M. Dias Branco (MDIA3) tem 3T para esquecer; ação ameniza, mas fecha em queda de 6,3%

M. Dias Branco

Um trimestre para ser esquecido. Os resultados da M Dias Branco (MDIA3) no terceiro trimestre de 2024 (3T24) ficaram significativamente abaixo do esperado, com um Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de R$ 229 milhões, que foi 48% inferior ao ano passado, 27% abaixo do consenso e 22% abaixo da estimativa do JP Morgan.

Com isso, a ação da fabricante de massas e biscoitos fechou em baixa de 6,33%, cotada a R$ 23,66. Na mínima do dia, a baixa foi de 13,46% (R$ 21,86).

O lucro líquido de R$ 125 milhões, por sua vez, ficou 11% abaixo da previsão do JP Morgan e 32% abaixo do consenso.

Segundo o JPMorgan, o principal motivo dessa retração foi a diminuição de 7% no volume de vendas, combinada com uma queda de 5,6% nos preços médios, enquanto os custos de produção aumentaram, resultando em uma compressão de 740 pontos-base na margem bruta.

Diante disso, analistas do JPMorgan acreditam que a M. Dias Branco ainda não ajustou corretamente a equação volume/preço, o que levou a uma queda de 12% na receita.

O JPMorgan manteve classificação underweight (exposição abaixo da média do mercado, equivalente à venda) porque acredita que fatores semelhantes (ou piores) continuarão no próximo trimestre: os preços têm dificuldades para aumentar, enquanto os custos médios devem continuar a subir, impulsionados pelo real, óleo de palma e trigo.

O banco americano ainda disse que esse trimestre não comprova que a M. Dias Branco seja uma história fracassada, mas certamente mais cíclica do que deveria ser. Com isso, a instituição disse aguardar sinais melhores de um ponto de virada do ciclo, o que não deve acontecer no quarto trimestre.

O Itaú BBA comenta que foi um trimestre para esquecer, devido aos resultados mais fracos do que o esperado, que provavelmente decepcionaram até os investidores mais pessimistas. “Além disso, a nova divulgação com menos granularidade sobre a dinâmica da receita pode não ser bem recebida pelo buy-side, potencialmente desencadeando uma reação negativa devido à menor visibilidade à frente”, ressaltou o BBA em relatório antes da abertura do mercado.

Apesar da avaliação descontada em comparação à média histórica, o BBA manteve classificação de market perform (desempenho igual a média do mercado, equivalente à neutro) e preço-alvo de R$ 34 para a M. Dias, pelo menos até que haja sinais de melhora na eficiência e a produtividade.

Na mesma linha que o BBA, a XP Investimentos avalia que a M. Dias reportou dados para esquecer no 3T24, materialmente abaixo das suas expectativas, afetado por: (i) preços mais baixos e volumes menores – uma dinâmica de preços errática, juntamente com um ambiente competitivo mais acirrado, levou a companhia a perder participação de mercado no trimestre; (ii) preços de commodities mais altos; e (iii) menores custos e diluição das despesas SG&A (de vendas, gerais e administrativas) devido ao volume mais fraco.

Em meio a um real mais desvalorizado, aumento nos preços das commodities (particularmente óleo de palma) e sem resposta nos preços, a XP reiterou sua postura negativa em relação à tese de investimento.

Já o BTG ressalta que mantém uma recomendação neutra desde 2018, pois a M. Dias Branco alterou sua abordagem comercial, que antes era centrada no volume, para uma mais focada no preço. Desde então, a empresa começou a perder participação de mercado em certos segmentos e tem enfrentado dificuldades para manter o poder de precificação e as margens nos níveis anteriores.

Após uma bem-vinda recuperação de margem desde o ano passado, quando os custos de matérias-primas começaram a cair, o 3T24 marcou uma queda repentina e inesperada tanto para margens quanto para volumes.

Além disso, após mais de 18 anos, a empresa alterou a forma como divulga informações operacionais e comerciais, juntamente com uma série de ações “corretivas” para reverter a mencionada queda de margem/volume.

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