Alunas de escola particular em SC postam vídeos racistas após amistoso contra escola pública

Aluna posta vídeo com ofensas racistas após jogo de vôlei entre escolas de Criciúma. Foto: Redes sociais/ Reprodução

Uma aluna de um colégio particular de Criciúma, em Santa Catarina, causou revolta ao postar um vídeo nas redes sociais com ofensas racistas contra estudantes de uma escola pública municipal. A filmagem foi feita após um amistoso de vôlei entre as duas instituições e publicada na segunda-feira (11).

Segundo o portal g1, o vídeo chegou às vítimas apenas na noite de quinta-feira (14), por meio de um aplicativo de mensagens. O caso gerou grande indignação, e o pai de um dos alunos ofendidos classificou o episódio como “lamentável, triste e revoltante”.

O vídeo mostrava os estudantes da escola pública comemorando o desempenho no jogo. A aluna do colégio particular filma os jovens e, em seguida, aponta a câmera para si, rindo, enquanto comenta: “Pessoal do amistoso tão [sic] tipo pulando [risos]. Já são preto [sic], ainda ficam fazendo macaquices? Aí não, né? Aí não”. Outra aluna, sentada ao lado dela, também aparece rindo. A situação gerou indignação entre os pais das vítimas, que prometem tomar medidas legais.

A Secretaria de Educação de Criciúma publicou uma nota de repúdio, oferecendo apoio psicológico às famílias e orientando os pais das vítimas a registrarem um boletim de ocorrência. O delegado Fernando Possamai informou ao g1 que instaurará um auto de apuração de ato infracional por injúria racial na segunda-feira (18). “O procedimento terá um prazo de 30 dias para produção de provas”, explicou o delegado.

Colégio Michel. Foto: Reprodução

O Colégio Michel, onde as alunas estudam, também emitiu nota, afirmando ter adotado “todas as providências disciplinares cabíveis” e que realizou uma retratação formal junto às vítimas. Contudo, não foram divulgados detalhes sobre a retratação ou outras medidas disciplinares tomadas. A lei 7.716/1989, que define crimes resultantes de preconceito de raça ou cor, descreve como crime “injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro, em razão de raça, cor, etnia ou procedência nacional”.

As famílias das alunas responsáveis pelo vídeo se manifestaram por meio do escritório Becker Advogados Associados, que destacou que as jovens “não devem ser julgadas como adultas” e que estão “trabalhando junto à equipe pedagógica da escola na construção de medidas socioeducativas”. Apesar disso, o episódio reacendeu o debate sobre o racismo estrutural e a necessidade de ações mais efetivas para prevenir situações semelhantes.

O pai do estudante de 15 anos que aparece no vídeo lamentou o ocorrido, apontando que o caso é um reflexo de problemas recorrentes na sociedade. “Isso ainda foi bem aberto. Fora o que a gente vive no cotidiano, que é esse racismo velado e estrutural, indireto”, afirmou.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.