O que é a calvície? Veja os tipos e os possíveis tratamentos

Calvície

Uma das maiores aflições para homens e mulheres é perceber que o cabelo está caindo um pouco mais do que o normal. Isso em si é um estresse que pode afetar qualquer um. Mas quando se trata de calvície, é mais complexo, pois vai além da queda dos fios, já que ela carrega implicações emocionais e pode estar ligada a uma série de fatores genéticos, hormonais e ambientais. 

Calvície, em termos médicos, refere-se especificamente à alopecia androgenética, uma condição hereditária e hormonal que atinge principalmente homens e mulheres na idade adulta. 

“A alopecia androgenética é a forma mais comum de calvície, relacionada à genética e a influência de fatores hormonais e ambientais”, disse a dermatologista Isabel Martinez. Ela explica que nos homens, causa a chamada “calvície masculina”, que tende a afetar a linha de implantação do cabelo e o topo da cabeça.

Segundo ela, na calvície androgenética, o cabelo vai se afinando e tornando-se menos denso, principalmente em áreas como o topo da cabeça e as laterais, onde os folículos são mais sensíveis ao hormônio DHT (dihidrotestosterona).

Já nas mulheres, essa perda de cabelo é mais difusa, eventualmente se manifestando como uma rarefação, com uma miniaturização e diminuição da densidade dos fios, com a maior parte da perda ao longo da linha central do couro cabeludo. A condição normalmente surge a partir dos 20 anos para ambos os sexos e progride com o tempo. 

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Outros tipos de alopecia e queda de cabelo temporária

Ana Carolina Sumam, médica dermatologista membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, destaca que a alopecia é um termo que se dá para qualquer tipo de queda de cabelo, mas existem vários tipos, inclusive alguns que não necessariamente resultam em calvície irreversível.

Ela explica que o eflúvio telógeno, por exemplo, é uma causa super comum de queda de cabelo e existe uma lista de possíveis causas dela, como: estresse, doenças diversas (inclusive infecções por Covid-19, dengue e outras), uso de medicamentos, uso de antibióticos, cirurgia, pós-parto, doenças da tireóide, deficiências vitamínicas e até determinadas dietas. 

Essa condição é caracterizada pela queda difusa e temporária dos fios. “O eflúvio telógeno geralmente é uma resposta do corpo a um fator estressante ou a mudanças metabólicas e hormonais”, disse Isabel. Com tratamento adequado e eliminação das causas, o cabelo tende a voltar a crescer.

Outro tipo é a alopecia areata, que é uma condição autoimune que leva à queda repentina de cabelo em áreas localizadas, como círculos ou manchas no couro cabeludo. “Na alopecia areata, o sistema imunológico ataca os folículos capilares, resultando em áreas sem cabelo, mas a condição é reversível na maioria dos casos”, destaca Ana Carolina.

Nesse caso, é um tipo em que um dos sintomas é a queda total do cabelo. Segundo Isabel, em alguns casos também pode ter queda de pelos da sobrancelha, cílios e outros pêlos do corpo, podendo ser temporária ou crônica.

Já a alopecia cicatricial, ao contrário das formas anteriores, é irreversível. Nesse caso, ocorre destruição do folículo capilar. “A alopecia cicatricial é causada por inflamações ou infecções que danificam permanentemente o folículo, como em casos de lúpus e líquen plano”, comenta Isabel.

Também existe a alopecia por tração, que é causada por meio de uma tensão contínua no folículo piloso do cabelo, que acontece com penteados recorrentes e apertados, substâncias químicas e formas de prender o cabelo. Ao longo do tempo, essa pressão pode enfraquecer o folículo, levando à perda definitiva do cabelo na região afetada.

Fatores associados à calvície e sinais de alerta

A alopecia androgenética é amplamente determinada por fatores hereditários, mas Ana Carolina esclarece que há elementos externos que podem acelerar o processo. “Estresse, poluição, deficiências vitamínicas e até exposição excessiva ao sol influenciam a intensidade e a velocidade da perda de cabelo”, afirmou.

Além disso, condições médicas, como doenças da tireoide, podem agravar o quadro, tornando a avaliação médica fundamental para diagnosticar qualquer fator subjacente que contribua para a condição.

Entre os primeiros sinais, as especialistas ressaltam o afinamento do cabelo e o aparecimento de áreas rarefeitas.

“Perceber o couro cabeludo mais visível, especialmente com o cabelo molhado, é um indicativo de que pode haver um problema evoluindo para a calvície”

Além do que é possível verificar visualmente pelo próprio paciente, para um diagnóstico mais preciso, a tricoscopia, exame que permite a observação do couro cabeludo em detalhe, é fundamental. Segundo Ana Carolina, essa técnica permite ver as características específicas da calvície androgenética, como a variabilidade de diâmetro entre os fios e o aumento do espaçamento entre as unidades foliculares.

De acordo com Isabel, além da tricoscopia, que vai observar os folículos e o padrão de queda, também podem ser feitos exames laboratoriais, para entender o perfil hormonal, exames de ferro e vitamina D, para investigar causas subjacentes.

Homem se observa no espelho e busca sinais de calvíce. (Crédito: Freepik)

Tratamentos para a queda de cabelo

A calvície hereditária pode ser controlada e retardada com tratamento médico adequado, embora ainda não haja cura definitiva. Entre as opções mais comuns estão o uso do minoxidil, medicamento muito comum entre pessoas que possuem essa queda de cabelo acentuada, e dos inibidores de 5-alfa-redutase, como finasterida e dutasterida. 

“O minoxidil é uma medicação vasodilatadora que ajuda a prolongar a fase de crescimento dos fios, enquanto os inibidores de 5-alfa-redutase diminuem a conversão de testosterona em DHT, reduzindo o impacto do hormônio nos folículos”, explica Ana Carolina.

Além do tratamento medicamentoso, há terapias de aplicação direta, como lasers e microagulhamento, que ajudam a revitalizar o couro cabeludo e estimular o crescimento dos fios. 

De acordo com Ana Carolina, os tratamentos regenerativos com exossomos apresentam resultados positivos. Os exossomos são vesículas que levam informações para as células, e para tratar a alopecia, o dermatologista consegue regenerar as células-tronco do folículo capilar através do uso deles. 

“O ideal é que o paciente associe o tratamento domiciliar com o tratamento realizado em consultório, sempre com a indicação e o acompanhamento do dermatologista”

Fora do Brasil, segundo a especialista, já é muito consagrado a terapia celular regenerativa com o plasma sanguíneo, chamado de Plasma Rico em Plaquetas (PRP). Nos Estados Unidos e na Europa, é um tratamento capilar já muito utilizado. 

“Aqui no Brasil a gente ainda está engatinhando em relação a isso, a gente tem alguns equipamentos, porém o CRM não liberou esse tipo de tratamento ainda para uso em consultório, mas fora do país é um tratamento muito consagrado”, destaca.

Prevenção e cuidados

Embora a calvície androgenética tenha um caráter hereditário, alguns cuidados podem ajudar a preservar a saúde capilar e retardar o processo de miniaturização dos fios. 

Vale frisar que a queda de cabelo, diferente da calvície, pode ser temporária. Isabel pontua que é comum perder entre 50 a 100 fios por dia, sem que isso leve a uma redução visível de volume.

Para prevenção e autocuidado, Isabel recomenda atenção ao estilo de vida e à saúde emocional. “Controlar o estresse, evitar deficiências nutricionais e proteger o cabelo de fatores externos, como poluição e exposição solar excessiva, são práticas que ajudam a manter a vitalidade dos fios”, disse.

Ana Carolina concorda, enfatizando a importância do acompanhamento com um dermatologista, especialmente para aqueles com histórico familiar de calvície. Para muitos, o tratamento contínuo e as opções terapêuticas proporcionam uma maneira de enfrentar a calvície sem abrir mão da autoestima.

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