Bancos digitais lideram ganhos de lucratividade no 1º semestre, diz Banco Central

A lucratividade dos bancos brasileiros melhorou no primeiro semestre deste ano, liderada pelos bancos digitais, e a receita líquida de juros e de serviços devem continuar a aumentar no segundo semestre, afirmou o Banco Central nesta quinta-feira.

Em Relatório de Estabilidade Financeira, o BC observou que o retorno anual sobre o patrimônio líquido (ROE) do sistema bancário do país subiu para 15,11% em 30 de junho, ante 14,23% no final de dezembro de 2023.

Os bancos digitais se destacaram, com ROE subindo para 19,1% até o final de junho – o mais alto entre os segmentos – de 11,45% no final de dezembro. O grupo inclui instituições como Nubank, Inter e C6.

O Banco Central atribuiu o aumento acentuado aos “efeitos positivos da alavancagem operacional por meio da rentabilização da base de clientes de algumas entidades e da menor pressão das despesas com provisões”.

Entre abril de 2020 e o final do ano passado, os bancos digitais relataram consistentemente um ROE de um dígito ou negativo.

O diretor de supervisão do Banco Central, Ailton de Aquino, disse em entrevista à imprensa que os bancos digitais têm um modelo de crédito “robusto”, atribuindo seus níveis mais baixos de provisionamento em comparação com os bancos públicos e privados ao nível de maturidade do setor.

Aquino observou que a evolução das instituições digitais no Brasil reflete os esforços do BC para promover inovação e concorrência.

Após relatos de que o Nubank, o maior banco digital do país, com quase 100 milhões de clientes, estava considerando mudar seu domicílio para o Reino Unido, Aquino disse que o BC está “a par” da iniciativa.

MUDANÇAS REGULATÓRIAS

Antes de uma importante mudança regulatória que entrará em vigor em janeiro, que alinhará a contabilidade dos instrumentos financeiros com os padrões internacionais, o BC estimou que as instituições do país precisarão aumentar provisões em cerca de 38 bilhões de reais, o equivalente a 10% dos níveis atuais de provisionamento.

As novas provisões serão contabilizadas como “contrapartidas de capital”, o que significa que a mudança não afetará os resultados das instituições ou a concessão de crédito, disse Aquino.

Ele acrescentou que um grupo menor de bancos havia expressado preocupação com o impacto futuro, mas observou que houve tempo suficiente para a transição e que quaisquer problemas serão tratados caso a caso pelo BC.

Para o setor como um todo, a autoridade monetária disse que o ciclo de materialização do risco havia enfraquecido, aliviando o ônus das despesas de provisão sobre os resultados gerais.

“A perspectiva para a rentabilidade nos próximos períodos é de continuidade na trajetória de melhora gradual, suportada pelo crescimento das receitas, custo com provisões relativamente estável e controle das despesas operacionais”, afirmou o BC no relatório.

Aquino destacou ainda que o BC está explorando novos mecanismos de financiamento para o setor imobiliário e que mudanças nos compulsórios dos bancos estão na mesa, embora ele tenha enfatizado que as discussões estão em andamento.

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