Dia da Consciência Negra: confira produções da sétima arte que tratam de temáticas afins

Às vésperas do Dia da Consciência Negra – neste 2024, feriado nacional – lembramos alguns filmes que reforçam a importância da reparação e da conscientização

Equipe Culturadoria

Este ano, o dia 20 de novembro será, pela primeira vez na história, um feriado nacional.: o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra. Na verdade, como bem lembra reportagem da Agência Brasil, a data foi instituída pela Lei Nº 12.519 de 10 de novembro de 2011 e já era feriado em alguns estados ou cidades do Brasil. Desde o seu cerne, a ideia sempre foi homenagear à memória de Zumbi dos Palmares, um dos maiores líderes da resistência negra contra a escravidão no Brasil e símbolo da luta pela liberdade.

Vale lembrar que a própria Agência Brasil divulgou, no início deste mês, um estudo publicado pela Rede de Observatórios da Segurança, que mostra que 4.025 pessoas foram mortas por policiais no Brasil em 2023. Em 3.169 desses casos foram disponibilizados os dados de raça e cor: 2.782 das vítimas eram pessoas negras, o que representa 87,8%. Os dados do boletim Pele Alvo: Mortes Que Revelam Um Padrão, que está na quinta edição, foram obtidos via Lei de Acesso à Informação (LAI) em nove estados.

Como nem poderia ser diferente, a arte também se propõe a ser uma via para conscientização da sociedade quanto à importância do combate ao racismo e promoção da igualdade racial. Sendo assim, listamos algumas produções da sétima arte que, em um espectro mais amplo, reforçam a máxima do “lembrar para não nos esquecermos”. Confira, a seguir, cinco

Plataforma Ubuplay

Mais que indicar um filme pensando no Dia da Consciência Negra, começamos por indicar uma plataforma – que, na verdade, acaba de completar um ano. A Ubuplay se apresenta como o streaming gratuito dos cinemas negros. Assim, todo mês, novos filmes africanos e diaspóricos chegam ao catálogo. Atualmente, há filmes de várias mostras por lá, como as da Adélia Sampaio (até 23 de novembro), cujo nome faz referência à primeira cineasta negra da América Latina. Tal qual, da 8ª Egbé Mostra de Cinema Negro. São 25 curtas que ficam disponíveis até 29 de novembro.

Plataforma Itaú Cultural Play

Certo, filmes relacionados à temática racismo no Brasil devem ser vistos não exclusivamente por conta da data do Dia da Consciência Negra. E o Itaú Cultural Play, que tem acesso gratuito, abriga vários, como, por exemplo, “Branco Sai, Preto Fica” (2014), de Adirley Queirós. A produção mescla ficção e realidade por meio da história de jovens da periferia de Brasília. A vida deles vira de cabeça para baixo nos anos 1980. Na ocasião, em um baile de black music, ocorre uma ação policial. Naquele ano, foi o grande vencedor do Festival de Brasília. Outro título que está lá “Ôrí” (1989), de Raquel Gerber, que, de 1977 a 1988, acompanha o movimento negro nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Alagoas.

Cena do filme “Branco Sai, Preto Fica”, que está no Itaú Cultural Play (Frame)

“Selma – Uma Luta pela Igualdade”

Disponível no Prime Video, o filme da diretora, roteirista e publicitária Ava DuVernay, de 2014, é uma aula de história. Aqui, o foco centra-se na história marcha de 1965, que teve início na cidade norte americana citada no título, localizada no interior do Alabama, e que rumou até Montgomery, capital do estado. Capitaneada por Martin Luther King Jr; a iniciativa pleiteava o direito ao voto por parte das pessoas negras. A iniciativa teve forte impacto ante a opinião pública e foi decisiva para que o presidente Lyndon B. Johnson implementasse a Lei dos Direitos de Voto. A mesma diretora assina “Olhos que Condenam”, disponível na Netflix. Na trama, que teve o calço em um caso real, cinco adolescentes do Harlem recebem a acusação injusta quanto a um ataque brutal no Central Park. Mais recentemente, ela dirigiu “Origin – Desigualdade e Preconceito”.

Farme de “Selma – Uma Luta Pela Igualdade”, de Ava DuVernay (Frame)

“A Cor Púrpura”

Foi em 1985 que o célebre livro de Alice Walker chegou pela primeira vez às telas, sob a direção de Steven Spielberg. No elenco, nomes estelares, como Whoopi Goldberg, na pele de Celie, bem como Danny Glover, como Albert. Não bastasse, Oprah Winfrey, como Sofia. Registre-se que o filme recebeu 11 indicações ao Oscar. No entanto, não arrebanhou nenhua, na cerimônia. Uma injustiça. Neste 2024, s cinemas do Brasil exibiram outra versão da história, agora dirigida por um cineasta negro, Samuel Bazawule. Conhecido profissionalmente como Blitz the Ambassador, ele é também artista visual, rapper, cantor, compositor e produtor musical ganês. O musical é excelente! As atuações são de arrepiar, com destaque para a intérprete de Celie, a cantora Fantasia Barrino. Está na Max.

Cena de “A Cor Púrpura” (2023), filme dirigido por Blitz the Ambassador (Max/Divulgação)

“A Negação do Brasil”

Neste documentário imperdível, de 2000, disponível no YouTube, Joel Zito de Araújo debate a presença do negro no percurso das telenovelas. Participação de nomes basilares da teledramaturgia, como Ruth de Souza, Milton Gonçalves, Cléa Simões, Zezé Motta, Tony Tornado, Léa Garcia etc. Em entrevista ao Culturadoria, em abril deste ano, o próprio Joel Zito falou de outro trabalho seu no qual disse exergar “un certo ineditismo na discussão da questão da mulher negra”. Trata-se de “Eu, Mulher Negra” (1994). “Um filme produzido em parceria com o Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (CEBRAP)”, aponta. A ideia, vale dizer, foi um desdobramento do projeto “Saúde Reprodutiva da Mulher Negra”, coordenado por (pela mineira) Elza Salvatori Berquó, “Uma grande geógrafa”, salientou.

Joel Zito Araújo, que ganha homenagem em mostra que se inicia nesta quarta-feira, em BH (Edison Vara/Divulgação)
Joel Zito Araújo, que conversou com o Culturadoria em abril deste ano de 2024 (Edison Vara/Divulgação)

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