PF pretende anular acordo de delação de Mauro Cid por omissões sobre tentativa de golpe

O tenente-coronel Mauro Cid: PF recupera arquivos deletados por ex-ajudante e reavalia delação. Foto: reprodução

A delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), enfrenta a possibilidade de ser anulada pela Polícia Federal (PF) devido a falhas e omissões identificadas em seu relato sobre a tentativa de um golpe de Estado durante o governo do ex-capitão.

Para esclarecer essas inconsistências, a PF convocou o militar para um novo depoimento, marcado para a próxima terça-feira (19), às 14h, o qual será decisivo para determinar se ele manterá os benefícios do acordo, como a redução de pena em caso de condenação.

Se o acordo for revogado, Cid perderá os privilégios conquistados, mas as informações fornecidas por ele permanecerão válidas e integrarão o inquérito. Esse documento será finalizado e encaminhado ao ministro Alexandre de Moraes, relator no Supremo Tribunal Federal (STF), já na próxima semana.

O avanço nas investigações foi impulsionado por um equipamento de alta tecnologia, o Celebritti, importado de Israel. Esse dispositivo possibilitou à PF recuperar mensagens apagadas de celulares e HDs apreendidos com Mauro Cid, revelando novas conversas e provas relacionadas ao planejamento de um golpe para contestar os resultados das eleições de 2022 e impedir a posse de Lula (PT), vencedor do pleito.

Quem é Mauro Cid, ex-assessor de Bolsonaro preso pela PF - 30/01/2023 - Poder - Folha
Mauro Cid e Jair Bolsonaro: Militar foi convocado para novo depoimento na próxima terça-feira. Foto: reprodução

Diante das novas evidências, a PF enviou um recado direto a Mauro Cid e ao seu advogado, César Bittencourt: ele “precisa falar tudo o que sabe, não apenas confirmar o que nós (da PF) já sabemos”, conforme declarou um delegado envolvido no caso. As descobertas atrasaram a conclusão do inquérito e elevaram a pressão sobre o oficial.

A defesa de Cid, no entanto, sustenta que não há razão para revisar o acordo de delação. O advogado afirma que todas as perguntas foram devidamente respondidas e que eventuais lacunas ocorreram por mero esquecimento.

“É comum que surjam novas informações e questionamentos, e esse vai e vem faz parte quando se está colaborando”, justificou Bittencourt, destacando que seu cliente tem cumprido todas as solicitações da PF, participando de depoimentos e esclarecendo as dúvidas sempre que necessário.

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