Após afirmar que não faria negócios com a China, Milei se reúne com Xi no Rio

Em uma “virada” ideológica, o presidente libertário argentino, Javier Milei, se reuniu com o líder chinês, Xi Jinping, durante a cúpula do G20 no Rio de Janeiro.

O encontro marcou a primeira vez que ambos os mandatários se encontram e teve como objetivo avançar em uma agenda comum centrada nos investimentos em infraestrutura que Pequim deseja impulsionar, assim como na necessidade da Argentina de manter suas operações de swap cambial e aumentar suas exportações para a China.

O presidente da Argentina, Javier Milei, e seu homólogo chinês, Xi Jinping, apertam as mãos durante a cúpula do G20, no Rio de Janeiro, Brasil, em 19 de novembro de 2024. Presidência da Argentina/Divulgação via REUTERS

A reunião ocorreu no hotel onde se hospeda o premier chinês e foi marcada por rigorosas medidas de segurança. Durante aproximadamente 30 minutos, Milei e Xi discutiram temas relevantes para a relação bilateral, incluindo a cooperação e a expansão dos laços comerciais entre os dois países.

O governo argentino comunicou que a China demonstrou interesse em aumentar o comércio, enquanto a Argentina expressou seu desejo de diversificar e aumentar sua oferta de exportações para o mercado chinês.

Nesse contexto, Xi Jinping estendeu um convite formal a Milei para visitar a China, ao qual o presidente argentino respondeu com um convite semelhante para que Xi visite Buenos Aires.

O presidente argentino, que no passado havia demonstrado resistência em estabelecer relações com o regime comunista, agora parece adotar uma abordagem mais pragmática.

“Não só não farei negócios com a China, como não farei negócios com nenhum comunista. Sou um defensor da liberdade, da paz e da democracia. Os comunistas não se enquadram nisso, nem os chineses, nem Putin, nem Lula”, chegou a dizer Milei em uma entrevista com o jornalista americano Tucker Carson.

A imprensa argentina atribui a mudança de Milei aos conselhos de seu gabinete, que o fizeram ver a necessidade de fortalecer os laços com a China, especialmente considerando que a Argentina enfrenta uma fraqueza estrutural em suas reservas públicas. O swap com a China, que permite acessar 5 bilhões de dólares, se apresenta como um suporte financeiro crucial nesse contexto.

O líder chinês, por sua vez, tem uma longa lista de objetivos geopolíticos na América Latina, que incluem projetos de infraestrutura e acesso a recursos naturais na Argentina.

Após sua reunião com Xi, Milei se reunirá com Kristalina Georgieva, diretora gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), para discutir um novo programa de financiamento. A Argentina enfrenta um cronograma apertado, já que deve negociar um novo acordo com o FMI antes do final do ano.

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