Crime eleitoral: cortes de Marçal seguem crescendo com venda de cursos de como enriquecer

O empresário bolsonarista Pablo Marçal. Foto: reprodução

O empresário Pablo Marçal (PRTB), candidato à prefeitura de São Paulo, tem conquistado as redes sociais por meio de uma estratégia digital altamente lucrativa, baseada na venda de cortes prontos e cursos que ensinam como monetizar esse material em plataformas digitais.

Esses cortes são vídeos curtos, geralmente polêmicos, que rapidamente viralizam e prendem a atenção dos usuários, sendo a principal engrenagem que move o sucesso digital de Marçal.

Marçal, que recentemente suspendeu competições no aplicativo Discord, onde premiava autores de cortes que mais viralizavam, continua vendo sua popularidade crescer graças a uma legião de editores, conforme informações da Folha de S.Paulo.

Esses profissionais transformaram a divulgação de seus vídeos em uma profissão, aproveitando a monetização das redes sociais, que remuneram cortes com maior número de visualizações. A suspensão das competições não afetou o ritmo, pois vídeos focados em pessoas do círculo de Marçal, como o influenciador fitness Renato Cariani, continuam sendo produzidos.

Com grande parte dos vídeos de Marçal envolvendo sabatinas, debates ou atos políticos, o material acaba servindo como propaganda eleitoral indireta. Além disso, a plataforma Xgrow, parte do grupo de empresas ligadas a Marçal, continua oferecendo pacotes de vídeos prontos e cursos relacionados a cortes.

Consumidores desses cursos, interessados em lucrar com plataformas como TikTok, eventualmente se tornam também vendedores de cursos e pacotes prontos. Entre os produtos oferecidos na Xgrow, o curso “Fique rico com cortes”, que usa a imagem de Marçal, é comercializado pela empresa Marçal Serviços Digitais.

Curso de Marçal que ‘ensina’ a ganhar dinheiro fazendo vídeos com sua imagem. Foto: Reprodução

O email de suporte para esse curso é o mesmo utilizado por outras empresas de Marçal, revelando o controle direto dele sobre o material. A Xgrow também oferece pacotes mensais com cortes atualizados, que prometem “curadoria apurada” e os vídeos mais recentes e impactantes.

Leonardo Jhonata, jovem de 23 anos que trabalha com cortes há cerca de um ano, compartilhou que a curadoria envolve selecionar as partes mais polêmicas dos discursos de Marçal, principalmente aquelas relacionadas às eleições. “A gente pega as partes mais polêmicas”, afirmou, acrescentando que esse tipo de conteúdo tem maior potencial de viralização.

Outro formato popular nas comunidades de cortes é o modelo de afiliados, onde produtores de conteúdo revendem os cortes e ganham uma porcentagem sobre as vendas. Assim, o ecossistema em torno de Marçal continua se expandindo.

No entanto, o cenário atual poderia se enquadrar no artigo 334 do Código Eleitoral, que proíbe a utilização de “organização comercial de vendas, distribuição de mercadorias, prêmios e sorteios para propaganda ou aliciamento de eleitores”. O crime prevê detenção de seis meses a um ano e cassação do registro, se o responsável for o candidato.

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