Natura&Co: RJ da Avon Products passa por momentos importantes; veja o que seguir

Apesar dos bons resultados do terceiro trimestre (3T24) publicados em 7 de novembro, as ações da Natura (NTCO3) acumulam queda de 14,6% no ano, superando significativamente a queda de 4,78% do Ibovespa no mesmo período.

O JPMorgan atribui o desempenho fraco das ações às incertezas relacionadas ao processo do Chapter 11 nos Estados Unidos — semelhante à recuperação judicial no Brasil — da Avon Products Inc. (API), subsidiária da companhia. No entanto, até o momento, o banco vê principalmente ruído, em vez de preocupações estruturais que possam levar ao encerramento do caso do Chapter 11 pelo tribunal. Diante disso, analistas mantiveram a visão de que o caso deve ser concluído no início de dezembro.

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Além disso, segundo JPMorgan, não foram registradas ofertas qualificadas para as subsidiárias operacionais da API, além da proposta stalking horse da Natura&Co – US$ 125 milhões utilizando seu crédito existente contra a empresa (ou seja, sem transferência adicional de caixa). Com isso, o leilão dos ativos, programado para hoje, foi cancelado, e a Natura foi considerada a vencedora.

O JPMorgan explica que este é um evento importante dentro do processo do Chapter 11 e, em sua visão, “fortalece o caso ao sugerir que a API dificilmente será uma holding viável, possuindo ativos operacionais que não despertam interesse de terceiros, pelo menos na estrutura atual”. Assim, o banco continua a sustentar a tese de um processo bem-sucedido do Capítulo 11 na API, com risco limitado de impactos adicionais ao caixa da Natura, além dos já divulgados US$ 85 milhões.

Ainda que seja um passo positivo no caso, ele levanta preocupações dos investidores sobre a queima de caixa futura para descontinuar/vender os ativos após sua re-integração aos livros contábeis da companhia – provavelmente registrados como ativos descontinuados/mantidos para venda, uma vez que o foco deve permanecer nas operações centrais na América Latina.

O JPMorgan também ressalta que, com a re-integração dos ativos, a Natura deve recuperar uma parte (provavelmente relevante) do caixa transferido para as subsidiárias da API durante o carve-out no momento da abertura do Chapter 11 – compensando, ao menos em parte, as possíveis necessidades de caixa para tais ações.

Na mesma linha que o JPMorgan, o Bradesco BBI avalia que o evento é positivo, pois marca outro passo em direção à resolução do processo do Chapter 11 da API, que, no geral, foi rápido na opinião do banco.

Embora investidores mais otimistas esperassem uma oferta externa para ganhar os ativos operacionais da Avon International, o BBI acredita que finalizar o processo de leilão estabelece um precedente positivo em direção à resolução do processo de venda 363 – potencialmente este ano.

Além disso, segundo o BBI, o agendamento da audiência da moção 9019 para o início de dezembro também implica um senso de urgência neste processo, embora seja difícil atribuir quaisquer probabilidades a qualquer intervalo de resultados potenciais de acordo neste estágio.

Nesse contexto, o BBI disse manter visão positiva sobre o valor que a Natura&Co deve gerar dada a integração da Natura e da Avon na região da América Latina durante os próximos anos, enquanto também acredita que o desenrolar do processo do Capítulo 11 da API caminha em direção a um cenário mais benigno para a companhia e, portanto, colocando um limite nas responsabilidades relacionadas à API.

Quanto à audiência de quarta-feira (20), a XP vislumbra três resultados possíveis: 1) O juiz rejeita a moção e o processo segue seu curso (data final no início de dezembro); ii) O juiz adia a data final do processo, para dar mais tempo para as partes negociarem; e iii) O juiz aceita a moção e rejeita o processo, o que considera improvável, pois os argumentos apresentados são semelhantes aos já apresentados na audiência de setembro. No caso da última alternativa, a XP acredita que a Natura passaria para um Capítulo 7, que tem um curso de negociação mais desafiador para os devedores.

O JPMorgan e BBI reiteraram recomendação equivalente à compra para Natura e preço-alvo de, respectivamente, R$ 24,50 e R$ 20.

Já o BTG Pactual manteve recomendação neutra e preço-alvo de R$ 18, pois a companhia enfrenta desafios para recuperar a Avon (na América Latina e internacionalmente), que ainda está em andamento em seus principais mercados da América Latina.

Para o BTG, a reestruturação em andamento, bem como o resultado do processo de Chapter 11 da Avon, ainda representam riscos para a tese.

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