Golpistas temiam que Brasil sofresse sanções internacionais; entenda

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. Foto: Ricardo Stuckert/PR

Um documento encontrado com um dos suspeitos de planejar um golpe de Estado aponta que os golpistas temiam que o Brasil sofresse sanções internacionais. Com informações do colunista Jamil Chade, do UOL.

Os dados constam no relatório da Polícia Federal (PF) de 14 de novembro, que embasou o pedido de prisão de quatro militares e um policial federal.

A planilha com o nome “Desenho Op Luneta.xlsx” foi localizada em um pendrive, apreendido em poder do tenente-coronel do Exército Helio Ferreira Lima.

Ao descrever o envolvimento de Lima, a PF destacou que o tenente-coronel já havia sido alvo de busca e apreensão e busca pessoal no âmbito da Operação Tempus Veritatis, deflagrada pela corporação em 8 de fevereiro deste ano.

O arquivo, com mais de 200 linhas, aborda “fatores estratégicos de planejamento, quais sejam: fisiográfico, psicossocial, político, militar, econômico e produção”.

Segundo o documento, a missão era “reestabelecer a lei e a ordem por meio da retomada da legalidade e da segurança jurídica e da estabilidade institucional” e impedir um cenário de ameaça a qual “em suposta defesa da democracia, (objetivaria) controlar os 3 poderes do país e impor condições favoráveis para apropriação da máquina pública em favor de ideologias de esquerda ou projetos escusos de poder”.

Lima foi um dos militares que esteve na reunião realizada no dia 12 de novembro de 2022, na casa do general Walter Souza Braga Netto, ex-ministro da Defesa de Jair Bolsonaro (PL).

General Walter Braga Netto e o ex-presidente Jair Bolsonaro. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

“O conteúdo do documento contém trechos que indicam um planejamento de ruptura institucional em razão, possivelmente, do resultado das eleições presidenciais de 2022”, afirmou a PF.

Além da necessidade de “neutralização” da capacidade de atuação do Supremo Tribunal Federal (STF) e do ministro Alexandre de Moraes, o documento insiste em promover uma narrativa de suposta fraude eleitoral para justificar as ações.

Em um trecho do documento, os golpistas destacaram os riscos de sanções internacionais em caso de uma ruptura democrática e propuseram estratégias para minimizar o impacto.

Entre as estratégias estavam: exploração da legalidade do novo processo eleitoral realizada; exploração da execução dos mandados coercitivos realizadas amplamente; detalhes da tentativa de destruição da democracia brasileira divulgadas amplamente; exploração de indicadores de sensação de segurança jurídica realizada.

Os golpistas ainda propunham “reforçar a segurança das fronteiras” e “reforçar a comunicação estratégica interna e externa do país”.

A operação para divulgar uma suposta fraude nas eleições também era uma preocupação dos golpistas. Num diálogo ocorrido em 4 de novembro de 2022, o então chefe de gabinete da presidência, Mário Fernandes, e o coronel Reginaldo Vieira de Abreu discutiram maneiras para alegar a suposta fraude.

“Abreu indica, ainda, possíveis estratégias alternativas, como por exemplo, a utilização de adidos militares para ‘fazer propaganda’”, destacou a PF no relatório.

O temor dos militares de uma eventual sanção não era por acaso. Durante meses, o governo de Joe Biden, nos Estados Unidos, enviou mensagens claras às Forças Armadas brasileiras, informando que não aceitariam qualquer tentativa de golpe.

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