Gestoras reduzem ou zeram posições em Vivara (VIVA3), pessimistas com troca de CEO

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A troca surpresa no comando da Vivara (VIVA3) na última sexta-feira (15) explicitou desafios de governança, na visão de agentes do mercado, e levou a uma forte correção dos papéis nas duas sessões seguintes ao anúncio. As ações da empresa despencavam quase 7% pouco antes das 11h desta terça-feira (19), cotadas a R$ 24,69, ampliando as perdas de 14% vistas na véspera (18).

Dentro de gestoras, a mudança também foi vista com forte pessimismo, alterando a visão positiva quase consensual das assets para a companhia antes da entrada de Nelson Kaufman, que assumiu o cargo de diretor presidente no lugar de Paulo Kruglensky.

“Era uma história ‘super-redondinha’. Ninguém tinha a troca no radar. Faz sentido trocar o presidente quando tem um problema e a empresa está em situação delicada, ou quando a pessoa vai se aposentar”, disse. “Mudanças de ‘supetão’ não existem em empresas bem tocadas, ou quando o CEO está fazendo um bom trabalho”, acrescentou uma fonte.

A mudança no topo da administração da Vivara também levou a alterações nas carteiras. Gestoras ouvidas sob a condição de anonimato pelo InfoMoney disseram que zeraram ou que devem reduzir posições. Para algumas, a queda vista na véspera é “justificada”.

“Gerou uma incerteza grande em cima do capital da companhia, da retenção de executivos e também sobre a alocação estratégica. A partir de hoje, a empresa merece um desconto por governança”, disse uma fonte.

Um dos pontos que mais geraram ruído no mercado foi o desejo de internacionalização apresentado por Kaufman em entrevista ao Pipeline, do jornal Valor Econômico. Segundo algumas casas, a Vivara já havia citado a possibilidade, mas sempre ponderando a vontade de dar prioridade ao mercado interno.

“Quantas varejistas tentaram ir para fora, mas não conseguiram? Temos Arezzo e Alpargatas, como exemplo”, pontua um profissional. Para ele, a Vivara teria capacidade de expandir mais a sua presença no Brasil. Um dos destaques, diz, seria a marca Life, que é focada no público jovem e em peças prata, e que poderia ser um “motor de crescimento” para a companhia por ter iniciado seu processo de expansão há menos tempo.

Teleconferência “desastrosa”

Outro ponto de atenção para algumas gestoras ouvidas pela reportagem foi a teleconferência realizada na última segunda-feira (18). Segundo as casas, a reunião com investidores foi “desastrosa”.

“Ele [Kaufman] menosprezou o trabalho da diretoria atual e não deixou claro o direcional da estratégia. Citou os Estados Unidos como possibilidade de expansão da marca, mas o país possui um ambiente muito mais competitivo e difícil. A Vivara não tem força de marca lá”, observou um analista de uma gestora.

A ausência de Paulo Kruglensky na teleconferência para a passagem de bastão também foi vista como um sinal de alerta. “Ele não apareceu na call. Dá a entender que houve um atrito entre os dois”, diz.

Para o profissional, as mudanças fizeram com que seja mais “justificado” ter posição nas ações. “Não sei o que vai acontecer se a empresa ficar um ou dois anos na mão dele [Kaufman]”, acrescenta.

Bancos mantêm recomendação de compra

Por outro lado, algumas casas optaram por manter recomendações de compra para os papéis. Em relatório, a equipe de análise da XP defendeu que o novo CEO tem “forte expertise” no negócio, ao ressaltar que ele fundou e liderou a companhia antes da abertura de capital, e que acredita que ele não deve realizar “mudanças muito disruptivas” na estratégia da empresa.

Apesar disso, os analistas da XP destacaram que a mudança de CEO da Vivara traz “incertezas para a tese” e que irá monitorar de perto os próximos passos para definir o tom da performance da ação.

Especialistas do J.P. Morgan, por sua vez, avaliaram que a mudança na liderança sugere um possível deslocamento do foco da empresa para a internacionalização, enquanto a expansão da bandeira Life tem gerado resultados positivos significativos.

Nos cálculos dos analistas do J.P. Morgan, a Vivara negocia a um preço sobre lucro de 14 vezes e 11 vezes em relação aos resultados esperados para 2024 e 2025, respectivamente. Em relatório, o banco americano reiterou uma exposição acima da média do mercado, equivalente à compra, para as ações e preço-alvo de R$ 39, mas afirmou que aguarda “uma melhor visibilidade sobre as possíveis mudanças de estratégia”.

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