Krenak quer valorizar quase 200 dialetos indígenas como ‘imortal’ na ABL

O líder indígena, escritor e ambientalista Ailton Krenak participa de sua cerimônia de posse como primeiro indígena “imortal” da Academia Brasileira de Letras no Rio de Janeiro, Brasil, em 5 de abril de 2024. REUTERS/Ricardo Moraes REUTERS – Ricardo Moraes

Usando um cocar indígena na testa, Krenak, 70, brincou sobre seu “novo traje distinto”, o bom e velho “fardão da Academia”, um terno verde-escuro com bordados dourados usado durante as cerimônias oficiais pelos membros dessa venerável instituição fundada em 1897, seguindo o modelo da Academia Francesa.

Na cerimônia de posse no Rio de Janeiro, o protocolo outrora rígido foi embelezado com canções nativas e uma apresentação de dançarinos com cocares de penas.

Krenak é famoso além das fronteiras do Brasil por suas obras que criticam o colonialismo e o sistema capitalista, como a coletânea “Ideias para adiar o fim do mundo”, publicada em 2019 e traduzida para uma dezena de idiomas.

Em seu discurso, ele prometeu valorizaras cerca de 200 línguas indígenas do Brasil.

Nos últimos anos, Ailton Krenak rompeu fronteiras, com livros traduzidos em 19 países – Foto ABL/Divulgação

“Cinco séculos de sofrimento”

Relatando “cinco séculos de sofrimento” dos povos indígenas desde a chegada dos colonizadores europeus, ele considerou insuficiente o primeiro pedido de desculpas oficial do governo brasileiro, emitido na terça-feira por uma comissão do Ministério dos Direitos Humanos.

“Pedir perdão após o fato não significa muito em termos de reparação. A verdadeira reparação vem por meio de ações”, disse ele, sob aplausos.

Ailton Krenak também deu o alarme sobre a destruição do meio ambiente, descrevendo a humanidade como “sapiens predadores”.

Para muitos cientistas, os povos indígenas desempenham um papel fundamental na preservação da floresta amazônica, uma questão crucial na luta contra o aquecimento global.

Krenak foi eleito para a Academia Brasileira de Letras em outubro, para ocupar uma das quarenta cadeiras que ficou vaga após a morte do historiador Murilo de Carvalho.

Há muito tempo criticada por sua falta de diversidade, a ABL tem tentado remediar esse problema nos últimos anos.

Em 2022, Gilberto Gil, negro, foi empossado. Ex-ministro da Cultura, ele foi apenas o segundo membro afro-brasileiro a ingressar na ABL, depois de Domicio Proença Filho em 2006, quando a instituição foi co-fundada pelo icônico escritor negro Machado de Assis.

Originalmente publicado em RFI

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