Spreads cada vez menores na renda fixa colocam pressão sobre gestores de fundos

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Nos últimos dois a três anos, conforme o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou os juros no Brasil, houve um fluxo muito grande de saída de ativos da bolsa e de fundos multimercados, em direção à renda fixa.

Segundo Fernando Ferreira, estrategista-chefe da XP, só nesse ano são mais de R$ 300 bilhões de entrada em fundos de crédito privado de renda fixa e mais de R$ 150 bilhões de saída de fundos multimercados.

Classe de ativos

“Isso tem colocado pressão nos gestores de crédito privado, que tem que investir esse dinheiro com spreads cada vez menores, ao passo que outros gestores de fundos (como multimercados), que estão tendo resgates, têm que vender muitas vezes os ativos e as ações na bolsa de valores”, relata.

“Esse fluxo muito grande de saída de uma classe de ativos e entrada na renda fixa tem causado discrepância de valor para os mesmos emissores na bolsa e na renda fixa”, complementa.

Conforme Ferreira, que participou nesta sexta-feira (20) do Morning call da XP, isso tem chamado tanto a atenção, que foi elaborado um relatório comparando emissores, principalmente dos setores mais defensivos na bolsa, com o valor dos spreads que as debêntures desses mesmos emissores estão pagando na renda fixa.

Spreads próximos aos títulos do Tesouro

“O que a gente tem visto são spreads cada vez menores, muito próximos dos títulos dos Tesouro Nacional. Níveis muito próximos do que a gente via pré-pandemia, perto das mínimas históricas, enquanto na bolsa de valores a gente enxerga esses mesmos emissores com ações muito descontadas e muito baratas”, explica.

“A gente concluiu que na renda fixa os spreads estão muito apertados, ou seja,  pagando muito próximo de IPCA +6, enquanto que na bolsa a gente enxerga potencial de IPCA +12 para as ações”, afirma.

Retorno maior na bolsa

Entre os setores observados pela XP nesta comparação estão shoppings, saneamento, tecnologia e telecomunicações, transportes e elétricas. “Para a maioria das empresas (desses setores) a TIR (taxa interna de retorno) real (na bolsa) está em dois dígitos”, explica, acrescentando que esse percentual seria somado ao IPCA.

“O que a gente mostra é que esses mesmos emissores na bolsa, eles precificam um retorno de IPCA +12% ou mais – bem acima do IPCA +6”, afirma. “Isso, quando se compõe ao longo do tempo, dá uma diferença bastante robusta”, diz.

“Mas é importante não só investir na renda fixa ou na bolsa. Manter a diversificação da carteira segue sendo a melhor alternativa com os juros altos por mais tempo”, afirma.

Além disso, ele disse que as próprias empresas podem se beneficiar dessa diferença, via emissão de dívida e recompra de ações nos níveis atuais, a fim de aproveitar essa ampla diferença de valuation.

Este ano, até o momento, ocorreu uma entrada líquida de R$ 18 bilhões na B3 por “Outros” – normalmente, esse item representa recompra de ações pelas empresas.

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