Foragidos de 8/1: os obstáculos para extraditar bolsonaristas que tentam escapar de Moraes

Alexandre de Moraes e Javier Milei. Foto: reprodução

A ofensiva da Polícia Federal (PF) para capturar os fugitivos envolvidos nos atos terroristas de 8 de janeiro enfrenta vários obstáculos legais e políticos na Argentina, complicando a extradição dos réus responsáveis pela invasão e depredação promovida por bolsonaristas em Brasília, segundo informações da colunista Malu Gaspar, do Globo.

De acordo com as autoridades brasileiras, pelo menos 60 pessoas fugiram para a Argentina após romperem suas tornozeleiras eletrônicas e cruzarem a fronteira. A PF planeja formalizar os pedidos de extradição contra esses fugitivos nos próximos dias, mas poderá enfrentar diversos desafios para trazê-los de volta, conforme deseja o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.

Autoridades diplomáticas e do Executivo brasileiro estão preocupadas com a possibilidade de uma crise diplomática, caso a administração do ultraliberal Javier Milei recuse a extradição dos condenados. “Há uma série de obstáculos jurídicos e questões diplomáticas, como as preferências políticas do governo Milei. Não é um caso simples”, afirma uma autoridade envolvida no caso.

Um dos principais desafios é o tratado de extradição entre Brasil e Argentina, firmado em 1968, que prevê a não concessão de extradição quando a infração for considerada um delito político ou fato conexo. A lei argentina de cooperação internacional de 1997 também afirma que a extradição não será realizada se o delito for político.

Bolsonaristas invadem prédio do Congresso, em Brasília – Foto: Reprodução

Vale destacar que o acordo de extradição do Mercosul, firmado em 2006, também veta expressamente a extradição por delitos que o Estado Parte requerido considere serem políticos ou relacionados a outros delitos de natureza política.

O governo Lula, no entanto, argumentará que os fugitivos descumpriram decisões judiciais e medidas cautelares, e que as leis internacionais protegem a atividade política, mas não a depredação e destruição de bens públicos. Ainda assim, a questão pode ser controversa.

Os réus dos atos de 8 de janeiro são investigados no Brasil por crimes como associação criminosa, abolição violenta do Estado democrático de direito, tentativa de golpe de Estado, além de dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. Para complicar ainda mais, a Lei Geral de Reconhecimento e Proteção ao Refugiado da Argentina estabelece que a discussão sobre o refúgio deve ocorrer antes da decisão de extradição.

Ou seja, se os fugitivos brasileiros solicitaram refúgio às autoridades argentinas, o país precisa analisar esses pedidos antes de decidir sobre a extradição. Nesse caso, os investigados teriam que demonstrar que fugiram do Brasil devido a perseguição por motivo político.

A ofensiva do governo petista também enfrenta resistência de agentes políticos como o presidente Javier Milei e a Suprema Corte argentina. Milei, aliado de Jair Bolsonaro (PL) e da direita brasileira, e a Justiça argentina tradicionalmente negam pedidos de extradição em casos de refugiados políticos.

Chegamos ao Blue Sky, clique neste link
Siga nossa nova conta no X, clique neste link
Participe de nosso canal no WhatsApp, clique neste link
Entre em nosso canal no Telegram, clique neste link
Adicionar aos favoritos o Link permanente.