Indígena mexicana enfrenta 12 anos de internação por falta de tradutores nos EUA

Rita Patiño Quintero, uma indígena Rarámuri do estado de Chihuahua, México, foi internada em um hospital psiquiátrico nos Estados Unidos por 12 anos devido à incapacidade das autoridades de compreender sua língua. A história de Rita é retratada no documentário “La Mujer de Estrellas y Montañas”, lançado em abril de 2024 pelo cineasta Santiago Esteinou.

Mal-entendidos e confinamento

A saga começou quando ela foi descoberta refugiada no porão de um templo metodista em Manter, Kansas, comendo ovos crus. Levantou-se a hipótese de que ela havia chegado diretamente do México, atravessando a fronteira devido à sua habilidade excepcional em corrida, característica cultural dos Rarámuri. Ao ser levada para uma delegacia, Rita bateu em um policial, o que agravou sua situação.

As autoridades, incapazes de entender sua língua nativa, rarámuri, e sem acesso a tradutores competentes, interpretaram erroneamente sua situação como um caso de distúrbio mental. Ela foi encaminhada ao tribunal, onde foi considerada um perigo para si mesma e internada em um hospital psiquiátrico.

No hospital, Rita permaneceu por 12 anos sem compreender o que estava acontecendo, sendo medicada sem um diagnóstico adequado. As barreiras linguísticas e a falta de entendimento cultural fizeram com que ela fosse vista como uma paciente comum, sofrendo isolamento e violência institucional.

Libertação e retorno ao México

A reviravolta na história começou em 1994, quando a organização Serviços de Defesa e Proteção do Kansas revisou casos de pacientes internados há mais de cinco anos. A advogada Toria Mroz foi designada para o caso de Rita e descobriu que a origem indígena de Rita estava documentada em seus registros médicos, mas nunca havia sido considerada para sua liberação.

Após uma longa batalha judicial, Rita foi liberada em 1995 e retornou ao México. No entanto, sua indenização foi muito inferior ao solicitado e grande parte do dinheiro foi mal administrado, deixando-a novamente em situação de pobreza. Apesar disso, ela encontrou algum conforto em sua terra natal, vivendo seus últimos anos com sua sobrinha.

Fonte: G1

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