Debêntures ou ações: o que pode pagar mais com a Selic a 10,75% ao ano?

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Em um cenário de Selic elevada – e com projeções de alta para 12% ao ano – muitos investidores questionam a atratividade da renda variável. Afinal, o crédito privado (geralmente) paga mais do que a taxa básica de juros, que já está alta. Porém, mesmo os gestores de fundos de renda fixa não estão satisfeitos com os rendimentos das debêntures, principais papéis do crédito privado em número de emissões e volume negociado. Ao mesmo tempo, especialistas em ações ainda consideram os papéis baratos. 

A soma de debêntures que pagam pouco com ações baratas cria um cenário inusitado, com o custo-benefício de ações melhor do que de debêntures, mesmo com a Selic alta, fator que costuma afastar os investidores da Bolsa. 

Fábio Guarda, sócio e gestor da Galapagos Capital, defende um portfólio equilibrado, com ativos de renda fixa e variável, mas, hoje, optaria pelo investimento em ações se fosse necessário escolher apenas um: “dá para fazer um stock picking interessante na Bolsa”. 

O spread (prêmio) das debêntures atreladas ao CDI em relação aos títulos públicos está em 1,7%, segundo o Idex-CDI, o menor nível desde outubro de 2021. Ricardo Nunes, CIO de crédito da Paramis Capital, diz que “não faz sentido alocar em debêntures AAA porque o spread não compensa o risco”. 

Por outro lado, os gestores de ações seguem positivos com seu mercado: “estamos com uma alocação muito alta em Bolsa”, diz Paulo Abreu, gestor e sócio da Mantaro Capital. Já Fernando Donnay, sócio e head de fund of funds da G5 Partners, destaca que “as ações estão com valuation historicamente abaixo da média”. 

A XP calculou o rendimento médio esperado de ações do Ibovespa e comparou com os títulos do Tesouro IPCA+. Para a casa, o valuation das ações equivale a um retorno de IPCA + 12% ao ano, muito acima do que qualquer debênture entrega hoje. A conta considera as projeções de analistas. 

Com a chamada Taxa Interna de Retorno em mãos, a XP comparou o retorno potencial de ações sob sua cobertura com títulos de renda fixa emitidos pelas mesmas empresas. A tabela mostra o retorno real, ou seja, acima da inflação. 

Fontes: Anbima, B3, XP Research

Em relatório, a XP conclui que comprar ações de setores defensivos, como elétricas, saneamento, bancos e telecomunicações, pode ser uma estratégia vencedora para se beneficiar de ações baratas e diminuir o risco na exposição ao mercado acionário. 

Donnay faz um alerta contra o imediatismo e diz que “ações têm volatilidade maior e só valem a pena quando o investidor tem um horizonte de longo prazo para poder capturar os prêmios”. Portanto, estar posicionado em setores defensivos por muito tempo pode ser interessante para construção de uma carteira rentável e pagadora de dividendos. 

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