Mulher de Rivaldo Barbosa movimentou mais de R$7 milhões com empresas de fachada

Erika Andrade, mulher de Rivaldo Barbosa. Foto: Arquivo Pessoal

Segundo a Polícia Federal, Erika Andrade de Almeida Araújo, advogada e empresária, esposa do ex-líder da Polícia Civil Rivaldo Barbosa, detido neste domingo (24), é identificada como “laranja” do marido em empresas fictícias utilizadas pelo delegado para lavar dinheiro adquirido de forma ilegal durante seu comando na Delegacia de Homicídios da capital.

Erika colaborou na lavagem de dinheiro, co-fundando, junto com o marido, empresas de consultoria como a Mais I Consultoria Empresarial LTDA e Armis Consultoria Empresarial Eireli. Ela é alvo de investigações da PF por suspeita de lavagem de dinheiro.

A advogada aparece como a pessoa responsável por retirar valores das contas das empresas e uma análise bancária mostrou que, entre janeiro de 2015 e dezembro de 2019, ela movimentou mais de R$ 7 milhões.

Conforme a PF, há evidências de que Barbosa era o verdadeiro administrador das empresas e o responsável pela comunicação com os clientes e apresentação dos serviços oferecidos.

Durante o período em que ele liderou a DH da capital, de janeiro de 2012 a outubro de 2015, e posteriormente, de outubro de 2015 a março de 2018, quando assumiu a Divisão de Homicídios, a PF alega que ele recebeu propina para evitar investigações sobre homicídios cometidos por organizações criminosas, decorrentes de disputas territoriais pelo “jogo do bicho”.

Isso foi evidenciado pela declaração de bens do delegado, que apresentou um aumento significativo de seu patrimônio, incluindo múltiplos imóveis adquiridos no período.

O delegado e sua esposa ingressaram no setor privado em 2014, quando estabeleceram a Mais I Consultoria Empresarial. Erika Araújo, formada em administração e direito, atuou como advogada na Fragata Antunes e Advogados Associados por menos de dois anos, entre 2007 e 2009.

Erika Araújo e Rivaldo Barbosa. Foto: Reprodução

Conforme dados do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), Erika declarou ser sócia de duas empresas e desempenhar a função de “Inspetora de Qualidade”, com uma remuneração de R$ 28.920,56.

No entanto, houve um aumento significativo na renda de Erika em poucos meses após a criação das empresas, considerando que antes disso seu maior salário havia sido em torno de R$ 4.830,00, quando estava na prefeitura do Rio de Janeiro.

A investigação da PF destaca que, poucos meses após a constituição das empresas, elas já estavam recebendo grandes aportes de capital de empresas consolidadas no mercado.

Um desses aportes foi mencionado em uma denúncia do Ministério Público do Rio, em 2018, na qual o delegado e outros sete investigados foram acusados de crimes contra a Lei de Licitações. Na ocasião, a empresa da família de Rivaldo Barbosa recebeu R$ 160 mil por consultoria à Light Distribuidora de Energia. O MP solicitou à Justiça o afastamento de Rivaldo da chefia da polícia.

De acordo com o relatório contábil (DRE – Demonstração do Resultado do Exercício) de uma das empresas (Armis), foi declarado um lucro líquido de R$ 558.886,09, somente no período de 01 de maio de 2017 a 31 de dezembro de 2017, o que representa, em média, um lucro líquido de quase R$ 70.000,00 mensais.

O COAF informou que a empresa Mais I Consultoria declarou um faturamento de R$ 20.000,00 por mês. Entretanto, ao verificar as movimentações nas contas da empresa no período de 01 de junho de 2016 a 18 de junho de 2018, constatou-se uma movimentação de R$ 1.072.598,00 a crédito e R$ 1.141.159,00 a débito. Ou seja, um valor mais de duas vezes superior ao faturamento declarado.

O relatório do COAF também apontou que a empresa preferia saques em dinheiro, uma estratégia pouco comum, em vez de usar métodos mais seguros como transferências bancárias. Destacou-se uma retirada de alta quantia feita por Erika das contas da empresa, no valor de R$ 880.019,46.

Além das movimentações financeiras incompatíveis com a renda e o faturamento declarados, a PF também aponta uma alta frequência de operações financeiras em dinheiro e o aumento considerável do patrimônio do casal, principalmente pela aquisição de imóveis.

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