Traive aposta em “réplicas digitais” de especialistas para expandir além do agro

Aline Pezente, cofundadora da Traive

Após criar um sistema de análise de crédito agrícola com inteligência artificial (IA), a brasileira Traive está desenvolvendo uma tecnologia que busca criar “réplicas digitais” de especialistas. A ideia é usar IA para emular raciocínios e habilidades dos principais profissionais de diversas áreas, permitindo que empresas utilizem esses modelos digitais para processos e tomadas de decisão.

“Vemos isso como um problema que ninguém resolveu e que a gente consegue”, disse Aline Pezente, cofundadora da Traive, em entrevista ao InfoMoney durante o Web Summit, realizado em Lisboa na semana passada.

Segundo Aline, a tecnologia será voltada para replicar o trabalho de qualquer profissão que requeira muito mais nuance e contexto com os quais sistemas como o ChatGPT não conseguem lidar. “Os LLMs [large language models] têm um limite para fazer algumas tarefas. E com deep learning podemos extrair alguns raciocínios para algumas indústrias reguladas, como a financeira e de healthcare (saúde)”, explica.

O movimento vem na esteira do que a executiva considera ser uma mudança na indústria de IA, que sai de uma tendência de software como serviço para oferecer serviço como software. “Para isso as arquiteturas de IA precisam aprender não apenas com o dado, mas também com o raciocínio de um especialista”, conta Aline. “Imagine transferir para uma máquina todo o conhecimento, os priors (pressupostos) e a experiência de um especialista humano”.

Essa tecnologia não é exatamente nova para a Traive. Algo similar já está sendo aplicado no mercado financeiro, com algoritmos que replicam a atuação de analistas de crédito, e alimentam um sistema utilizado por cooperativas, tradings e multinacionais do agro para monitorar carteiras e mitigar riscos em uma indústria que passa por fortes solavancos em 2024.

“As empresas estão acordando para a necessidade de investir em tecnologias mais robustas para avaliação de risco do que simplesmente usar um score de um birô de crédito, que olha só consumo e dashboards“, avalia a profissional.

O novo projeto de réplicas digitais ainda está em incubação e não tem data para sair do papel. Enquanto isso, a Traive trabalha para lançar, no segundo semestre do ano que vem, um marketplace que conectará crédito agrícola ao mercado de capitais, com dados detalhados sobre originação e qualificação de recebíveis. Também segue com seu projeto de expansão internacional. Em abril, após captar US$ 20 milhões junto ao Banco do Brasil e outros investidores, anunciou uma parceria com a agfintech mexicana Verqor.

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