Lollapalooza 2024 opta por comunidade trintona alternativa e lança luz nos jovens fãs de música eletrônica

O próximo Lollapalooza é um capítulo bem específico de sua história no Brasil. Um já senhorzinho de 11 anos de idade, o festival vinha flertando constantemente com uma edição feita para seus contemporâneos, os jovens de outrora que agora buscam reconexão com o passado não tão distante. Sem muita resistência, esse dia chegou.

2024 vai marcar o ano no qual a música pop internacional, com um pézinho no Indie Rock e muita influência dos anos 2010’s passou por Interlagos. Depois de brotar por aqui num show mais modesto, Kings of Leon assume a função de destaque para centenas de milhares, bem como a miragem de Blink-182 no Brasil – que agora vai mesmo acontecer. 

Essa é uma revista de música eletrônica brasileira, sim, mas mantenha a paciência, já chegaremos no assunto. Antes, porém, é preciso mencionar a mesa de café posta pelo Lolla para bater papo com os nascidos nos anos 90. Arcade Fire, Limp Bizkit, os eternos Titãs, Journey, Sam Smith, essa galera toda que fez e faz sucesso na juventude adolescente dos agora trintões, não estão no festival por acaso. 

Esperta, a marca soube abraçar uma revoada de gente sem grupo. Muitos alheios aos movimentos modernos, que tem poder de consumo e uma demanda represada por anos. Essa gente é unida pelo vácuo. Gente que não tem a bandinha Indie que ama, aquele Rock romântico em desuso, o grupo que explodiu há 10 anos e depois sumiu, a estrela que nunca tinha vindo, o vocalista que canta pra música eletrônica e pra erudita. 

Entender o mercado é sempre um grande desafio, mas um grande mérito. E esse elogio chega ao funk, chega ao popular brasileiro, chega às sonoridades que pouca gente conhece, mas que carregam consigo uma parcela compradora de ingresso – o que um evento precisa para alcançar o sucesso. E essa mescla de identidades bateu na porta da música eletrônica, cuja curadoria foi, ao ver deste autor, completamente refeita. 

Para 2024, o já querido palco Perry’s terá um olhar muito cuidadoso para o que se faz no Brasil. Falta de verba ou decisão cultural? Opto pela segunda, porque faz sentido com o resto da curadoria musical. As escolhas por nomes da cena paulistana, por exemplo, fazem uma alusão à rua da cidade que abriga o Lolla, bem como a decisão por nomes fortes entre os frequentadores de clubes, bares e rolês locais. É muito além do rádio. Ou aquém, você decide.

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Diferentemente de anos passados, o próximo line-up de música eletrônica é uma seleção que atua em casa, que tá aqui sempre, que é simples, e bom. Tem seus big names? Os que vendem ingressos? Tem, mas em quantidades muito menores. Um ou dois por dia, para ser otimista. Essa é uma escolha complexa, polêmica e muito aberta à discussão, mas corajosa. Talvez seja um capítulo 2 do The Town e você nem tenha notado. 

Os festivais parecem caminhar numa mesma direção, abrindo mão dos principais nomes e escolhendo comunidades, abraçando coletivos menores, mas que, somados, fazem uma multidão. Agora, a música eletrônica vê se formar um line-up distante do estrelado, mas que tem algumas lógicas, ligações com a cidade, conexões de gênero e gênero, musical e físico. Acompanhar a curva é uma tarefa divertida. 

Resta saber como a pista, e os ingressos, vão responder à medida. 

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