
O primeiro-ministro canadense, Mark Carney, afirmou que se reunirá com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em Washington na próxima terça-feira (6), marcando o primeiro encontro presencial entre os dois desde que Carney venceu as eleições, em parte, com uma mensagem contrária a Trump.
“É importante se engajar imediatamente, o que sempre foi minha intenção e também a dele. Estou satisfeito por ter a oportunidade de realizar uma série bastante abrangente de reuniões que ocorrerão na terça-feira”, disse Carney a repórteres em Ottawa, confirmando um relatório anterior da Bloomberg News.
A reunião terá como foco questões comerciais e o relacionamento mais amplo entre Canadá e EUA, afirmou o primeiro-ministro. Ele destacou que as conversas serão “difíceis, mas construtivas” e alertou que ninguém deve esperar um acordo imediato sobre a guerra comercial, que levou os EUA a impor tarifas sobre aço, automóveis e outros produtos canadenses, enquanto o Canadá retaliou com suas próprias tarifas sobre uma variedade de bens fabricados nos EUA.
O encontro presencial é de grande importância para Carney, que liderou seu Partido Liberal a uma vitória surpreendente prometendo vencer a guerra comercial com os EUA e proteger a soberania canadense diante da agressão americana. Ele rejeitou as ameaças de Trump de transformar o Canadá no 51º estado dos EUA, afirmando que o antigo relacionamento econômico e de segurança com os EUA “acabou”.
Trump havia antecipado a visita em uma reunião de gabinete no início desta semana, quando disse que Carney estaria vindo à capital dos EUA “dentro de uma semana ou menos”. Os dois líderes conversaram por telefone na terça-feira (29), e Carney afirmou que Trump não voltou a mencionar seu desejo de tornar o Canadá um estado americano — uma ideia rejeitada por uma grande maioria dos canadenses.
Trump iniciou a guerra comercial contra o Canadá ao assinar uma ordem executiva em fevereiro, alegando que as tarifas eram necessárias devido ao papel do Canadá no comércio de fentanil. Dados do governo dos EUA mostram que apenas pequenas quantidades da droga ilícita que entram nos EUA vêm do Canadá. Carney afirmou na sexta-feira que não está claro por que as tarifas relacionadas ao fentanil ainda estão em vigor.
O Canadá retaliou contra as medidas dos EUA com tarifas sobre cerca de C$ 60 bilhões (US$ 43,5 bilhões) em bens americanos, além de impor tarifas sobre automóveis fabricados nos EUA. A General Motors está desativando uma de suas fábricas de montagem no Canadá e anunciou nesta sexta-feira (2) que está cortando um turno em outra, citando as tensões comerciais. “Estamos em uma crise”, disse Carney, mencionando a decisão da GM e acrescentando que “consequências” não especificadas aguardam empresas que reduzirem a produção.
Carney e Trump conversaram pela primeira vez por telefone em 28 de março, duas semanas após o ex-banqueiro central substituir Justin Trudeau como primeiro-ministro. Durante a campanha eleitoral, Carney prometeu fortalecer as relações comerciais do Canadá com a Europa e a Ásia, embora a geografia e a história tornem quase impossível desvincular-se dos EUA.
“Superamos o choque da traição americana”, disse Carney em seu discurso de vitória na madrugada de terça-feira. “Mas nunca devemos esquecer as lições.”
Em um movimento que pode ter como objetivo enfatizar a soberania do Canadá, Carney afirmou que pediu ao Rei Charles III, chefe de estado do Canadá, para proferir o Discurso do Trono na abertura do Parlamento em 27 de maio. A última vez que um monarca abriu o Parlamento no Canadá foi a Rainha Elizabeth II, em 1977.
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