A mudança do discurso de Milei sobre a relação entre Argentina e China

O presidente argentino Javier Milei – Foto: Reprodução

Javier Milei, presidente da Argentina, surpreendeu ao mudar drasticamente sua postura em relação à China. Durante sua campanha eleitoral, ele atacou o país asiático, chamando-o de “comunista” e prometendo não manter relações comerciais. No entanto, diante da crise econômica que castiga a Argentina, Milei anunciou uma visita oficial à China em janeiro de 2025 e já classificou o gigante asiático como um “parceiro comercial interessante”.

A reaproximação começou logo após sua posse, em dezembro de 2023, quando Milei enviou uma carta ao presidente Xi Jinping para renovar o acordo de swap cambial entre os dois países. Esse acordo, que envolve a troca de moedas entre os bancos centrais, é essencial para reforçar as reservas internacionais da Argentina. Sem ele, o país enfrentaria dificuldades ainda maiores para honrar dívidas com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Edifício do FMI – Foto: Reprodução

A China é a segunda maior parceira comercial da Argentina, atrás apenas do Brasil. Em 2024, as exportações argentinas para os asiáticos cresceram 24,6% em relação ao ano anterior, somando US$ 5 bilhões. Essa dependência comercial ajuda a explicar a mudança no tom de Milei, que agora busca fortalecer a relação bilateral para atrair investimentos e aliviar a crise cambial.

Especialistas apontam que a mudança de postura reflete o pragmatismo do presidente argentino. “Apesar de seu discurso agressivo, Milei tem mostrado um lado mais moderado nas decisões econômicas e internacionais”, analisa Adriana Dupita, economista da Bloomberg. A necessidade de dólares para estabilizar a economia argentina pressiona Milei a adotar uma abordagem prática, mesmo em relação a países que criticou anteriormente.

Presidente da China, Xi Jinping, durante participação na reunião de cúpula do G20 – Foto: Reprodução

A relação entre Argentina e China também possui relevância geopolítica. Para a China, manter laços comerciais e financeiros com governos de direita, como o de Milei, demonstra força no cenário global. Além disso, o país asiático busca consolidar sua influência na América Latina, especialmente em mercados estratégicos como o de minerais raros, incluindo o lítio, abundante na Argentina.

No contexto interno, o presidente argentino enfrenta uma inflação acima de 200% e mais da metade da população vivendo abaixo da linha da pobreza. Seu “Plano Motosserra”, que inclui cortes de subsídios e gastos públicos, busca atrair confiança de investidores, mas tem causado grande impacto social. A população sofre com aumentos nas tarifas de água, luz e transporte, agravando as dificuldades econômicas.

A dependência de recursos chineses é vital para enfrentar esses desafios. O swap cambial, renovado em junho de 2024, garantiu US$ 5 bilhões em moeda chinesa, usados para reforçar as reservas internacionais e cobrir compromissos externos. Essa estratégia busca dar fôlego ao governo argentino enquanto tenta ajustar as contas públicas e negociar com o FMI.

Vale lembrar que nesta terça-feira (19), Milei terá um encontro bilateral com Xi Jinping, no G20. A reunião está prevista para as 10h20.

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