Em carta a líderes do G20, FSB pede implementação de reformas financeiras

Brasil esteve na presidência do G20 durante o ano de 2024 (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)

Em carta aos líderes do G20, o presidente do Financial Stability Board, Klaas Knot, destacou que é necessário implementar em seus países reformas no setor financeiro, entre elas a adoção de Basileia 3. “Com elevados níveis de dívida pública e privada e modesto crescimento econômico o mundo não pode permitir a instabilidade financeira”, destacou.

“Precisamos redobrar nossos esforços conjuntos para assegurar que um sistema financeiro global estável possa financiar a economia, sem o uso de apoio extraordinário.”

Na mensagem, Knot ressaltou que o estresse financeiro ocorrido em março de 2023 nos EUA e alguns países da Europa lembrou que corridas bancárias continuam um risco e autoridades ainda enfrentam desafios para lidar com instituições falidas do setor.

Segundo ele, uma das lições daqueles episódios é que gestores de bancos e reguladores “precisam agir mais rapidamente e eficientemente do que no passado em relação a saídas de capitais.” Também têm fundamental importância a solidez da administração de risco bancário, práticas de governança e “supervisão vigilante.”

De acordo com Klaas Knot, uma prioridade de longa data da agenda do FSB é melhorar a resiliência do segmento financeiro não bancário, pois suas operações de intermediação continuam a crescer, o que pode implicar em novos riscos e vulnerabilidades a todo o setor financeiro.

Além de realizar recomendações para ações de governos sobre fundos abertos e de money market, o Financial Stability Board irá no próximo ano realizar sugestões a reguladores de diversos países para enfrentar riscos à estabilidade financeira que podem surgir com a alavancagem deste segmento não bancário.

“Não é suficiente desenvolver políticas, mas elas também precisam ser implementadas eficientemente. Isto significa que as autoridades precisam não somente torná-las leis e regulações, mas também construir a capacidade para operacionalizá-las”, apontou Knot. “Um exemplo notável onde progresso é necessário é na implementação total das reformas de Basileia 3, consistentemente e o mais rápido possível, particularmente nas jurisdições onde a adoção continua incerta em termos de tempo e substância.”

Na avaliação de Klaas Knot, o FSB está coordenando trabalhos para enfrentar as implicações da digitalização e mudanças climáticas à estabilidade financeira.

A digitalização traz grandes eficiências, destacou Knot, ressaltando como exemplo o uso crescente de inteligência artificial (IA) em finanças. “Enquanto a IA pode trazer benefícios significativos para autoridades e instituições financeiras reguladas, vulnerabilidades relacionadas à IA podem elevar o risco sistêmico nos mercados financeiros, inclusive os relacionados a dependência de terceiros e concentração de provedores de serviços, correlações de mercado, segurança cibernética, risco de modelos e qualidade de dados.” Ele ressaltou que o FSB continuará a monitorar o uso da inteligência artificial para avaliar se são suficientes os atuais arcabouços normativos em vários países.

Outro exemplo de mudanças que surgiram com a digitalização é o conjunto de novas infraestruturas de pagamentos, que podem melhorar a eficiência no acesso dos usuários. Para Knot, é necessário trabalho adicional para reduzir fricções e aprimorar o ambiente técnico para melhores resultados em pagamentos internacionais para que se tornem mais ágeis, baratos, inclusivos e transparentes. “As políticas do FSB têm como objetivo assegurar que o princípio de mesma atividade, risco e regulação seja aplicado a todas as entidades financeiras que provêm ativos cripto e arranjos de pagamentos internacionais.”

De acordo com o presidente do FSB, está ficando mais evidente a exposição global a riscos financeiros relacionados ao clima. Segundo ele, é essencial que empresas adotem metodologias para avaliar riscos ambientais que elas poderão enfrentar no futuro próximo em seus negócios. “No último ano, esforços globais tiveram como foco apoiar jurisdições para adotar, aplicar ou ser informadas pelo International Sustainability Standards Board (ISSB), cujos padrões servem como um arcabouço global para divulgação (de dados) sobre sustentabilidade.”

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