Versão brasileira de texto da Broadway, “Sylvia” chega a BH

Montagem idealizada pela atriz Simone Zucato, “Sylvia” também traz Cássio Scapin e Vera Zimmerman no elenco

Patrícia Cassese | Editora Assistente

Foi no ano de 1995 que “Sylvia”, texto teatral de A.R. Gurney, estreou em Nova York – à época, no circuito off-Broadway. O elenco era capitaneado por ninguém menos que a atriz Sarah Jessica Parker. Desde então, o sucesso foi crescente, sucedendo-se outras montagens, até a iniciativa chegar ao circuito oficial Broadway, em 2015 – desta vez com Annaleigh Ashford no papel principal. Pois bem, uma das pessoas que foram assistir à empreitada foi a atriz e produtora paulista Simone Zucato. Rendida pelo que vivenciou, ela não demorou a pensar na possibilidade de replicar a experiência no Brasil. E deu liga. Assim, a peça estreou em 2019 e, após o período pandêmico, voltou em cartaz no ano passado. A boa notícia é que, agora, aporta em BH para duas apresentações no Sesc Palladium.

Sob a direção de Gustavo Wabner e com tradução de Simone Zucato, que, no palco, vive o papel-título da peça, o espetáculo convida todos a embarcarem em uma viagem para a vibrante Nova York dos anos 1990. Lá, Greg (Cássio Scapin), um homem de meia-idade e classe média alta, encontra a adorável cadelinha Sylvia no parque. Enternecido, decide levá-la para o lar compartilhado com a esposa, Kate (Vera Zimmermann). Porém, a decisão acaba por desencadear uma série de eventos. O elenco conta, ainda, com Thiago Adorno.

Reflexões

Em entrevista ao Culturadoria, Simone comenta que, na decisão de trazer o texto para o país, pesou um aspecto que, curiosamente, nem está relacionado diretamente ao universo das artes cênicas. “Na verdade, foi o amor que tenho pelos cachorros. Eu sou extremamente cachorreira, tenho cachorros desde a minha infância. E quando li a peça e me dei conta do que ela falava… Claro, fala sobre muitas outras coisas, mas o mote central é a chegada de uma cachorra na casa de um casal. E essa cachorra causa muitas… não vou dizer confusões, mas muitas reflexões”, situa ela, acrescentando que a montagem brasileira não traz diferenças marcantes em relação à original.

Simone Zucato em cena de "Sylvia" (Victor Hugo Cecatto/Divulgação)
Simone Zucato em cena de “Sylvia” (Victor Hugo Cecatto/Divulgação)

New York, New York

“Na verdade, a gente só não fica situando, ou seja, não fica o tempo todo falando que é Nova Iorque, que é o Central Park. Claro, tudo (o que está na peça) passou pelo crivo do representante do autor, mas a gente não situa a narrativa tão pontualmente em Nova Iorque. Por outro lado, também não abrasileiramos. Ou seja, a história não se passa no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, ou em Belo Horizonte. A ação se passa em Nova Iorque, isso é sabido pela sinopse. Assim, quando a pessoa entra no teatro, ela já sabe que é uma peça norte-americana, que tem o Central Park ali, como fundo”.

Aliás, Simone inclusive entende ser importante deixar isso claro, pelo fato de ela, enquanto produtora, fazer questão de sempre manter fidelidade em relação ao que está trazendo de fora para montar no Brasil. “Eu sou da opinião que é importante seguir aquilo que o autor escreve”.

A estreia oficial

Vale lembrar que, quando “Sylvia” estreou no Brasil, em 2019, quem interpretava a personagem Kate era a saudosa Françoise Forton (1957 – 2022). Com a partida da atriz, a produção partiu para procurar alguém que a substituísse à altura. “E daí surgiu o nome da Verinha (a já citada Vera Zimmermann), essa pessoa encantadora, incrível, uma amiga, colega, atriz espetacular. A Vera veio para agregar, quando a Fran partiu. Ela nos foi apresentada pelo diretor, o Gustavo Wabner”. Kate, explica Simone, é uma mulher que não quer saber de cachorro naquele momento. “Assim, ela deixa a gente pensar sobre o que fazer nessas situações. Quando alguém quer uma coisa e o outro não quer”.

A atriz e produtora prossegue: “Bom, vou aproveitar aqui esse gancho para falar que a peça ‘Sylvia’ traz muitas reflexões pertinentes, importantes nos dias de hoje. Ela fala sobre o respeito à individualidade do outro dentro de uma relação, ela fala sobre responsabilidade afetiva, ela fala sobre o amor que a gente tem pelos cachorros, ela fala sobre a síndrome do ninho vazio… Enfim, muitas reflexões. E acho que se você a assiste três, quatro, cinco vezes, a cada uma vai descobrir mais e mais detalhes que vão fazer você sair dali pensando”.

Reflexões

Desse modo, Simone Zucato entende que todo mundo acaba se identificando com a peça de um jeito ou de outro. “Ou seja, ‘Sylvia’ não é uma peça só para quem gosta de cachorro. E muitas pessoas que vão assistir saem falando: ‘Olha, eu sou a Kate, hein? Por ela ser uma personagem que naquele momento não quer um cachorro na vida. Inclusive ela fala: ‘Eu gosto de cachorro… dos outros’. Mas, enfim, é uma peça que traz muitas reflexões e é muito lindo ver o trabalho do teatro, o papel da arte, sendo cumprindo, com um texto elegante, inteligente”.

E sim, essa é a primeira vez que a peça vem a BH. A expectativa, reconhece Sylvia, é alta. “A gente, claro, que ter o mesmo resultado que a temporada paulistana, que teve muito sucesso, graças a Deus”. Mas a atriz está confiante no que tem em mãos. “É uma peça extremamente divertida, que emociona as pessoas, diverte as pessoas. Que faz com que elas saiam pensando, refletindo. Porque é um texto muito bonito e que fala sobre questões muito profundas”, finaliza.

Serviço

Espetáculo “Sylvia”

Quando. Sábado, dia 23 de março, às 21h, e domingo, dia 24, às 19h.

Onde. Grande Teatro do Sesc Palladium (Rua Rio de Janeiro, 1046, Centro)

Quanto. Plateia I: R$ 90 (Inteira) e R$ 45 (meia entrada) | Plateia II: R$ 75 (Inteira) e R$ 37,50 (meia entrada)

Ingressos Populares: R$ 39,60 (Inteira) e R$ 19,80 (meia entrada)

Ingressos pela Sympla ou na bilheteria do teatro

Classificação: 12 anos | Duração: 90 minutos

The post Versão brasileira de texto da Broadway, “Sylvia” chega a BH appeared first on Culturadoria.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.