O ataque dos pagers no Líbano: manual do terrorismo de Israel ataca novamente

Pagers utilizados pelo Hezbollah que explodiram – Foto: Reprodução

Na terça-feira, centenas de pagers portáteis usados por membros do grupo armado Hezbollah explodiram simultaneamente em todo o Líbano, resultando na morte de pelo menos 12 pessoas, incluindo duas crianças. Cerca de 3.000 pessoas ficaram feridas, muitas em estado crítico.

Embora ninguém tenha reivindicado oficialmente a responsabilidade pela operação, é praticamente certo quem está por trás disso: Israel, um país especializado em aterrorizar populações civis árabes sob o pretexto de combater o terrorismo. Desde outubro do ano passado, Israel tem conduzido o que muitos consideram um genocídio na Faixa de Gaza, onde mais de 41.000 palestinos foram oficialmente mortos, embora o número real seja provavelmente muito maior.

O ataque de terça-feira, supostamente dirigido a membros do Hezbollah, foi realizado com pleno conhecimento de que as consequências seriam indiscriminadas, levando à morte de civis. Esse é justamente o objetivo do terrorismo de Estado.

O Hezbollah, por sua vez, deve sua criação à invasão israelense do Líbano em 1982, que resultou no massacre de dezenas de milhares de libaneses e palestinos. A ocupação israelense do sul do Líbano durou até maio de 2000, quando foi forçada a se retirar pela resistência liderada pelo Hezbollah.

Em 2006, Israel retornou ao Líbano em uma ofensiva de 34 dias que devastou a infraestrutura do país e matou cerca de 1.200 pessoas, em sua maioria civis. Uma nação que prospera com a guerra contínua não pode ficar muito tempo sem realizar novas operações militares.

Israel justifica suas ações como defesa legítima — incluindo a explosão dos pagers no Líbano. No entanto, uma análise histórica mostra que, assim como na Palestina, as ações de Israel no Líbano sempre foram motivadas por intenções predatórias.

Um exemplo disso pode ser encontrado em um diário de 1955 de Moshe Sharett, o segundo primeiro-ministro de Israel, que detalha como o então chefe do Estado-Maior do Exército Israelense, Moshe Dayan, planejava conquistar o apoio de um oficial libanês para criar um regime cristão aliado de Israel no Líbano. Embora esse plano específico não tenha sido concretizado, a política expansionista de Israel continuou.

Desde o início do massacre em Gaza, em outubro, quase 600 pessoas já foram mortas no Líbano em ataques realizados por Israel, que também assassinou o comandante do Hezbollah, Fuad Shukr, em julho, em uma ação que resultou na morte de três civis, incluindo duas crianças, e feriu outras 74 pessoas.

A explosão simultânea dos pagers elevou ainda mais o nível de violência, sobrecarregando hospitais libaneses e levando o Ministério da Saúde do Líbano a solicitar doações urgentes de sangue para os feridos. Enquanto isso, os Estados Unidos, como de costume, mantêm sua postura de apoio a Israel, enquanto publicamente falam em resolver o conflito de forma diplomática.

Diante desse cenário, é difícil imaginar que o conflito não escale ainda mais, especialmente com a contínua retaliação israelense. E, a cada nova provocação, mais sangue será derramado, em um ciclo que parece não ter fim.

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