Cristiano Creta reúne poemas e desenhos em bela edição

Com belo projeto de Juliana Gontijo, “Haddock Lobo com Matias Aires” revela facetas do trabalho do artista e poeta Cristiano Creta

Patrícia Cassese | Editora Assistente

O livro “Haddock Lobo com Matias Aires” ficou pronto em 2018. No entanto, por motivos pessoais, o autor, Cristiano Creta, acabou não fazendo o lançamento naquele ano, por motivos pessoais. Passados, pois, quase seis anos, a obra chega às livrarias em uma bela edição da Cas’a. Aliás, o projeto gráfico é assinado pela artista plástica Fernanda Gontijo. Já a chamada “Folha de Rosto” traz, no quesito “preparação dos originais”, quatro nomes: Camila Morais, Janaína de Paula, Julia Panadés e Maraíza Labanca.

Les oiseaux

Ao Culturadoria, Cristiano Creta conta que a ideia de reunir poesia e desenhos em um livro despontou em 2017, quando perscrutou um de seus cadernos. O nome veio de forma orgânica. “Simplesmente pela boa recordação que tenho do local e por sua bela sonoridade. Remete-nos a uma esquina da cidade de São Paulo, famosa pela boemia”, situa.

Já a capa traz uma ilustração junto à frase “les oiseaux dans le ciel”, “com motivos oriundos de mundos oníricos desenho a silhueta de um pássaro e uma janela, objeto de fenestrar”, explica Cristiano. Aliás, em vários trechos do livro há palavras em francês, seja nos poemas seja junto às ilustrações. Na verdade, Cristiano vem de duas imersões na França, mais precisamente, em Paris. “Na primeira me abriguei como estudante de línguas com uma família de notários do governo francês”, conta. Todavia, na segunda, ele se propôs a uma imersão artística. “Desse modo, conheci a vivência da cidade, metrôs e ruelas, a vida cotidiana. Assim como me surpreendi com os museus e bares”.

Criação

Perguntado sobre seu processo de criação, Cristiano confidencia que os poemas são objetos espontâneos da criação e da imaginação dele. “Ou seja, não são planejados”. Desafiado a citar dois, a bel prazer, ele, na verdade, primeiramente opta por uma série, a Série Dois – Le Papier. “É uma série composta apenas por poemas-palavra e desenhos. O concretismo abraça a imagem e forma novos conceitos e percepções imagéticas”, especifica. Já a Série Três-Devaneio febril, a outra citada por ele, consiste em percepções de natureza contemplativa e com um narrador que observa. Quer chegar na essência de um “devaneio febril”: “O orvalho perene. Fluxo aéreo do porão . Saporíferas sequoias .Ouviam-lhe…”.

Fenestrar

No processo de edição dos poemas e ilustrações, Cristiano Creta enfatiza a participação da editora Maraíza Labanca. “Foi uma pessoa de suma importância e relevância na preparação e organização dos originais. Aliás, sobre o livro, Labanca escreveu: “Sem perder um estado de presque, o gesto fundador de todos os começos, era preciso dar acabamento ao inacabado, para ceder outro espaço ao corpo claustro”.

E prossegue: “As palavras e os desenhos tocaram esta palavra-caroço, enigmada: fenestrar. E, se defenestrar indicava o ato de atirar um objeto pela janela, fenestrar, eco de fenêtre, era fazer aberturas. Também com esse eco, o eco de uma língua estrangeira e ao mesmo tempo íntima à do artista que assina esta obra, o francês, creta sustentou o quantum sonoro e imagético das palavras por vezes arcaicas que as páginas convocavam, como quem tem como método enxugar motivos oníricos. Junto ao texto, os desenhos extraíam o informulado do formulado, desobstruindo os poros da experiência estética”.

Sobre o poeta/artista

Cristiano Creta nasceu em Belo Horizonte e formou-se pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Perguntado sobre como se define, ele diz: “Sou artista mineiro e ‘escritor do invisível’, com grande influência do movimento expressionista (sobretudo expressionismo alemão e expressionismo alemão abstrato)”.

Já quando indagado se, com a obra, ele pretende gerar alguma reflexão no leitor, ele diz. “Na verdade, não tenho o intuito de provocar nada em específico no leitor, apenas fazer e contemplar ‘a arte pela arte’”.

Serviço

“Haddock Lobo com Matias Aires” (Cas’a Edições, 48 páginas)
Autor – Cristiano Creta
Preço – R$ 50 (tanto a edição impressa quanto a digital). À venda na Livraria Quixote (Rua Fernandes Tourinho, 274, Savassi) ou pelo site oficial da Cas’a Edições.

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