Azul: Goldman rebaixa AZUL4 a neutra com temor com dívida e alta do dólar; ação cai

Avião da Azul com as cores da bandeira brasileira. Turbina possui as estrelas

Apesar de ver as operações da companhia aérea Azul (AZUL4) como saudáveis, como evidenciado pelas margens Ebitda (Ebitda = lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações/receita líquida) da empresa de volta aos níveis pré-pandêmicos, o Goldman Sachs rebaixou a recomendação da ação de compra para neutro.

O preço-alvo foi cortado de R$ 12,20 para R$ 7,30, ainda um potencial de alta de 39% em relação ao fechamento de sexta; o target para o ADR (recibo de ações negociados na NYSE) foi cortado de US$ 6,70 para US$ 4 (upside de 38%). Com isso, as ações chegaram a cair 7,98% na mínima do dia, mas amenizaram e caem 3,04%, a R$ 5,10, às 11h17 (horário de Brasília) nesta segunda-feira (23).

Segundo o relatório, a retomada da lucratividade foi sustentada pelo comportamento racional do mercado brasileiro pelos três principais players, juntamente com as perspectivas limitadas dos fabricantes de aeronaves em um futuro próximo, o que mitiga o risco das companhias aéreas adicionarem capacidade significativa no curto prazo.

Por outro lado, o Goldman Sachs explica que a recente depreciação do real levou a um aumento significativo da dívida líquida da empresa (praticamente 100% da dívida da empresa é denominada em dólar e os pagamentos de arrendamento também estão vinculados ao dólar), o que, juntamente com a piora do ambiente macroeconômico, provavelmente limitará espaço para uma potencial reavaliação da ação.

De acordo com projeções do banco, a Azul deve encerrar 2024 com uma alavancagem (Dívida líquida/Ebitda) de 4,6 vezes.

Além disso, o banco destaca que os pagamentos da dívida (excluindo pagamentos de arrendamento) chegaram a R$ 1,1 bilhão no 2º semestre de 2024. Adicionalmente, como referência, analistas esperam que a Azul queime cerca de R$ 1,5 bilhão de caixa este ano (já incluindo pagamentos de arrendamento de R$ 4,2 bilhões para o ano fiscal).

O Goldman Sachs ainda lembra recentemente foi aprovada uma lei que permite linhas de crédito garantidas pelo Fundo Nacional de Aviação Civil (Fnac), e tais linhas de crédito poderiam ser outra fonte de liquidez para a Azul.

A equipe de research do banco também cita as incertezas em torno das renegociações de dívida. A Azul está atualmente em negociação com seus arrendadores para otimizar a estrutura acionária acordada no ano passado.

Embora não tenha opinião sobre a probabilidade de qualquer negociação, o Goldman destaca que, caso isso se concretize, poderia acontecer uma reavaliação da ação (já que eliminaria o risco potencial de diluição do instrumento de capital de US$ 570 milhões em aberto, que é uma das principais preocupações em relação à ação, de acordo com nossas conversas recentes com investidores, juntamente com as preocupações de liquidez de curto prazo).

Por fim, o banco ainda reconhece que comentários sobre reestruturação de dívida têm sido seguidos por volatilidade incremental no preço da ação e podem compensar a perspectiva operacional positiva que tem sido vista na empresa.

Cabe ressaltar que, na semana passada, a XP manteve a recomendação da Azul em neutra, com base no cenário de diluição ainda não definido e pelo perfil de alavancagem mais alto ainda apresentado. Os analistas ainda cortaram o preço-alvo da ação de de R$ 30 para R$ 6,60, mas ainda um potencial de alta de 25% frente o fechamento de sexta (20).

A Azul também teve nota de crédito rebaixada pela Moody’s. Segundo relatório, o rebaixamento da Azul reflete os resultados mais fracos da companhia durante 2024 e a consequente queima de caixa, o que aumentou os riscos de liquidez. A Azul gerou R$ 1,2 bilhão em EBIT (lucro antes de juros) durante o primeiro semestre de 2024, mas altas necessidades de capital de giro, carga da dívida e despesas de capital levaram a uma queima de caixa cumulativa de R$ 1,2 bilhão no mesmo período.

The post Azul: Goldman rebaixa AZUL4 a neutra com temor com dívida e alta do dólar; ação cai appeared first on InfoMoney.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.