“Questão política”: general explica omissão por não investigar Pazuello por golpismo

O general Pazuello enquanto ministro da Saúde. Foto: reprodução

O general Marco Antonio Freire Gomes, ex-comandante do Exército, prestou depoimento à Polícia Federal no último dia 2, no âmbito da Operação Tempus Veritatis, que investiga a trama da tentativa de golpe de Estado durante o governo Bolsonaro.

Segundo os relatos, Freire Gomes confessou não ter tomado nenhuma providência para investigar uma suposta articulação golpista feita pelo general da reserva e deputado Eduardo Pazuello (PL-RJ), ex-ministro da Saúde.

De acordo com a PF, Pazuello teria procurado o então presidente Jair Bolsonaro (PL) após a vitória de Lula para “propor uma ruptura constitucional”, baseando-se em uma interpretação distorcida do artigo 142 da Constituição. O relato da iniciativa foi feito pelo tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, em áudio enviado ao então comandante do Exército, Freire Gomes.

No depoimento, Freire Gomes justificou sua inação em relação a Pazuello como uma “questão política”, afirmando que a ação do general não teria influência direta sobre o Exército. Com essa resposta, ele confirmou que não investigou abertamente as ações consideradas golpistas de um general da reserva, que ainda mantém vínculos com as Forças Armadas e obrigações legais.

O general Freire Gomes, ex-comandante do Exército. Foto: reprodução

É importante ressaltar que em 2022 a Marinha puniu um almirante da reserva por criticar a partidarização das Forças Armadas em uma entrevista.

Pazuello, que era da ativa quando atuou como ministro da Saúde, foi isentado pelo Exército em 2021, mesmo após subir em um palanque para defender Bolsonaro em uma motociata. Na época, o chefe da Força era Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, também investigado pela PF por sua suposta atuação golpista como ministro da Defesa.

Além das oitivas do dia 2, nesta sexta-feira (15) o general Freire Gomes e o tenente-brigadeiro Carlos Baptista Júnior, ex-comandante da Aeronáutica prestaram novos depoimentos. Os militares forneceram mais detalhes sobre as intenções golpistas de Bolsonaro, revelando inclusive o discurso que seria publicado pelo ex-presidente no ato do golpe.

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