pessoal do LinkedIn e pedido votos para eleição dele e de José João Abdalla Filho, um importante acionista individual da Eletrobras e que também concorrente ao posto de conselheiro.
Segundo o informe, a primeira advertência aconteceu em 28 de março, em razão de publicações no perfil pessoal do conselheiro na rede social Linkedin, em 23, 24, 25 e 26 de março. A companhia afirma que as publicações não guardam relação com veracidade de fatos ocorridos e registrados em atas, que houve desrespeito ao sistema de governança corporativa da companhia, veiculação de informações sem comprovação fática e, ainda, risco de afetação negativa a reputação e imagem da Eletrobras.
No dia 16 de abril, o conselheiro recebeu uma nova advertência por mais publicações realizadas no mesmo perfil em 10, 11, 12 e 13 de abril. A infração, nesse caso, foi considerada média pela reincidência e também pela divulgação de informações classificada como confidencial. A reincidência foi vista como um fator de agravamento.
A advertência comunicada neste sábado (26) diz respeito à publicação realizada no dia 25 de abril e diz respeito a infração considerada grave por reincidência e pela sensibilidade do material confidencial divulgado para pessoa estranha à empresa. A pessoa citada no comunicado é repórter da Folha de S. Paulo, que teve uma troca de mensagens exposta na rede social do conselheiro. “Como a Folha de S. Paulo não retirou do ar a dolosa matéria que me cita, peço que leiam a íntegra da conversa, e cheguem as suas próprias conclusões”, afirma o conselheiro.
De acordo com prints divulgados pelo próprio Gasparino, o conselheiro teria enviado documentos confidenciais à repórter e, depois cobrado inclusão de informações em nota sobre o tema.
Em relatório anexo ao comunicado, o Conselho também menciona repercussões em mídia e impacto reputacional e cita nota de repúdio da Abraji pela exposição que o conselheiro fez de repórter da Folha de S. Paulo. Nas últimas semanas, a Eletrobras publicou também cartasdirecionadas a acionistas, nas quais já criticava pronunciamentos “oportunísticos, midiáticos e intempestivos”, embora sem citar nominalmente Gasparino.
Além de Gasparino e Abdalla, dois outros nomes também estão concorrendo a uma vaga no conselho da Eletrobras fora da lista recomendada pela empresa. Afonso Henriques Moreira Santos foi indicado pelo Banco Clássico, de Abdalla. Já Rachel Maia foi sugerida pelo mesmo grupo que indicou Gasparino, mas para a votação separada de preferencialistas, na qual concorre com Pedro Batista, da gestora Radar.
Impacto para papéis
Apesar da disputa acirrada, os papéis não refletem a tensão presente na companhia. Às 12h33, ELET6 avançava 0,19%, a R$ 47,28, e ELE3 sobe 0,46%, a R$ 43,64. Para a Genial, a disputa é vista como negativa por demonstra a ausência de unidade/consenso entre os conselheiros privados, em especial considerando se tratar de nomes de grande referência no mercado financeiro. No entanto, maiores avaliações são consideradas prematuras antes das eleições.
“Entretanto, uma avaliação mais sóbria em relação a essas movimentações deve ser realizada após o término das eleições pelo conselho (marcada para esta terça-feira) – afinal de contas, disputas dentro do ambiente corporativo não são incomuns e não devem ser sobre-estimadas em relação a tese da empresa como um todo”, aponta a análise.
(com Reuters)
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