Com Tedros e Nísia, Lula defende investimentos em saúde e se diz “soldado” da OMS

Luiz Inácio Lula da Silva (PT), presidente da República, no G20, no Rio de Janeiro (RJ) (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

Em sua última agenda oficial antes de deixar o Rio de Janeiro (RJ) rumo a Brasília (DF), após ser anfitrião da Cúpula de Líderes do G20 (grupo formado pelas 19 maiores economias do mundo, mais a União Europeia e a União Africana), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu maiores investimentos na saúde em nível global e se disse um “soldado” em busca de recursos para a Organização Mundial da Saúde (OMS). 

As declarações de Lula foram dadas no fim da tarde desta terça-feira (19), ao lado da ministra da Saúde do governo brasileiro, Nísia Trindade, e do presidente da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, no Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio. 

“Eu perguntei ao Tedros o orçamento da saúde para vocês fazerem uma comparação. Enquanto a OMS recebe US$ 2,5 bilhões por ano para tentar ajudar problemas de saúde no mundo inteiro, a gente tem [no mundo], só para guerras, um orçamento de US$ 2,4 trilhões”, comparou Lula.

“Para destruir vidas e para destruir a infraestrutura que levou anos para ser construída, os países ricos investem muito mais do que para salvar vidas. Essa é a contradição do mundo em que vivemos hoje”, criticou o presidente. 

“Eu já participei de muitas reuniões, fóruns, G7, G20, e as pessoas mais necessitadas nunca entram no tema. É muito difícil convencer as pessoas a discutirem as necessidades básicas e vitais do nosso povo”, prosseguiu Lula. 

“Se os líderes compreendessem que essas pessoas que estão passando fome poderiam ser curadas se tivessem acesso à saúde adequada e à alimentação adequada… Possivelmente porque as pessoas que governam o mundo não viveram isso, o tema não está na prioridade deles”, disse o presidente brasileiro. 

“Todos os países podem arrumar um pouco de dinheiro”

Lula destacou que é necessário “dinheiro para fazer as coisas acontecerem”.  

“Decidimos fazer esse debate sobre a saúde no G20. É um caminho extremamente importante para darmos às pessoas que têm responsabilidade de cuidar da saúde a segurança de que vamos investir para que a gente não veja mais o sofrimento das pessoas que morreram de Covid, muitas vezes por falta de vacina”, disse Lula. 

“Eu sou um soldado nessa luta para que a gente possa arrecadar o dinheiro suficiente para que a OMS possa cumprir com a sua função. O problema não é falta de dinheiro. Todos os países, por mais pobres que sejam, podem arrumar um pouco de dinheiro. E um pouco de cada um vai fazer um monte de dinheiro”, concluiu o presidente da República.

Agenda cheia, mas sem entrevista

Nesta terça, após a sessão de encerramento da Cúpula de Líderes e da transmissão da presidência do G20 do Brasil para a África do Sul, Lula teve um almoço com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. 

À tarde, o presidente brasileiro também se reuniu com o primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba, e o premiê do Reino Unido, Keir Starmer.

Lula cancelou uma entrevista coletiva que estava marcada para esta tarde, às 17h30. Jornalistas brasileiros e da imprensa internacional já se posicionavam para ouvir o presidente da República, mas, por volta das 16h50, a assessoria do Planalto informou que a coletiva havia sido cancelada. 

Oficialmente, pelo menos até este momento, a Presidência da República não informou os motivos para o cancelamento da entrevista de Lula. Extraoficialmente, no entanto, o argumento é o de que Lula teve uma série de reuniões e compromissos durante a tarde, e as agendas teriam se encavalado, atrasando a programação. 

Nos bastidores, a informação é a de que Lula não gostaria de comentar a operação da Polícia Federal (PF) sobre a organização criminosa que teria planejado seu assassinato. A avaliação do presidente é que o assunto poderia, de alguma forma, encobrir a repercussão da cúpula do G20, considerada altamente positiva pelo governo brasileiro. Como seria praticamente impossível evitar perguntas sobre a operação da PF, Lula teria optado por não conceder a entrevista.  

O embarque de Lula de volta a Brasília (DF) está marcado para as 18h15, segundo a agenda oficial da Presidência. O presidente deve chegar à capital federal às 19h40.

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